Morreu o cineasta francês Chris Marker
Cineasta, fotógrafo, poeta, escritor, filósofo, crítico, Chris Marker foi “sobretudo um artista”, escreve o jornal francês L’Express, destacando as várias áreas nas quais o realizador se aventurou.
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Cineasta, fotógrafo, poeta, escritor, filósofo, crítico, Chris Marker foi “sobretudo um artista”, escreve o jornal francês L’Express, destacando as várias áreas nas quais o realizador se aventurou.
“Espírito curioso, cineasta incansável, poeta apaixonado por gatos, videasta, personagem secreta, imenso talento, ficámos órfãos de Chris Marker”, foi assim que Jacob, presidente daquele que é considerado o festival de cinema mais importante do mundo lembrou o cineasta no seu Twitter.
Considerada uma das figuras mais secretas do cinema mundial, Chris Marker, que mantinha uma relação distante com a imprensa, não se deixando fotografar, começou a filmar na década de 1950 com “Olympia 52”, um documentário sobre Jogos Olímpicos de Inverno de Oslo de 1952, logo após a Segunda Guerra Mundial, durante a qual o realizador combateu do lado da resistência.
Segundo o Libération, existe menos de uma dezena de fotografias de Marker, que raramente falava com a imprensa. Ao longo da sua carreira foram muito poucas as entrevistas que deu. A sua paixão por gatos era tão grande que sempre que alguém lhe pedia uma foto, o realizador enviava uma foto de um gato.
Nascido a 29 de Julho de 1921 com o nome Christian François Bouche Villeneuve, foi como Chris Marker, que o cineasta se tornou num dos nomes mais importantes do cinema mundial, sendo hoje considerado uma figura fundamental para o desenvolvimento da linguagem documental, partilhando a sua visão do mundo através das suas viagens, como refere o L’Express.
Da sua filmografia destacam-se “La Jetée” (1962), filme emblemático, que inspirou realizadores tão diferentes como Mamoru Oshii ou Terry Gilliam, e “Sans Soleil” (1983), baseado nas cartas de Sandor Krasna e construído como uma travessia do olhar pelo mundo, em que a realidade é evocada através da palavra.
Reflectindo o seu interesse pela cultura digital desde a década de 90, Marker assinou ainda um CD-ROM para o Centro Pompidou e uma peça multimédia para o MoMA de Nova Iorque. Numa rara entrevista ao Libération em 2003, quando questionado sobre o que é que ainda não tinha tentado fazer, respondeu: “O guache”.
Ao longo da sua carreira trabalhou com alguns dos nomes mais sonantes do cinema como Jean-Luc Godard, Agnès Varda, Joris Ivens, Costa-Gavras, Yves Montand e Alain Resnais.
Na literatura, Chris Marker iniciou-se aos 26 anos, tendo começado por escrever artigos, comentários e poemas para a revista francesa Esprit. Em 1949, publicou o seu primeiro e único romance “Le Coeur net”.