A festa imparável dos Throes + The Shine no primeiro dia do Milhões
Não falta animação em Barcelos por estes dias. No Jardim das Barrocas, decorre o 1º Festival do Marisco da cidade. Na Avenida da Liberdade, Largo da Porta Nova e no Campo 5 de Outubro prossegue a Festa da Juventude. E entre as piscinas municipais, um palco no centro e o parque da cidade, temos o Milhões de Festa. Sexta-feira, dia de arranque oficial depois de uma quinta-feira em que o festival se apresentou em concertos espalhados pela cidade, não houve momentos musicais transcendentes. Os ALTO! fizeram jus ao nome e não perdoaram os tímpanos de quem os ouvia na piscina – é nelas, verdadeiro ex-libris do festival, que arranca o dia. As árvores do Palco Taina receberam durante a tarde, entre outros, os Savanna, e noite alta, já no Parque da Cidade com vista para o rio Cávado, houve uma festa imensa com o rock “kudurado” dos Throes & Shine. Curiosidade: até agora só referimos bandas nacionais. É só isso mesmo, uma curiosidade (até porque delas era feito o cartaz de ontem). Música é música e não somos partidários de proteccionismos bacocos. Nem quem organiza o cartaz do Milhões. Mas precisamente por isso, podemos ver em destaque no cartaz bandas a dar os primeiros passos, grupos a formar culto, pessoal que começou a mostrar-se aqui mesmo, no Milhões, e que regressa para, utilizando linguajar da bola, “espalhar magia”. Foi o que fizeram, efusivamente, os Throes & The Shine.
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Não falta animação em Barcelos por estes dias. No Jardim das Barrocas, decorre o 1º Festival do Marisco da cidade. Na Avenida da Liberdade, Largo da Porta Nova e no Campo 5 de Outubro prossegue a Festa da Juventude. E entre as piscinas municipais, um palco no centro e o parque da cidade, temos o Milhões de Festa. Sexta-feira, dia de arranque oficial depois de uma quinta-feira em que o festival se apresentou em concertos espalhados pela cidade, não houve momentos musicais transcendentes. Os ALTO! fizeram jus ao nome e não perdoaram os tímpanos de quem os ouvia na piscina – é nelas, verdadeiro ex-libris do festival, que arranca o dia. As árvores do Palco Taina receberam durante a tarde, entre outros, os Savanna, e noite alta, já no Parque da Cidade com vista para o rio Cávado, houve uma festa imensa com o rock “kudurado” dos Throes & Shine. Curiosidade: até agora só referimos bandas nacionais. É só isso mesmo, uma curiosidade (até porque delas era feito o cartaz de ontem). Música é música e não somos partidários de proteccionismos bacocos. Nem quem organiza o cartaz do Milhões. Mas precisamente por isso, podemos ver em destaque no cartaz bandas a dar os primeiros passos, grupos a formar culto, pessoal que começou a mostrar-se aqui mesmo, no Milhões, e que regressa para, utilizando linguajar da bola, “espalhar magia”. Foi o que fizeram, efusivamente, os Throes & The Shine.
Entraram em palco já de madrugada e, entre riffs de precisão mecânica, batida tonitruante e um baixo que nos assaltou como arma rítmica, os MCs André e Diron lançaram rimas que são palavras de ordem: no limite, não interessa o que dizem, interessa aquela cadência infernizada que parece conduzir-nos sempre ao mesmo. Festa. Cruzamento inesperado, mas incrivelmente feliz, os Throes + The Shine de “Rockuduro” nasceram para o palco. É nele que a dimensão física desta música se revela totalmente. Resistir-lhe é impossível: e por isso, madrugada alta, o Palco Milhões foi invadido por dezenas que dançaram com o mesmo frenesim de sorriso aberto no rosto que os milhares que saltavam e bamboleavam frente a ele. “É p’ra dançar! É pr’ra mexer!” Mas havia alternativa?
Quando os Throes + The Shine abandonaram o palco, já quase nos esquecêramos do que viera antes. Os Baroness eram o destaque no cartaz do primeiro dia e tinham muitos a esperá-los. A comunidade metaleira ergueu indicador e mindinho em cornichos, fez air guitar e air drum e air-qualquer-instrumento, lançou-se em headbanging fervoroso e, genericamente, festejou a riffalhada perante o olhar feliz da banda de John Baizley. O problema foi o azeite que escorreu em abundância durante todo o concerto, o nervo forçado da voz, a sensação que aqueles óptimos músicos em palco escolheram um caminho perigosamente próximo dos clichés hard-rock com que se parodia o género. Uma pena. Não foi deles que se fez o primeiro dia de Milhões de Festa.
No festival em que, entre gente com t-shirt dos Refused ou dos Animal Collective pode aparecer um tipo com máscara de coelho assustador, à Donnie Darko, e isso nada ter de estranho; neste sítio onde muito pessoal muito jovem se entrega à descoberta ou ao prazer das confirmações, havia uma rapariga que, no Palco VICE, dançava como hippie em Woodstock perante o negrume doom dos Löbo e houve depois a luminosidade psicadélica dos League, habitantes da mesma galáxia pop dos MGMT. Houve, antes de todos eles, no Palco Milhões, uma plateia de gente sentada na relva absorvendo a digitalia envolvente dos óptimos Sensible Soccers.
A banda de Emanuel Botelho e Hugo Gomes, acompanhados em palco por guitarrista e baixista, é uma belíssima divagação por um universo etéreo de vozes em suspensão e guitarras sobrevoando as paisagens electrónicas que levitam até ao cosmos revelado em primeira mão pelos Harmonia. Sentados, viajámos com eles até que os ritmos se tornaram mais insinuantes, os sintetizadores abriram o jogo do arpeggio e estar sentado na relva deixou de ser opção. Erguemo-nos para prosseguir viagem. Não mais nos sentámos. A noite do primeiro dia de Milhões de Festa arrancava definitivamente.
O festival continua este sábado com concertos de Connan Mockassin, El Perro Del Mar, Weedeater, Gala Drop ou Prinzhorn Dance School.