Palácio da Ajuda vai entrar em obras no próximo ano
A intervenção de Massapina, membro do Conselho Consultivo do antigo instituto do património, fará parte de um programa mais extenso de valorização daquele palácio que, para além de ter uma ala aberta ao público, serve de sede à Secretaria de Estado da Cultura e à nova Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC).
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A intervenção de Massapina, membro do Conselho Consultivo do antigo instituto do património, fará parte de um programa mais extenso de valorização daquele palácio que, para além de ter uma ala aberta ao público, serve de sede à Secretaria de Estado da Cultura e à nova Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC).
“Não podemos admitir que um monumento nacional, que ainda por cima é um espaço de representação do Estado e é a casa do organismo encarregue de zelar pelo património em todo o país, tenha uma parte em ruína”, defende Summavielle, explicando que o projecto do arquitecto Massapina não prevê a “conclusão do palácio”, ao contrário do dos arquitectos Gonçalo Byrne e João Carlos Santos. “O que pedimos a Vasco Massapina foi que desenhasse algo minimal, que assumisse o inacabado e que consolidasse a ruína, absolutamente caótica do ponto de vista visual. O que ele fez resolve aquilo a que chamo um problema de higiene urbana.”
Ao “arranjo paisagístico” na ala virada para a Calçada da Ajuda deverá juntar-se a consolidação da fachada nascente, a conservação de toda a caixilharia do palácio (quase 300 janelas), a intervenção no torreão sul e a revisão das coberturas. No interior, este plano, que começa a ser discutido pela divisão de obras da DGPC em Setembro, prevê ainda trabalhos nas cozinhas, encerradas por falta de condições desde Abril. O encerramento, determinado pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), obrigou à transferência dos banquetes oficiais do Presidente da República para o Palácio Nacional de Queluz.
O programa de valorização, diz Summavielle, também quer dar atenção às jóias da coroa, que fazem parte da colecção do palácio, e, por isso, inclui a criação de um espaço onde possam ser expostas em permanência, “com as devidas condições de segurança”, sublinha.
É preciso não esquecer que o valor a investir - para já, o director-geral do património não quer divulgar os custos – sairá do dinheiro do seguro que o Estado português recebeu em 2006 depois de seis jóias da coroa portuguesa terem sido roubadas no Museu de Haia, na Holanda, quatro anos antes. À data, a então ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, disse à imprensa que tudo iria fazer para que o montante total pago pela seguradora – 6,2 milhões de euros – revertesse para os cofres do seu ministério e que fosse aplicado, na sua maioria, no palácio da Ajuda. Parte dos 6,2 milhões já foi gasta em 2007, na compra de um quadro de Tiepolo para a colecção do Museu Nacional de Arte Antiga, que corria o risco de ser vendido para fora do país: Deposição de Cristo no Túmulo (c. 1769-1770) custou ao Estado 1,5 milhões de euros.“Não falo de custos sem se discutir o projecto já a pensar na obra”, conclui Summavielle. “O que posso dizer é que os valores não terão nada a vez com os estimados para os projectos anteriores, que eram muito mais ambiciosos. Os gastos têm de ser limitados ao máximo.”
O projecto de João Carlos Santos, por exemplo, estava orçado em 11 milhões. O palácio deverá continuar aberto ao público durante a obra.