Wool: as paredes da Lx Factory têm vida

O que acontece quando se convida alguns dos melhores artista de "street art" para dar vida a uma parede? O resultado está à vista no Balneário da Lx Factory

Foto
Mário Belém + Hugo Makarov

Wool é o nome de um festival de "street art" da Covilhã, que está a dar que falar um pouco por todo o país. São quatro eventos com quatro artistas — assim está escrito no cartaz de apresentação.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Wool é o nome de um festival de "street art" da Covilhã, que está a dar que falar um pouco por todo o país. São quatro eventos com quatro artistas — assim está escrito no cartaz de apresentação.

No mês passado, o local de paragem foi o Balneário da Lx Factory, em Lisboa, um espaço multidisciplinar que promove acções criativas de âmbito cultural. O sítio ideal para ter a equipa do Wool a cobrir algumas paredes da melhor forma possível. Sob o pretexto da 8.ª edição do Open Day do Balneário da Lx Factory, a arte urbana (e os artistas do Wool) deram nova vida a velhas fachadas e paredes.

No decorrer de uma semana, tintas, pincéis, escadotes, andaimes, roupa pintada e, sobretudo, muita criatividade fizeram parte daquele espaço de Alcântara.

Foto
Mário Belém + Hugo Makarov

Mário Belém e Hugo Makarov pintaram o mural Desassossego. Há de tudo nesta parede: um monstro com um só olho, uma menina que arrasta um urso de peluche, um tigre, o miúdo da história "Where the Wild Things Are" e como não podia deixar de ser, um poema de Fernando Pessoa, retirado do "Livro do Desassossego". É uma metáfora "clara e absolutamente actual da forma como o povo português caminha para o seu destino incerto", observa Lara Rodrigues, uma das pessoas por detrás do Wool.

Foto
Mário Belém + Hugo Makarov

No Deadline Drama, mural com a assinatura de Corleone (ou Pedro Campiche), os desenhos gritam ideias. Faz lembrar uma história, em que todas as personagens se relacionam, mas sem haver ligação directa. É mesmo uma história - Lara Rodrigues explica "é sobre designers, todo o seu universo de 'brieffings', 'timmings' e afins". 

A parede ocupada por Bordalo II não é totalmente plana: colagens, lixo e outros suportes já usados. Algo que resultou com a reinterpretação do tema Rio Tejo. O autor critica o mundo em que vivemos, "onde muitas vezes nos apresentam coisas bonitas, que por base têm lixo, sem nos darmos conta", comenta Lara Rodrigues.

Já The Caver (ou Nuno Barbedo) escreve sobre o tema Enigma: "Enigmas encontrados na busca de uma resposta para abraçar ou evitar a convergência entre realidades paralelas".

Quando se fala no Wool, Lara Rodrigues, Pedro Rodrigues e Elisabet Carceller - mentores do festival - não conseguem deixar de fora todos os amigos que os ajudam na altura dos eventos. Gostam de street art e fotografam compulsivamente tudo o que lhes aparece à frente - "é quase doentio", comenta Lara Rodrigues. "Sempre que viajamos, é quase obrigatório pesquisar os melhores locais de street art", conta. 

Aperceberam-se que a Covilhã tinha todas as condições para acolher um festival como o Wool. Por um lado a Universidade que atrai bastante gente nova, por outro, a existência de vários edifícios fabris. Algo que poderia receber da melhor forma a street art.