Esculturas contemporâneas à solta no Parque de Almourol
Parque situado em Vila Nova de Barquinha vai ser inaugurado a 6 de Julho. Estão instaladas onze esculturas de artistas como Joana Vasconcelos e Pedro Cabrita Reis
O Parque de Escultura Contemporânea Almourol, em Vila Nova da Barquinha, que reúne onze esculturas de grandes dimensões criadas por artistas portugueses de várias gerações, vai ser inaugurado a 6 de Julho.
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O Parque de Escultura Contemporânea Almourol, em Vila Nova da Barquinha, que reúne onze esculturas de grandes dimensões criadas por artistas portugueses de várias gerações, vai ser inaugurado a 6 de Julho.
Alberto Carneiro, Ângela Ferreira, Carlos Nogueira, Cristina Ataíde, Fernanda Fragateiro, Joana Vasconcelos, José Pedro Croft, Pedro Cabrita Reis, Rui Chafes, Xana e Zulmiro de Carvalho foram os artistas convidados a participar neste projecto do concelho, em parceria com a Fundação EDP, co-financiado por fundos comunitários.
Instalado num parque verde de sete hectares junto à zona ribeirinha do concelho do distrito de Santarém, o conjunto de obras de arte pública está já acessível, mas só será inaugurado oficialmente a 06 de Julho pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, indicou esta segunda-feira o presidente da autarquia, Miguel Pombeiro.
De acordo com o presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha, o parque de arte contemporânea integra um projecto mais vasto que inclui a reabilitação de um edifício antigo, para acolher uma galeria de arte, uma residência de artistas e um centro educativo.
Da merujona aos jovens
Alguns dos artistas criaram as suas obras inspirados nas actividades da comunidade local, como foi o caso de Ângela Ferreira, que transformou um instrumento usado na rega dos campos num enorme baloiço, ou Cristina Ataíde, que recuperou a forma da merujona (instrumento de pesca local), e usou a estrutura para criar uma enorme bola em ferro que se pode subir.
Fernanda Fragateiro usou o duplo sentido da obra “Concrete Poem” para criar barras de betão sobrepostas, onde o público também se pode sentar ou deitar. O mesmo apelo à interactividade pode ser encontrado na obra do artista plástico Alberto Carneiro, o decano do grupo de criadores, com 74 anos, que criou uma floresta em granito e bronze, rodeada de placas sobre o chão que se podem pisar, e onde se encontram as palavras-chave da simbologia da peça: “Terra, Arte, Vida, Água, Ar, Fogo”.
“As resistências à entrada da cultura nos espaços públicos são grandes, porque ainda há muitos preconceitos”, comentou o artista em declarações à agência Lusa, acrescentando que vai dizendo às pessoas mais descrentes sobre o projecto: “Isto está a ser feito para os vossos filhos”.
Com a obra “Castelo”, de três metros de altura, Pedro Cabrita Reis procurou “lançar um desafio impertinente aos jovens do concelho”. “Já sei que os miúdos sobem esta peça, mas não se espera que algo menos bom aconteça porque é sólida, feita com o melhor granito do norte do país”, comentou, sobre as 18 toneladas do trabalho. Joana Vasconcelos, 40 anos, a mais jovem dos artistas, mostrou-se satisfeita por ter colocado no Parque Almourol duas peças que mostrou no Museu de Serralves, no Porto, em 1994, e que agora conquistaram um espaço próprio.
João Pinharanda, comissário artístico do projecto, sublinhou que o parque “é uma tentativa de criar uma espécie de museu ao ar livre”, na região. Por seu turno, José Manuel dos Santos, director cultural da Fundação EDP, disse que o protocolo assinado com a autarquia visa “criar um parque de excelência cultural cuja primeira fase — instalação das esculturas — está concluída, mas ainda falta muito para potenciar as qualidades que tem”.