Sudoeste TMN: os The Roots já não devem nada a Portugal

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Eram os cabeças de cartaz da noite que incluía nomes como Xutos e Pontapés, Orelha Negra, Thievery Corporation e Gorillaz Sound System e, apesar do concerto competente, não conseguiram a maior enchente. Essa foi mesmo da banda de Tim e companhia e, mesmo assim, já vimos mais gente.

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Eram os cabeças de cartaz da noite que incluía nomes como Xutos e Pontapés, Orelha Negra, Thievery Corporation e Gorillaz Sound System e, apesar do concerto competente, não conseguiram a maior enchente. Essa foi mesmo da banda de Tim e companhia e, mesmo assim, já vimos mais gente.

Quando se lembram do concerto de 2005 em Portugal não têm boas recordações. O concerto foi um dos piores que alguma vez deram, por uma série de factores como a falta de ensaios, conforme explicaram na semana passada, mas pior do que isso é não terem deixado qualquer marca. Há quem os tenha visto e nem se lembre disso. Passaram por Paredes de Coura no ano em que os Arcade Fire pisavam o solo português pela primeira vez, e ao contrário dos canadianos, não deixaram recordações. É por isso que, desta vez, garantiram que tal não aconteceria e deram um dos concertos da noite.

É verdade que no início da noite se notava já que a enchente era para os Xutos e Pontapés, a avaliar pela quantidade de pais que passeavam os filhos pequenos pelo recinto e pelas típicas t-shirts da banda, mas mesmo assim os The Roots surpreenderam.

Se quando começaram o concerto foi fácil chegar à frente do palco, sem a habitual luta pela procura do melhor lugar, no fim foi difícil sair de lá. Entre covers inesperadas a que tanto nos habituaram no programa de TV “Late Night with Jimmy Fallon”, onde são banda residente, e temas próprios, com destaque para o último álbum “Undun”, os The Roots festejaram o hip-hop norte-americano sempre com boa disposição e aos poucos conquistaram o público do Sudoeste, que parecia desconhecer o que via ao início.

Começaram com uma dedicação aos Beastie Boys, recordando Adam Yauch, que morreu este ano, homenageando-o com uma versão de “Paul Revere” e não pararam mais. Até a “Sweet Child O' Mine” dos Guns n’ Roses tocaram, demonstrando que o hip hop está bem e recomenda-se e que pode também desafiar o rock. O público respondeu da mesma forma e facilmente se percebe que este é possivelmente o festival indicado para esta banda de negros de Filadélfia. É um festival onde se vive, como indica o próprio lema, e onde os ritmos como o hip hop, o reggae e a electrónica são muito apreciados. O rock só convence se for o dos Xutos e Pontapés.

Já os vimos tantas vezes e quase nada mudou. O efeito é sempre o mesmo. Tantos anos depois, os Xutos e Pontapés continuam com a sua legião de fãs, e cada vez parecem até conquistar um público mais jovem, como se viu no sábado. Sucesso atrás de sucesso, as músicas de Tim, Zé Pedro, Kalu e companhia fizeram-se ouvir no recinto, até quando os outros dois palcos pareciam ter alguma animação.

Cá atrás, o som dos Xutos misturava-se mesmo com o de Jah Mason, que actuava no palco Reggae, não porque o som se fazia ouvir tão longe mas sim porque as pessoas faziam questão de reproduzir o que ouviam do palco principal.

Nesta hora, a surpresa foi mesmo os Thievery Corporation, que mesmo depois de já terem actuado tantas vezes em Portugal, conseguiram encher a tenda onde está instalado o palco Groovebox e que, ao início do dia de concertos, se manteve vazio para Mary B. Foi depois ficando composto para os Orelha Negra e encheu quando a dupla norte-americana Rob Garza e Eric Hilton, os Thievery Corporation, subiu ao palco para apresentar o mais recente trabalho, “Culture of Fear”.

No palco principal nada de excitante a registar. Os porto-riquenhos Calle 13 inauguraram o palco com um reggaeton disfarçado de rap. Seguiram-se então os TheTing Tings, que não mostraram nada de novo. Obviamente a histeria aconteceu quando se ouviu “Shut Up and Let Me Go” e “That's Not My Name”, não impressionando.

A noite terminou em euforia com os Gorillaz Sound System, versão DJ dos Gorillaz. Ainda que Damon Albarn não tenha estado na festa, alguns dos maiores sucessos da banda foram recriados por um DJ, um director visual, um baterista, um percussionista e ainda uma voz feminina.

Surpresa das surpresas foi quando já perto do fim do concerto se ouviu uma batida muito familiar do público português. Foi nada mais nada menos que o som dos Buraka Som Sistema, que mesmo não estando no Sudoeste, foram recordados em grande pelos Gorillaz Sound System, primeiro com “Hangover (Bababa)” e depois com “(We Stay) Up All Night”.

Neste domingo há concertos de Two Door Cinema Club, The Vaccines, Best Coast ou os portugueses Throes + The Shine.