As SlutWalks estão de volta: porque sair à rua de mini-saia não é um convite à violação

As galdérias marcham sábado e domingo no Porto e em Lisboa. Pela dignidade humana, contra a "rape culture"

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Porque é urgente "denunciar a chamada 'rape culture', que pende para a culpabilização e responsabilização das vítimas e dá liberdade aos agressores" sexuais; porque "o assédio sexual e a violência de género não acontecem só aos outros"; porque "sair para a rua de mini-saia ou com um top justo não é um convite à violência física ou verbal", nem deve ser "encarado como algo extraordinário". Por tudo isto, e muito mais, as SlutWalks regressam este fim-de-semana a Lisboa e ao Porto.

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Porque é urgente "denunciar a chamada 'rape culture', que pende para a culpabilização e responsabilização das vítimas e dá liberdade aos agressores" sexuais; porque "o assédio sexual e a violência de género não acontecem só aos outros"; porque "sair para a rua de mini-saia ou com um top justo não é um convite à violência física ou verbal", nem deve ser "encarado como algo extraordinário". Por tudo isto, e muito mais, as SlutWalks regressam este fim-de-semana a Lisboa e ao Porto.

O rastilho foi ateado em Janeiro do ano passado por um polícia de Toronto. Desde aí, estas marchas de protesto nunca mais pararam em todo o mundo (também chegaram à Colômbia). Já o ano passado saíram à rua nestas duas cidades e agora as galdérias marcham pela segunda vez.

"É uma causa que deve interessar a todos", diz a organização. E não envolve só as mulheres. Como é referido no manifesto, as pessoas envolvidas são "mulheres, 'trans', homens, 'genderqueer', entre outras identidades". São feministas, mas convém sublinhar que o feminismo não contempla apenas os "direitos das mulheres", mas sim a "dignidade humana para todas as pessoas, independentemente do seu sexo ou género". 

Ainda assim, as mulheres são as mais visadas pela violência de género, sublinha a organização, socorrendo-se de dados da UMAR e da Universidade do Minho, respectivamente: "em 2011, mais de meia centena de mulheres foram vítimas de homicídio ou tentativas de homicídio por parte de companheiros ou esposos e 40% das mulheres com mais de 60 anos é alvo de abusos."

Sem "dresscode", do Porto a Lisboa

Os objectivos são os mesmos, mas, este ano, o discurso "está mais refinado e mais inclusivo". Não há aqui "dresscode", atenção. As pessoas são convidadas a vestirem-se como querem, desnudadas ou não, "mais ou menos galdérias". "A ideia não é 'vamos fazer uma marcha estranha, vestidos de forma estranha' para chocar as pessoas. Este choque, quando aparece, é uma espécie de convite para que as pessoas se perguntem o que é convencional, se vermos uma mulher de mini-saia é realmente chocante."

Antes do protesto, há que ganhar energias. Por isso, no Porto a marcha é antecedida por um "piquenique galdério". O ponto de encontro é na Praça dos Leões, às 19h de sábado, 30 de Junho. O convívio tem um propósito: conversar, fazer cartazes e também "atingir uma faixa mais nova e também famílias", ressalva a organização. "Temos tido 'feedback' de mães que querem levar as filhas de oito ou dez anos para que elas ganham a noção do direito que têm de viver no espaço públco como querem."

Segue-se a marcha propriamente dita, com partida marcada para as 22h no mesmo local. Até ao término na Praça D. Filipa de Lencastre, passa pela Praça Guilherme Gomes Fernandes, Rua Galeria de Paris e Rua Cândido dos Reis.

Em Lisboa, o protesto está marcado para domingo, 1 de Julho, às 15h. Começa no Largo de Camões e atravessa a Baixa até ao Martim Moniz. A organização espera centenas de pessoas nas duas marchas, mas, também por ter sido organizado principalmente via Facebook, prefere não precisar números.