“Idiot Mag”: uma revista de idiotas e para idiotas
A Idiot Mag é para todos os "idiotas" interessados na arte e na cultura urbana. Mas, atenção, a Idiot não é apenas uma revista
O designers João Cabral e Nuno Dias e a estudante de Ciências da Comunicação Mariana Ribeiro resolveram criar uma "revista para idiotas". Como?
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O designers João Cabral e Nuno Dias e a estudante de Ciências da Comunicação Mariana Ribeiro resolveram criar uma "revista para idiotas". Como?
Design, intervenção e actualidade são os conceitos que definem a Idiot Mag, uma revista online de culturas e tendências urbanas da zona do Porto, na qual retratam o estilo de vida da cidade, dão a conhecer os novos artistas e revelam os mais recentes movimentos de intervenção. “Era uma coisa que já não existia na cidade há algum tempo”, explica Nuno Dias. O número 6 da revista está disponível desde esta segunda-feira.
A filosofia da revista baseia-se no conceito “Idiocracy”, nome dado ao gabinete de trabalho dos designers, que promove a ideia de que todos vivemos numa “democracia de idiotas que é governada por idiotas” e, portanto, “somos todos idiotas também”, clarifica João Cabral.
Por outro lado, o “idiota” também pode ser entendido como um produtor e realizador de ideias e ideais, explica Nuno Dias, ao justificar a mudança de nome da secção “Idiota do mês” para “Anti-idiota do mês”, um espaço de crítica social onde se dedicam a ridicularizar figuras públicas, como o director do Sol José António Saraiva, Miguel Relvas ou figuras abstractas como o "Torcedor português".
Actualidade, arte urbana, design, tabu, fotografia, literatura, critica social, política e LGBT são alguns dos temas que compõem a publicação, que já contou com entrevistas ao colectivo espanhol Boa Mistura, Cavan Huang, Rui Guimarães, entre outras figuras de destaque.
Mas a Idiot Ma" não é só uma revista. Para além dos artigos publicados, o colectivo, em colaboração com a ESAD, organiza o evento Idiot Art, uma mostra de arte ambulante que junta ilustração, fotografia, moda, multimédia,"videomapping", pintura e música. O evento é de entrada livre e sempre realizado em locais diferentes: a próxima Idiot Art deve surgir até ao final do ano.
A gratuitidade é também uma das condições centrais do projecto. “A cultura é para todos e deve ser gratuita", pois, "com tantas dificuldades que existem hoje em dia não há cabimento cobrar pela arte", justifica Nuno Dias.
Auto-publicação e sem apoios
A ideia de conceberem uma revista independente surgiu quando João e Nuno estudaram o conceito de auto-publicação, na disciplina de Teoria do Design, durante o último ano do curso. Estiveram perto de um mês e meio a preparar a revista, em conjunto com Mariana Ribeiro, e, em Fevereiro deste ano, lançaram, a título experimental, a edição número zero. "A aceitação foi tão boa que até agora não temos parado", revela Nuno Dias.
Actualmente, a equipa conta com dez membros e mantém o carácter independente, sem restrições editoriais e com total liberdade no uso da linguagem e na abordagem dos temas retratados.
Mas como toda a liberdade tem o seu custo, a falta de apoios é uma dificuldade presente no quotidiano do colectivo. “Ninguém nos ajuda nem temos apoio absolutamente nenhum", lamenta Nuno Dias. "Tudo o que fazemos é a partir do gabinete com o dinheiro que temos.”
Por outro lado, “ainda não existe abertura suficiente para as pessoas arriscarem numa publicação apenas online”, argumenta João Cabral. Uma das razões pela qual o colectivo está a pensar tornar a Idiot Mag numa revista impressa, mas mantendo o carácter gratuito.
Em papel e em inglês são as duas próximas apostas da Idiot Mag, que, embora conte com mais de 70% dos leitores na zona do Porto, entre os 18 e os 40 anos, consegue ter público de todo o país e até do estrangeiro.