Mulheres ao palco do Optimus Alive
Apesar da discoteca gigante dos Justice, a primeira noite foi das mulheres. Dum Dum Girls, Miuda e, principalmente, Santigold proporcionaram alguns dos melhores momentos de dia 13
No início deste mês planeei um percurso para os meus dias no Optimus Alive. Sexta-feira, dia 13, o desafio era cumprir a primeira parte daquele roteiro, escrito a imaginar que começaria com um fim de tarde quente no Passeio Marítimo de Algés, iluminado por quatro sorrisos femininos no Palco Heineken.
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No início deste mês planeei um percurso para os meus dias no Optimus Alive. Sexta-feira, dia 13, o desafio era cumprir a primeira parte daquele roteiro, escrito a imaginar que começaria com um fim de tarde quente no Passeio Marítimo de Algés, iluminado por quatro sorrisos femininos no Palco Heineken.
Claro que as coisas nem sempre são como imaginamos — afinal o fim de tarde estava cinzento e as Dum Dum Girls não são de grandes sorrisos.
Dee Dee, Malia, Jules e Sandy parecem manequins: são altas, elegantes, sexy e sérias. Não pode dizer-se que a banda californiana, composta exclusivamente por mulheres, tenha levado o público ao rubro, mas o grupo mostrou que a boa qualidade da música não depende da sua interacção com a audiência.
Chegaram e saíram sem nunca perder a postura e praticamente só enquanto cantavam “I need your bedroom eyes” esboçaram um sorriso — o suficiente para seduzir quem as ouvia.
Depois delas, chegaram os Miuda. Devo confessar que, para mim, foi uma boa surpresa. Mel, a miúda que dorme com quem quer e faz o que lhe apetece, chegou com um ar inocente e cantou baixinho a primeira música. Rapidamente, a voz tornou-se menos insegura, a sua actuação mais sensual e a banda lá tocou a música de que todos sabiam a letra de cor. A partir daí o grupo composto por Mel do Monte, Pedro Puppe, Fred e Tiago Bettencourt mostrou a qualidade do seu instrumental e provou que os Miuda não são só o single provocador que os lançou.
Saiu uma miúda e horas depois deu-se a entrada daquela que para mim foi a mulher da noite: Santi White, mais conhecida por Santigold. A cantora, compositora e produtora norte-americana encheu o palco com a sua voz e a sua presença. Mais do que um concerto, a actuação de Santigold foi um espectáculo a nível musical e estético. As dançarinas — que também são coro —, as roupas, as coreografias e o momento em que a cantora chamou dezenas de pessoas ao palco para dançarem com ela a música “Creator” — “no photos, just dancing” disse ela — fizeram da actuação de Santigold um dos momentos altos da (minha) noite.
O Optimus Alive foi palco das mais variadas bandas no primeiro dia de festival e acabou com o duo francês Justice a transformar o Passeio Marítimo de Algés numa discoteca gigante. Uma discoteca onde passa bom som. Mas ontem pode dizer-se que a noite foi das mulheres.