Morar em Barcelona: a experiência de um músico português na Catalunha
Jorge da Rocha tem 32 anos e vive há sete em Barcelona, onde estudou jazz e trabalha como músico profissional. Para ele, a cidade catalã "é um parque de diversões gigante"
Era uma vez um adolescente que, como todos e numa determinada fase, queria ter uma banda rock, ser actor ou escritor. Jorge da Rocha, 32 anos, começou pela guitarra e depois foi explorando outros instrumentos ao longo dos anos. Acabou na faculdade a estudar numa área que lhe agradava e, no futuro, permitiria ter um emprego minimamente estável: o Design Paisagístico. Mas o seu talento natural para o universo da música acabaria por falar mais alto e decidiu arriscar um novo rumo. Hoje é com um sorriso enorme que fala da sua vida em Barcelona.
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Era uma vez um adolescente que, como todos e numa determinada fase, queria ter uma banda rock, ser actor ou escritor. Jorge da Rocha, 32 anos, começou pela guitarra e depois foi explorando outros instrumentos ao longo dos anos. Acabou na faculdade a estudar numa área que lhe agradava e, no futuro, permitiria ter um emprego minimamente estável: o Design Paisagístico. Mas o seu talento natural para o universo da música acabaria por falar mais alto e decidiu arriscar um novo rumo. Hoje é com um sorriso enorme que fala da sua vida em Barcelona.
Porquê Barcelona? Sobre o que o levou a escolher Barcelona Jorge não poderia ser mais sincero: “Tal como acontece com muitas pessoas que fui conhecendo por cá, uma vez vim de férias e apaixonei-me pela cidade. Pensei que uns dias a passear não eram suficientes, queria fazer parte da cidade e do seu dia-a-dia. Acabaria por vir viver enquanto músico. Entretanto ingressaria no Taller de Músics, aprofundei estudos associados ao contrabaixo e acabaria por entrar no conservatório”.
O músico português conta que Barcelona tratou-o "muito bem". "É uma cidade especial. Sente-se isso a caminhar pelas ruas e nas pessoas. Na verdade não sei explicar muito bem, é mais uma sensação. Há uma expressão que se usa cá que de alguma forma define essa sensação: tranquilo, no pasa nada! Ainda que não parem de se passar coisas. Tenho um amigo, também português, que costuma dizer que Barcelona é um parque de diversões gigante”.
Sobre as diferenças com Portugal Jorge salienta o facto de as pessoas serem “mais festivas". "Fico muito admirado quando, ao fim da tarde, vejo grupos de pessoas de todas as idades numa esplanada a beber cerveja e a comer umas tapas. São pessoas que gostam de estar na rua, e isso acontece um pouco por toda a Espanha. Também são mais abertos à novidade”. Outro aspeto importante sobre o povo de Barcelona: “Parecem-me menos passivos que os portugueses quanto ao actual problema económico e social que atravessamos”.
Estudar no Conservatório de Barcelona
Natural de Santa Maria de Lamas, com um percurso académico sempre ligado às artes, como a fotografia e o vídeo, Jorge acabaria por se formar em Design Paisagístico pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viana do Castelo. Mas o bichinho da música falou mais alto e acabou por fazer as malas em direcção a Barcelona. Já lá vão sete anos.
Jorge terminou este mês (Junho de 2012) o curso superior de jazz e música moderna (contrabaixo) no Conservatorio Superior do Liceu de Barcelona, atividade que foi dividindo com as aulas de solfejo, armonia, guitarra e baixo enquanto professor. Mas não só. “Como músico profissional toco em vários projetos, como Samantha de Siena ou Mosaico Jazz Trio”, diz.
É sabido que a crise não é um "privilégio" português - a Espanha também anda em apuros. Jorge diz que sim, que “também se sente a falta de trabalho e o Governo está a cortar muitas ajudas e subsídios”. Aliás, para ele “a actual situação é um reflexo da inconsciência que temos quanto ao uso do planeta e de uma coisa muito poderosa que é o dinheiro". "Somos incrivelmente materialistas e não temos consciência do nosso consumismo compulsivo. Espero que possamos aprender algo com esta crise”, desabafa.
Apesar de sentir falta da família e das coisas boas de Portugal, como a culinária, Jorge não pensa, de momento, regressar. “Não o posso saber, mas de momento não. Mas não é algo fixo, gosto de deixar todas as opções em aberto”.