Apple e Samsung: grande batalha legal vai começar na Califórnia
Apple pede 2500 milhões dólares de indemnizações e a Samsung ainda se arrisca a ver impedidas as suas vendas nos EUA
O julgamento nos EUA do caso em que a Apple acusa a Samsung de ter infringido patentes e outra propriedade intelectual está prestes a começar. É um de muitos litígios entre as duas marcas que correm em tribunais de vários países, mas aqui a fasquia está alta: a Apple pede 2500 milhões dólares de indemnizações e a Samsung ainda se arrisca a ver impedidas as suas vendas nos EUA.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O julgamento nos EUA do caso em que a Apple acusa a Samsung de ter infringido patentes e outra propriedade intelectual está prestes a começar. É um de muitos litígios entre as duas marcas que correm em tribunais de vários países, mas aqui a fasquia está alta: a Apple pede 2500 milhões dólares de indemnizações e a Samsung ainda se arrisca a ver impedidas as suas vendas nos EUA.
A Apple acusou a Samsung de copiar aspectos do design do iPhone e do iPad, bem como algumas características de funcionamento destes aparelhos, ao que a Samsung respondeu com acusações em sentido inverso.
A multinacional sul-coreana argumenta que tem presença na indústria dos dispositivos móveis há mais de duas décadas e que se não fossem as inovações da Samsung, incluindo as relacionadas com tecnologia 3G, a Apple não conseguiria sequer ter lançado, em 2007, o iPhone, o telemóvel com que se estreou e que marcou um ponto de viragem no sector.
O caso vai ser julgado ao longo de Agosto num tribunal na Califórnia. As duas empresas estão agora no processo de escolher os dez elementos do júri que ouvirão as alegações de ambas as partes.
Como o tribunal é em San Jose, o júri será composto por cidadãos da zona de Silicon Valley, onde a Apple é não apenas um ícone, mas um empregador importante. Para que qualquer das alegações de uma das empresas seja considerada válida terá de ter o voto unânime do júri.
Os documentos entretanto entregues pela Samsung para sustentar a tese de que os conceitos de que a Apple diz ser proprietária já existiam ofereceram nos últimos dias uma rara oportunidade sobre o processo de desenvolvimento dos produtos da marca.
Os advogados da marca sul-coreana entregaram uma imagem de 2006 que mostra um aparelho de aspecto muito semelhante ao iPhone 4, desenhado por um funcionário da Apple com base em especificações no que era então um projecto da Sony – o desenho computorizado inclui mesmo a marca Sony na parte traseira do dispositivo.
Também acabaram por ser divulgadas imagens de versões preliminares de um "tablet", algumas das quais incluíam um suporte na parte de trás. Samsung e Apple têm estado envolvidas em várias disputas relacionadas com propriedade intelectual, com os resultados a penderem para os dois lados.
Na Holanda e na Alemanha, a venda de alguns aparelhos da Samsung foi suspensa. Já um tribunal no Reino Unido deu razão à Samsung e obrigou a Apple a fazer um pedido de desculpas público – algo que a empresa americana contestou, alegando que isso seria publicidade à rival, num caso que regressará aos tribunais.
Já nos EUA, no final do mês passado, a justiça suspendeu a venda de um dos modelos de tablets da Samsung, até que a disputa que está prestes a começar esteja resolvida. A batalha legal surge numa altura em que as vendas do iPhone abrandaram.
A Apple comunicou 26 milhões de vendas do telemóvel no segundo trimestre deste ano, mais 28% do que no mesmo período de 2011, mas abaixo dos 35,1 milhões vendidos no trimestre anterior. A aproximação de um novo modelo, bem como o desacelerar da economia mundial, podem ajudar a explicar o fenómeno.
Já a Samsung tornou-se no início deste ano na líder do mercado de telemóveis, pondo fim a um longo reinado da Nokia. No segmento dos "smartphones", a empresa vende muitos modelos com Android e alguns com Windows Phone.
Disponibiliza aparelhos para várias patamares de preço – e os telemóveis topo de gama estão entre os principais rivais do iPhone. A empresa afirmou que o mais recente modelo de topo da marca, o Samsung Galaxy SIII, lançado em finais de Maio, tinha vendido dez milhões de unidades até ao final deste mês. As duas companhias têm ainda uma relação comercial. A Apple é dos principais clientes da Samsung, à qual compra "chips" e ecrãs para equipar os seus aparelhos.