Gabriel García Márquez perdeu a memória e não voltará a escrever
Nos últimos tempos, muito se tem especulado sobre o estado de saúde do escritor, que tem 85 anos. Em Junho, um amigo tinha contado à imprensa que Gabriel se andava a esquecer de muitas coisas e até já nem conhecia os amigos e familiares.
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Nos últimos tempos, muito se tem especulado sobre o estado de saúde do escritor, que tem 85 anos. Em Junho, um amigo tinha contado à imprensa que Gabriel se andava a esquecer de muitas coisas e até já nem conhecia os amigos e familiares.
Agora, o irmão mais novo falou sobre a situação pela primeira vez e confirmou o estado de saúde do escritor, para que acabem os rumores. “O facto é que se têm feito muitos comentários. Alguns são verdadeiros mas vêm sempre acompanhados de detalhes mórbidos. Às vezes parece que preferiam que ele estivesse morto, como se a morte fosse uma grande notícia”, disse Jaime, citado pelo El Mundo, criticando as notícias que têm vindo a público. “Ele tem problemas de memória”, acrescentou, sem esconder a tristeza. “As vezes choro porque sinto que o estou a perder.”
Jaime explicou que existem casos de demência na família, mas que com Gabriel a situação se complicou depois dos tratamentos ao cancro em 1999. “A quimioterapia salvou-lhe a vida mas também acabou com muitos dos neurónios, das defesas e células e acelerou o processo”, atestou.
Ainda assim, o autor de “Cem Anos de Solidão” continua a “conservar o humor, a alegria e o entusiasmo”, garantiu Jaime, explicando que Gabriel teve de parar de escrever, não devendo sequer voltar a fazê-lo mais. “Infelizmente acho que não vai ser possível, mas oxalá esteja equivocado”, notou Jaime, lamentando que o irmão não possa escrever a segunda parte do seu livro de memórias, “Vivir para contarla”.
O escritor colombiano, que vive no México desde a década de 1980, publicou o último livro, “Yo No Vengo a Decir Un Discurso”, em 2010, depois de uma pausa de seis anos, uma vez que já não publicava nenhuma obra desde 2004, quando lançou “Memória das minhas putas tristes”. “Cem Anos de Solidão”, escrita pelo colombiano em 1967, é uma das obras mais lidas e traduzidas – cerca de 30 idiomas – em todo o mundo.
a conferência aconteceu em Cartagena das Índias (Colômbia) e não em Cartagena (Espanha)