Uma noite de glória com Radiohead
O genial Thom Yorke foi o responsável pelo melhor momento do Optimus Alive 2012. "Não há explicação", comentava-se no público
Estou a escrever em casa ao som de Radiohead. Ao fim destes três dias de festival, posso dizer que o concerto da banda britânica foi o momento alto do Optimus Alive 2012. A vários níveis. Foram perto de duas horas de espectáculo, com o genial Thom Yorke a liderar uma banda que soou como uma orquestra altamente eficaz.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Estou a escrever em casa ao som de Radiohead. Ao fim destes três dias de festival, posso dizer que o concerto da banda britânica foi o momento alto do Optimus Alive 2012. A vários níveis. Foram perto de duas horas de espectáculo, com o genial Thom Yorke a liderar uma banda que soou como uma orquestra altamente eficaz.
O ambiente foi incrível: mais de 50 mil pessoas juntas (mais que juntas) para apreciar um concerto que prendeu olhos e ouvidos ao palco e aos ecrãs que, divididos em quadrados, mostravam cada membro da banda.
“Não há explicação”, comentava-se ao meu lado enquanto a banda apresentava “Reckoner”, uma das músicas do seu sétimo álbum de estúdio, lançado há quatro anos.
Depois de quase duas horas de músicas, a banda parou. O público berrou, bateu palmas, cantou. “Depende de nós, bate palmas!”, ouvi. E eles voltaram, triunfantes, com a comovente "Street Spirit (Fade Out)". O concerto acabou com uma audiência ávida por mais e uma plateia com a esperança de que a banda não fique, novamente, uma década sem regressar a Portugal.
A sensação com que fiquei quando Yorke e o resto da banda se despediram foi de que não precisava de ouvir e ver mais nada. Mas isso seria injusto para Metronomy, o grupo que estaria em palco pouco depois das três da manhã.
O Palco Heineken — depois de dar lugar a The Kills — recebeu de braços abertos o projecto "electropop" britânico que não era desconhecido do público português. “Tínhamos medo que, por tocarmos às três da manhã, nenhum de vocês estivesse aqui”, confessou Joseph Mount, o líder da banda, a uma plateia que vibrava a cada tema. “Sing for us Lisbon!” E Algés cantou — “and now everything goes my way, it feels so good to have you back my love” — e mostrou que o facto de serem três da manhã ou oito da noite era indiferente.
A música “The Look”, o segundo single do álbum “English Riviera” lançado no ano passado, foi uma das que mais entusiasmou o público que ainda teve direito a um "encore" — não muito comum no palco secundário do festival.
Para mim, o Optimus Alive 2012 acabou por ali, mas não posso deixar de referir duas bandas que no domingo me proporcionaram um bom arranque de noite: The Maccabees, a banda de indie rock de Brighton, que tocou logo às 20h20 e apresentou um concerto enérgico e que entreteve o público; e ainda Caribou, o projecto pop electrónico do canadiano Daniel Victor Snaith, que pôs todos a bater o pé — mesmo aqueles que só ali estavam para guardar lugar para Radiohead.
Quando às quatro da manhã de segunda-feira olhei pela última vez para o cartaz dos três dias de festival, confirmei que houve bandas interessantes que me escaparam. Mas os horários dos concertos nem sempre foram conciliáveis. Resta-me a certeza de que me sinto preenchida com o que vi e ouvi. Além disso, parece que para o ano há mais.