Rio Tinto desiste de investimento de mil milhões em Moncorvo
Em declarações ao PÚBLICO, o director geral de Energia e Geologia, Carlos Caxaria, adiantou que “as negociações com a empresa detentora da licença de exploração [a MTI] se mantêm, e que há outras empresas interessadas na exploração de ferro na região”.
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Em declarações ao PÚBLICO, o director geral de Energia e Geologia, Carlos Caxaria, adiantou que “as negociações com a empresa detentora da licença de exploração [a MTI] se mantêm, e que há outras empresas interessadas na exploração de ferro na região”.
Antes do início das negociações, o PÚBLICO tinha avançado que outras multinacionais do sector mineiro tinham pedido informação sobre a jazida em causa.
De acordo com a Lusa, que cita uma fonte próxima das negociações, as conversações terminaram na semana passada depois de a MTI, que detém os direitos de concessão das minas de Moncorvo até 2070, “não ter conseguido provar junto da Rio Tinto que o projecto era viável e rentável”.
Durante os últimos meses, foram intensas as negociações com vista a atrair a multinacional Rio Tinto para a exploração de ferro, num investimento estimado de mil milhões de euros, que representaria o maior investimento estrangeiro realizado em Portugal. Os recursos medidos e indicados na região de Moncorvo ascendem a 552 milhões de toneladas de minério e recursos inferidos de mil milhões de toneladas.
O investimento iria permitir, numa primeira fase, a criação de 420 novos postos de trabalho directos e cerca de 800 indirectos, bem como a criação de um pólo de investigação e desenvolvimento no Nordeste Transmontano, com parcerias com instituições locais e internacionais.
Em Outubro do ano passado, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, admitiu haver “conversações” com várias empresas dos sector mineiro, entre as quais a Rio Tinto, acrescentando que “o sector geológico e mineiro são sectores com elevado potencial para Portugal que tem recursos riquíssimos portanto o que temos de fazer é aproveitar”.
A mesma fonte refere também que, para além da incerteza do projecto, a decisão da Rio Tinto em abandonar Moncorvo teve também a ver com um plano de redução de custos e uma alteração na sua política de investimento que inclui o adiamento de novos projetos e a focalização do negócio na Austrália.
O presidente executivo da Rio Tinto, Tom Albanese, afirmou recentemente que a multinacional se vai concentrar “apenas em projectos com altas taxas de retorno”, como a expansão de operações de minério de ferro na Austrália, segundo a Associeted Press.
Tom Albanese adiantou que, perante as incertezas do sector, a Rio Tinto poderá “cortar ou adiar novos projectos”.
Em resposta à Lusa, o porta-voz da Rio Tinto, Harri Illtud, disse que não fazia qualquer comentário sobre esta matéria.
O presidente executivo da Rio Tinto referiu que um dos projectos ameaçados é a exploração da mina de carvão Mount Pleaseant, na Austrália, um investimento de cerca de 1.500 milhões de euros, bem como um grande projecto em Simandou, na Guiné, de exploração de minas de ferro, na qual a empresa se comprometeu a iniciar a produção em 2014, sendo certo que ainda nem está no terreno correndo o perigo de perder a concessão.
A Rio Tinto obteve uma quebra de 59% dos lucros anuais, para 5.800 milhões de dólares, devido à absorção de imparidades no valor de 8.900 milhões de dólares provenientes da divisão de alumínio.
Na altura, o presidente da Rio Tinto, Jan du Plessis, manifestou cautelas quanto às perspetivas de curto prazo, antecipando que a “incerteza nos mercados financeiros, sobretudo em torno do euro, bem como a elevada volatilidade dos preços, continuarão em 2012”.
Hoje, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira afirmou, numa audição na comissão parlamentar de Economia, que o Governo já assinou 60 contratos de exploração mineira.
“É um sector prioritário para o Governo e estamos a trabalhar num plano estratégico que será apresentado em breve”, salientou.