Norberto Pires deixa Comissão de Coordenação do Centro
O PÚBLICO tentou ouvir Norberto Pires que não esteve disponível para prestar declarações.
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O PÚBLICO tentou ouvir Norberto Pires que não esteve disponível para prestar declarações.
A saída de Norberto Pires da CCDRC já era dada como certa há algum tempo em vários ministérios. O facto de manter uma boa relação com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, terá valido mesmo ao docente universitário ter sido convidado a apresentar a demissão, em vez de ser demitido. Fontes governamentais ouvidas pelo PÚBLICO referem que o ex-presidente da CCDRC assumiu vários comportamentos nestes quase seis meses que desagradaram às tutelas – apesar de dependerem organicamente do Ministério da daAgricultura, Mar e do Ordenamento do Território, as Comissões de Coordenação dependem funcionalmente de outros ministérios. A falta de disponibilidade para comparecer em reuniões, recusando mesmo uma com o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, ou o envolvimento em quesílias protocolares, como a exigência de presidir a uma cerimónia em que havia um governante presente, terão deixado o especialista em robótica mal visto em Lisboa. A circunstância de se queixar de decisões de membros do Governo a outros ministérios e não apenas àquele que estava em causa ou a de não manter reserva sobre orientações do Executivo nem se solidarizar com elas, em dossiers como a reforma do território ou a reprogramação das verbas do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), são outras explicações avançadas pelas mesmas fontes para o afastamento de Norberto Pires.
Foi também a propósito dos fundos comunitários que, ainda em Maio, o presidente demissionário da CCDRC surpreendeu ao afirmar que havia “excesso de dinheiro” e que, se pudesse, acabava com o QREN. “Temos muito dinheiro e pouca inteligência colocada nas coisas”, afirmou então. Norberto Pires entrou também em contradição com a directora regional de Cultura do Centro, Celeste Amaro, quando disse que o mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra, ameaçava ruir, cenário que aquela responsável afastou.
Nenhum destes motivos de mal estar é confirmado pela declaração enviada à comunicação social, em que Norberto Pires anuncia a saída do cargo. “Fui feliz na CCDRC e fiz o que sabia e podia com total dedicação. É esta a minha forma de estar na vida, da qual não abdico. Sempre com verdade, transparência e sentido de missão. Lutei pelo Centro de Portugal e pelos seus interesses. É uma região em que acredito pelas suas potencialidades e pelas suas gentes”, escreveu.