Catarina Gomes bem poderia ter nascido no século XIV e ter desenhado a capa da Capuchinho Vermelho. Com um “monte de sonhos”, esta jovem de 28 anos criou em 2007, juntamente com Dário Gomes, seu marido (na altura namorado), a Dookielicious.

Catarina Gomes bem poderia ter nascido no século XIV e ter desenhado a capa da Capuchinho Vermelho. Com um “monte de sonhos”, esta jovem de 28 anos criou em 2007, juntamente com Dário Gomes, seu marido (na altura namorado), a Dookielicious.

O nome é uma fusão das personalidades do casal. Dookie, um cãozinho verde criado pelo designer, recebeu a doçura e romantismo da sua cara-metade e tornou-se “delicious”. Chamam cada colecção de “crumb” (migalha) e cada uma assume um carácter muito único, sendo certo que em todas elas há “romantismo e doçura”, características muito vincadas na sua criadora.

O projecto surgiu quando Catarina estava no 4.º ano da licenciatura em Design de Moda, na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Depois de um estágio no atelier de Ana Salazar, dedicou-se apenas à sua marca. Após um ano do curso de Arquitectura, Catarina teimou que a moda era o seu “caminho”.

Enquanto criança, a designer tinha como hábito “trocar de roupa mil vezes ao dia” e “desenhar colecções inteiras”. Agora que é adulta, as suas inspirações vêm de nomes como Björk, Marie Antoinette, Tom Walker e Rei Kawakubo (Comme des Garçons). Um clássico? Chanel.

Dário, um madeirense com 27 anos, é designer gráfico e o seu contributo para a marca vai desde o design, que conta com vídeos e sessões fotográficas, à programação do site. Apesar de trabalhar numa empresa publicitária, entrou no mundo da moda, através da sua “Cat”, muito antes de lidar com publicidade.

Até agora, Dário aprendeu a diferença entre os sapatos "oxford" e "brogues" (e não só). “Hoje percebo porque é que existe faísca entre as mulheres que, se por acaso, na rua ou numa festa têm uma ou duas peças iguais”, diz, em jeito de brincadeira. A receita para este “delicioso bolo” de que falam na sua apresentação é amor e paciência. À marca que “nasceu num estirador de duas escolas (gráfico e moda) ” adicionam cor, forma, tempo e muita vontade de pensar em mais ingredientes. Para este casal, o particular e o profissional fundiram-se na Dookielicious.

Misaki gosta de laços, gatos e flores

É uma bonequinha japonesa e dá a cara e o nome pela mais recente colecção Dookielicious. A presença de elementos nipónicos reflecte as referências da Catarina, que confessa o seu “amor especial pelos designers japoneses”. Nesta colecção, passa para os tecidos as fantasias das meninas que gostam de laços, gatos, flores e algodão doce.

No horizonte mantém-se a aposta na venda das roupas online e, para Catarina, talvez um futuro como bloguer profissional. From someone in love, o seu blogue, é “o desejo de partilhar” as suas paixões e o seu universo. “Tal como me inspirava em tantos blogues que seguia, acreditei que podia eu própria inspirar alguém”, explica ao P3.

Dário não acredita que ser empreendedor em tempo de crise seja algo dos dias de hoje: “Não sou do tempo das vacas gordas, desde que me lembro estamos em crise e infelizmente o presente é tão grave quanto o passado, apenas mais mediático e pessimista”. A solução? Fazer alguém sentir-se Dookielicious.