Incêndio em Tavira já queimou um terço do concelho

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Fogos mantêm-se, mas a temperatura vai baixar Foto: Nelson Garrido

Às 10h desta sexta-feira, o fogo tinha duas frentes activas e estava a ser combatido por mais de 700 bombeiros, apoiados por quase 200 veículos, três helicópteros e quatro aviões. Os meios foram reforçados ao início da manhã, com cerca de uma centena de bombeiros do Porto e de Leiria. Para o local deslocaram-se também três assistentes sociais e um psicólogo, para dar apoio às populações afectadas.

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Às 10h desta sexta-feira, o fogo tinha duas frentes activas e estava a ser combatido por mais de 700 bombeiros, apoiados por quase 200 veículos, três helicópteros e quatro aviões. Os meios foram reforçados ao início da manhã, com cerca de uma centena de bombeiros do Porto e de Leiria. Para o local deslocaram-se também três assistentes sociais e um psicólogo, para dar apoio às populações afectadas.

“O ponto de situação no concelho é drástico, porque o fogo chegou a Tavira. Um incêndio que acontece em Cachopo, com dois dias de operações com muitos meios no terreno, chegar a Tavira, independentemente das consequências, só posso dizer que foi drástico e grave”, afirmou Jorge Botelho à Lusa.

“Para termos uma ideia da calamidade são muitos proprietários, muita economia e é um concelho queimado”, constatou o autarca, sublinhando que em causa estão áreas de sobreiros, pinheiros, eucaliptos e zonas de caça. A área afectada ronda os 20 mil hectares, segundo Jorge Coelho, e as chamas estão já a ameaçar o concelho vizinho de São Brás de Alportel.

Hoje, por volta das 10h, as chamas pareciam incontroláveis neste concelho, particularmente no sítio de Parizes, onde estavam activos três focos de incêndio, com colunas de fumo visíveis a uma distância de 15 a 20 quilómetros. Os meios aéreos, que só começaram a chegar cerca das 10h30, não têm surtido efeito no combate às chamas no local.

No sítio de Javali, à entrada de Parizes, a GNR bloqueou o acesso, alegadamente por a zona estar em perigo. Um industrial da zona, proprietário de máquinas retroescavadoras, que esteve durante toda a noite a ajudar no combate ao fogo, recebeu ordem de paragem por parte dos agentes policiais e está impedido de dar assistência.

As chamas ameaçam o Centro de Medicina Fisica e Reabilitação do Sul, que foi entretanto evacuado. Os 47 utentes do centro estão a ser assistidos no pavilhão polidesportivo local. O proprietário das retroescavadoras pediu às autoridades para entrar na linha do fogo e retirar as máquinas, de forma a poder realizar uma operação de "corta-fogo" em volta do centro, mas não teve autorização. No local, existe um depósito de gás e se o fogo se aproximar há perigo de explosão.

“Não temos acesso às estradas cortadas por onde o fogo está a passar. Não tenho meios para chegar à serra. Disseram-me que há várias habitações consumidas pelo fogo, mas ainda não tenho o ponto da situação. De certeza que haverão muitos animais mortos, muitas casas ardidas e automóveis, mas só mais tarde podemos confirmar”, disse à Lusa o presidente da Câmara de São Brás de Alportel, António Eusébio.

Ministro diz que é cedo para decretar estado de calamidade

O presidente da Câmara de Tavira esteve reunido durante a madrugada com o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, a quem pediu que seja decretado o estado de calamidade pública. Mas Miguel Macedo pede mais tempo para avaliar a situação.

Em declarações aos jornalistas após visitar o posto de comando móvel da Autoridade Nacional de Protecção Civil situado em Cachopo, o ministro afirmou que a declaração do estado de calamidade “ver-se-á”, porque “há legislação própria e requisitos que têm de ser cumpridos” para que possa ser decidida.

O presidente do Turismo do Algarve, António Pina, apelou ao sector da hotelaria para fornecer alimentos e bebidas engarrafadas aos bombeiros que não têm mãos a medir com os incêndios. Num comunicado, apela à doação de fruta, sandes, bolo, sumos, leite e água, que podem ser entregues até às 17h nos postos de informação turística de Faro, São Brás de Alportel, Olhão, Tavira e Montegordo. Os produtos vão ser depois entregues no quartel dos bombeiros municipais de Tavira.

O incêndio no distrito de Faro era ao início da manhã o que mobilizava mais meios em Portugal continental, segundo as informações disponíveis no site da Autoridade Nacional de Protecção Civil. Além deste, estava activo o incêndio na Junqueira, em Torre de Moncorvo, distrito de Bragança, que começou ontem às 17h07 mas acabou por ser dominado ao longo manhã.

Segundo o site da ANPC, às 12h estava em curso outro incêndio de grandes dimensões na localidade de Forca, em Sernancelhe, Viseu, que começou às 10h04 e tinha duas frentes activas. No local, estavam 60 bombeiros.

Segundo o Instituto de Meteorologia, haverá uma pequena descida da temperatura nesta sexta-feira. Mesmo assim, 25 concelhos de Portugal continental apresentam “risco máximo” de incêndio, o mais grave de uma escala de cinco. Guarda, Viseu, Coimbra, Leiria, Castelo Branco, Santarém e Faro são os distritos com mais concelhos em risco.

Notícia em actualização