Códice Calixtino foi recuperado na Galiza em bom estado
A peça, que é o mais antigo guia conhecido dos peregrinos que demandam a capital da Galiza e é vista também como a jóia da identidade galega, foi encontrada numa garagem da casa de um electricista na localidade de Milladoiro, nos arredores de Santiago de Compostela.
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A peça, que é o mais antigo guia conhecido dos peregrinos que demandam a capital da Galiza e é vista também como a jóia da identidade galega, foi encontrada numa garagem da casa de um electricista na localidade de Milladoiro, nos arredores de Santiago de Compostela.
Segundo a polícia espanhola, citada pela agência Efe e pelo jornal “El País”, o principal suspeito do roubo é o proprietário da casa, o electricista que trabalhara durante vários anos na Catedral de Santiago, e que tinha já sido detido ontem de manhã. A sua mulher, o filho e uma quarta pessoa foram também deditos pela polícia e são considerados cúmplices do roubo, que fora descoberto no início de Julho de 2011.
O códice é constituído por cinco livros e dois apêndices, mas estava encadernado num só volume desde 1964. Foi agora encontrado na referida garagem envolto numa toalha branca dentro de um plástico e em bom estado. Ainda segundo o relato do “El País”, a autenticidade do códice agora recuperado foi confirmada pelo arcebispo de Santiago, Julián Barrio, e pelo deão da catedral, José María Díaz, que se manifestaram “muito felizes” pelo achado e agradeceram o trabalho da polícia.
Esta jóia do património compostelano deverá ser reposto no seu lugar na catedral de Santiago na sexta-feira. O códice tem um valor incalculável, mas não possui nenhum seguro específico, estando apenas coberto pelo seguro geral do património da catedral de Santiago.
Na sequência da detenção do electricista na terça-feira, e na busca que entretanto fez na sua casa em Milladoiro e noutras quatro propriedades em diferentes localidades de Pontevedra e na Corunha, a polícia encontrou vários “vestígios” e moedas procedentes da catedral de Santiago, e também uma vultosa soma em dinheiro, mais tarde avaliada em 1,2 milhões de euros.
Há já muito tempo que a polícia estava no encalço deste electricista, que trabalhara na catedral de Santiago de Compostela durante mais de 25 anos, e que acabou por ser despedido por ter falsificado um documento sobre a sua relação laboral com a instituição. Mas continuou a frequentar a catedral e a participar nalguns dos seus serviços religiosos.
De acordo com o “El País”, quer o Ministério Público quer a polícia estão inclinados para a teoria de que o roubo do códice tenha sido uma “vingança pessoal” do trabalhador depois de este ter sido despedido. Até ao roubo, descoberto no dia 5 de Julho do ano passado, o Códice Calixtino apenas tinha saído da catedral, mas nunca de Santiago da Compostela. Depois destas duas saídas, a Catedral optou por expor uma reprodução da obra, protegendo o original na caixa forte.
O códice descreve os detalhes de várias das rotas do Caminho de Santiago, com informação sobre alojamento, zonas a visitar, património e objectos de arte que podem ser conhecidos.Um relato que, nove séculos depois, continua nos dias de hoje a ser citado e ainda serve de referência para alguns dos locais percorridos pelos peregrinos.
Elaborado entre 1125 e 1130 – depois manuscrito em 1160 –, o texto ficou maior do que o inicialmente previsto, acabando por contar com participações dos principais escritores, teólogos, fabulistas, músicos e artistas da época, tendo que ser dividido em cinco livros e vários apêndices, entretanto reunidos, já no século passado, num único volume.
Notícia actualizada às 18h31. Acrescentada nova informação