Uma colecção de acessórios para celebrar a língua portuguesa

Com a sua nova colecção, Fábio Silva fala o português de mala ao ombro. Os sacos, da marca mI.mA, vão buscar a riqueza cultural de vários países lusófonos

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Fábio Silva tem 23 anos e é um jovem designer de moda que, no início deste ano, criou a sua marca de roupa e acessórios — a mi.mA. Depois de uma viagem por terras africanas, decidiu homenagear a riqueza cultural presente nos tecidos característicos de várias culturas que têm em comum a língua portuguesa. A colecção “Eu Falo Português” dá nome a essa ideia.

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Fábio Silva tem 23 anos e é um jovem designer de moda que, no início deste ano, criou a sua marca de roupa e acessórios — a mi.mA. Depois de uma viagem por terras africanas, decidiu homenagear a riqueza cultural presente nos tecidos característicos de várias culturas que têm em comum a língua portuguesa. A colecção “Eu Falo Português” dá nome a essa ideia.

A ideia para a colecção “Eu Falo Português”, explica o designer, surgiu durante uma estadia em Angola: “Quando vi o tecido angolano pela primeira vez, apaixonei-me de imediato e comprei-o pois sabia que tinha que o utilizar”. Sendo a língua portuguesa a única característica comum entre Fábio, Angola e Moçambique, direccionou a sua pesquisa apenas para a “tradição têxtil dos países lusófonos” e tentou encontrar os tecidos que melhor representam o seu país.

Depois de uma licenciatura em Biologia, na Universidade de Évora, Fábio decidiu experimentar algo novo mas que não lhe era assim tão desconhecido — já que o design, na opinião do criador, é “intrínseco” àquelas pessoas que, tal como ele, sempre tiveram “um forte interesse pela área da moda”. Depois de concluir o Curso Técnico em Design de Moda, na Lisbon School of Design, criou raízes na área.

Transportar tecidos até Portugal

Trazer os tecidos até terras lusas foi um dos principais obstáculos, garante, uma vez “não existe importação destes tecidos para Portugal e é bastante difícil contactar os produtores locais”. A solução? foi Fábio Silva e alguns amigos viajaram para países lusófonos trouxeram, eles próprios, os tecidos.

Num armazém em Belo Horizonte, no Brasil, entre a quantidade enorme de tecidos que lá estavam, não encontrou o que queria. Essa busca em particular levou-o até ao tecido chitão e a São Paulo. Em Lisboa, perdeu-se num bairro “algo duvidoso” enquanto procurava uma senhora que, talvez, lhe conseguiria fornecer o tecido desejado da Guiné-Bissau.

A marca só por si assume já o que existe em comum entre homens e mulheres e desenvolve “uma identidade mista e global”. Assim, as colecções exploram o mundo unissexo e são compostas na sua maioria por peças limitadas que são para a menina e para o menino. O jovem acredita que, apesar de ser necessário ter em conta algumas premissas quando se produz uma peça destinada a homens e mulher — como as silhuetas —, o conceito unissexo é “actual e que ainda pode ser muito explorado” no universo da moda.

De Angola, chega o tecido Samakaka. Do Brasil, vem o chitão. De Moçambique, há a capulana. É mais um motivo para não andar com coisas na mão.