Torre Shukhov, na Rússia, corre o risco de desaparecer
A torre, que este ano comemorou os 90 anos da sua construção e que em tempos serviu de antena transmissora de rádio e televisão, hoje não é mais do que um monumento abandonado.
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A torre, que este ano comemorou os 90 anos da sua construção e que em tempos serviu de antena transmissora de rádio e televisão, hoje não é mais do que um monumento abandonado.
Ao The Art Newspaper, Vladimir Shukhov explicou que é urgente que se faça alguma coisa, “um trabalho a sério e profissional”, ou a torre não existirá na celebração dos 160 anos do nascimento de Shukhov, que acontece em Agosto de 2013. “Seria mais simples se ordenassem a demolição da torre e não envergonhassem os meus antepassados e o nosso país”, disse ao jornal o bisneto do arquitecto, responsável por aquela que é considerada como a obra-prima da arquitectura avant-garde russa.
Vladimir Shukhov é o presidente da Fundação Torre Shukhov, que tem como principal missão assegurar a manutenção da estrutura de 160 metros. A construção da torre, cujo projecto foi comissariado por Lenine, aconteceu entre 1920 e 1922 e ficou caracterizada pelo estilo de vigas cruzadas usado por Shukhov e patenteado por si, depois de a torre ter ficado pronta.
Durante muitos anos a Torre Shukhov foi o principal transmissor e um emblema da televisão soviética, tendo sido depois substituída por torre Ostankino. Apesar de estar localizada na zona central de Shabolovka, não é possível visitar a torre, motivo que afasta ainda mais as atenções da estrutura.
O arquitecto britânico Norman Foster nunca escondeu a sua admiração pela obra de Shukhov, dizendo-se influenciado pelo trabalho do russo. Em 2010, Foster escreveu numa carta aberta que a torre é uma “estrutura de brilho deslumbrante e grande importância histórica”, alertando que é preciso prestar-lhe a máxima atenção.
No ano passado o então primeiro-ministro Vladimir Putin anunciou um plano de reconstrução da torre, avaliado em 3,4 milhões de euros, no entanto, o bisneto de Shukhov defendeu que reconstruir em vez de recuperar a torre pode resultar numa “réplica moderna e insatisfatória” da torre.
Vladimir Shukhov defendeu que há uma falta de entendimento entre as autoridades responsáveis, que não estão a levar a sério a degradação da torre, esperando que a comunidade europeia e os especialistas e investigadores internacionais se interessem pelo caso.