Empresa portuguesa desenvolve sistema de telescópio para satélite espanhol
Telescópio já está na fase final de montagem e deverá ser entregue até ao final do mês. Empresa portuguesa foi constituída por dois jovens em Coimbra, no ano de 2004
A empresa portuguesa Active Space Technologies conclui este mês o módulo do sistema de telescópio que desenvolveu para o “Satélite Español de Observación de la Tierra SEOSAT-INGENIO”, que irá para o Espaço em 2014.
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A empresa portuguesa Active Space Technologies conclui este mês o módulo do sistema de telescópio que desenvolveu para o “Satélite Español de Observación de la Tierra SEOSAT-INGENIO”, que irá para o Espaço em 2014.
Na próxima semana será feita a entrega do módulo electrónico, e até ao final do mês o telescópio, que se encontra em fase final de montagem, revelou à agência Lusa Ricardo Patrício, responsável técnico da empresa. Trata-se dos “STM -structural thermal model”, protótipos idênticos aos modelos de voo, que vão ser “testados em condições bem mais extremas do que os modelos de voo sentem no lançamento (acelerações e vibrações) e nas condições extremas do espaço (radiação cósmica, vácuo, gradientes de temperaturas extremos)”, explicou.
Esta fase antecede a construção dos modelos de voo, “FM - flight model”, que resultam de uma encomenda do “Laboratorio de Ciencias de la Atmósfera y el Clima” (CIAC), de Espanha, para a sonda atmosférica UVAS (Ultraviolet and Visible Atmospheric Sounder).
Telescópio vai "varrer" a atmosfera
O trabalho da Active Space Technologies incidiu sobre a UVAS, no módulo electrónico de controlo (Electronics Unit) e no telescópio. “O telescópio é a parte activa, que vai “varrer” a atmosfera com um mecanismo de scanning, e vai fazer a leitura óptica que depois é interpretada no módulo electrónico de controlo”, explicou Ricardo Patrício.
O satélite SEOSAT, que incorpora a sonda UVAS, tem por missão a captura de imagens de alta resolução da Península Ibérica, e monitorizará os gases na atmosfera que têm impacto na qualidade do ar, poluição, efeito estufa e degradação da camada de ozono.
“O instrumento irá permitir uma melhor compreensão dos gases-estufa e, em especial, permite a correlação das observações espaciais com os actuais modelos atmosféricos e de previsão meteorológica. A Active Space Technologies está responsável por todo o projecto mecânico, estrutural e térmico do instrumento, bem como pelo fabrico e entrega do instrumento em si”, acrescentou.
Este trabalho começou a ser desenvolvido em Dezembro de 2011 e, segundo Ricardo Patrício, “as maiores dificuldades prenderam-se precisamente com a multidisciplinaridade de competências” que um sistema destes exige. “O projeto mecânico e electrónico, a selecção de materiais e tratamentos superficiais compatíveis com ambiente espacial (radiação cósmica, vácuo, gradientes de temperaturas extremos), controlo térmico, mecanismos e óptica” foram os principais desafios que tiveram de superar.
A Active Space Technologies foi fundada em Coimbra em 2004, por dois jovens que se conheceram num programa de formação avançada na Agência Espacial Europeia, na Holanda. No primeiro ano a empresa facturou 15 mil euros, tendo encerrado o ano de 2011 com 400 mil euros. As encomendas para o ano em curso mais do triplicaram já o valor de 2011. Mais de 90 por cento das receitas têm origem em clientes europeus. A empresa possui um centro técnico na Alemanha e uma representação comercial na Holanda.