Estrada de Palha
Numano que tem sido feliz para o cinema português, a segunda longa-metragem de Rodrigo Areias completa, com Tabu de Miguel Gomes e É na Terra, Não é na Lua de Gonçalo Tocha, uma trilogia de objectos “esquivos”, que jogam com as convenções de géneros, cinefilias e formatos de modo mais ou menos irreverente. A partir das coordenadas do western, Areias monta de forma conceptual, paisagista, lúdica, um filme que fala do Portugal de hoje “escondido” numa história do Portugal de ontem. Nessa ponte improvável entre o filme de género de segunda classe (no trabalho cuidadíssimo de imagem e ambientação) e o filme de autor (no diálogo que se estabelece constantemente entre a memória do cinema clássico e a vontade de fazer outra coisa), reside um filme que nunca se esgota na mera citação ou no pastiche de cineastas maiores, mas que procura antes construir um discurso próprio, estético, social, político, sobre o país em que é feito, o momento que o moldou. Que, apesar de um argumento desequilibrado, cheio de personagens que parecem existir apenas porque sim e de arquétipos que se ficam pela superfície, é um filme “de resistência”, uma carta fora do baralho que recusa o encolher dos ombros e acredita que é possível marcar a diferença.
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Numano que tem sido feliz para o cinema português, a segunda longa-metragem de Rodrigo Areias completa, com Tabu de Miguel Gomes e É na Terra, Não é na Lua de Gonçalo Tocha, uma trilogia de objectos “esquivos”, que jogam com as convenções de géneros, cinefilias e formatos de modo mais ou menos irreverente. A partir das coordenadas do western, Areias monta de forma conceptual, paisagista, lúdica, um filme que fala do Portugal de hoje “escondido” numa história do Portugal de ontem. Nessa ponte improvável entre o filme de género de segunda classe (no trabalho cuidadíssimo de imagem e ambientação) e o filme de autor (no diálogo que se estabelece constantemente entre a memória do cinema clássico e a vontade de fazer outra coisa), reside um filme que nunca se esgota na mera citação ou no pastiche de cineastas maiores, mas que procura antes construir um discurso próprio, estético, social, político, sobre o país em que é feito, o momento que o moldou. Que, apesar de um argumento desequilibrado, cheio de personagens que parecem existir apenas porque sim e de arquétipos que se ficam pela superfície, é um filme “de resistência”, uma carta fora do baralho que recusa o encolher dos ombros e acredita que é possível marcar a diferença.