O mundo está mais pacífico, revela o Índice Global da Paz

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A Somália permanece em último lugar em 158 países analisados Foto: Reuters

Desde 2009 que o mundo está mais pacífico, avalia o Índice Global da Paz 2012, um relatório produzido pelo Instituto para a Economia e a Paz, uma organização sem fins lucrativos que procura medir a paz, o progresso e o bem-estar económico em 158 países, abrangendo 99% da população mundial, através de 23 indicadores qualitativos e quantitativos que medem os conflitos em curso, nacionais e internacionais, a segurança e a militarização dos países.

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Desde 2009 que o mundo está mais pacífico, avalia o Índice Global da Paz 2012, um relatório produzido pelo Instituto para a Economia e a Paz, uma organização sem fins lucrativos que procura medir a paz, o progresso e o bem-estar económico em 158 países, abrangendo 99% da população mundial, através de 23 indicadores qualitativos e quantitativos que medem os conflitos em curso, nacionais e internacionais, a segurança e a militarização dos países.

Pelo segundo ano consecutivo, a Islândia é o país mais pacífico do mundo, seguido da Dinamarca e da Nova Zelândia. No final do ranking está a Somália, pelo segundo ano consecutivo, antecedida pelo Afeganistão e o Sudão. A Rússia surge em 153.ª posição. A Síria foi o país que caiu mais lugares, 30, e encontra-se em 147.ª posição. O Sri Lanka fez o caminho oposto e subiu outros 30, graças ao fim da guerra civil. Está em 103.ª posição na tabela.

Olhando para o que se passou nos últimos seis anos, observa-se que os países que permanecem no topo e no final da lista “raramente saem da sua posição – indicando que o tema ‘paz’ aprisiona nas duas extremidades”, interpreta Steve Killelea, fundador e presidente do conselho executivo do Instituto para a Economia e a Paz.

Todas as regiões, incluindo o Médio Oriente e o Norte de África viram uma melhoria nos níveis de tranquilidade geral. Apesar disso, estas duas, continuam a ser as regiões menos pacíficas do planeta, reflectindo, no último ano, a “turbulência e instabilidade causada pela Primavera Árabe”, diz o relatório. Já vimos que a Síria foi o país que mais desceu no ranking, devido à guerra civil, seguido do Egipto e da Tunísia, depois das revoluções operadas.

Desde 2007 que os níveis de paz têm aumentado na África Subsaariana e na América do Norte. Quanto à América Latina, 16 dos 23 países analisados melhoraram as suas pontuação no IPG.

A Europa Ocidental continua, pelo sexto ano consecutivo, a ser a região mais pacífica do Mundo, com a maioria dos seus países no top 20. Contudo, nos dez primeiros lugares estão estados de outros continentes como a Nova Zelândia, em terceiro, o Canadá em quarto, seguido do Japão.

O que mudou?

As principais razões para o aumento da paz no mundo são económicas. Ou seja, deve-se aos cortes que os diversos governos têm feito a nível da defesa, devido à crise económica que o mundo atravessa. “O que é flagrante no resultado deste ano e da tendência de seis anos é a mudança nas prioridades globais, As nações tornaram-se mais pacíficas concorrendo a nível económico e não medindo as suas forças militares”, avalia Steve Killelea.

Seis dos principais países em termos de gastos militares – Brasil, França, Alemanha, Índia, Reino Unido e EUA – cortaram nos seus orçamentos de defesa em 2011.

O responsável dá o exemplo da África Subsaariana onde as guerras regionais diminuíram “com a União Africana tentando alcançar o desenvolvimento económico e a integração política”.

Contudo, nem tudo corre bem. Apesar de a paz ter voltado aos níveis de 2007, os conflitos internos aumentaram. “Isto é particularmente notável no aumento das fatalidades causadas por actos terroristas que aumentaram três vezes mais desde 2003”, acrescenta Killelea.

O responsável do instituto, uma organização norte-americana e australiana, sublinha ainda que existem ganhos a assinalar: é que, quando há mais paz, verificam-se quedas na corrupção e aumentos no Produto Interno Bruto per capita. Se o mundo fosse “totalmente pacífica em 2011, o benefício económico estimar-se-ia em sete milhões de milhões de euros. Esta quantia podia pagar "facilmente" a dívida europeia, bem como cumprir os objectivos para o milénio, traçados pelas Nações Unidas, conclui o relatório.

Para a elaboração deste estudo são tidos em conta indicadores como a escala de terror político, actos terroristas, gastos na defesa, sofisticação militar, número de armamento pesado por cada cem mil pessoas, nível de percepção da criminalidade, manifestações violentas, número de homicídios por cada cem mil pessoas ou o nível de crimes violentos.