Morreu a Nobel da Economia Elinor Ostrom

A norte-americana Elinor Ostrom, galardoada com o Nobel da Economia em 2009, morreu nesta terça-feira aos 78 anos, de cancro no pâncreas, anunciou a Universidade de Indiana, onde trabalhava desde 1965

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Ostrom defendeu que, quando o serviço funciona em pequena escala, os cidadãos “conhecem a sua polícia e têm confiança nela” Foto: Casper Christoffersen/Scanpix Denmark/Reuters

A Universidade de Indiana declarou ter perdido um “tesouro magnífico e insubstituível”, segundo cita a AFP.

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A Universidade de Indiana declarou ter perdido um “tesouro magnífico e insubstituível”, segundo cita a AFP.

Ostrom recebeu o Nobel da Ciência Económica de 2009 em conjunto com Williamson, também norte-americano, pelo trabalho desenvolvido na área de investigação e análise da governação económica.

Ostrom demonstrou, nas suas investigações, como a propriedade comum pode ser gerida de uma forma rentável pelas associações de utilizadores. A ideia por trás deste conceito é a de que, quando existe um bem comum finito, como o recurso da água, e uma série de indivíduos a procurar maximizar o seu interesse próprio, o resultado é que cada um dos indivíduos vai utilizar o mais que pode esse recurso comum.

Numa entrevista à revista francesa Le Nouvel Observateur, publicada pela Visão em Novembro do ano passado, Elinor Ostrom sublinhava que, quando “a gestão de determinado recurso é feita a longo prazo e quando as várias partes envolvidas se conhecem e ganham confiança recíproca”, a gestão dos bens comuns corre bem. “Quando o serviço funciona em pequena escala, os cidadãos conhecem a sua polícia e têm confiança nela”, acrescentava.

Elinor Ostrom lembrava ainda que, apesar de os economistas já se interessarem pelo estudo dos bens comuns, “eram incapazes de sair dos modelos tradicionais e partiam sempre do princípio de que a autogestão era impossível”.

O universo dos economistas, sustentava, ruiu em 1980, “quando estudos demonstraram que a autogestão funcionava em todo o mundo, por muito pouco que utilizadores conseguissem organizar-se para racionalizar a gestão”. “Agora, que estamos na iminência de grandes alterações climáticas e da destruição de recursos ecológicos essenciais, como o ar, a água ou a biodiversidade, as ciências sociais dedicam-se cada vez mais à gestão dos bens comuns. Para enfrentar a questão de forma dinâmica podemos usar a teoria da policentricidade”.

Quando, em 2009, o Nobel foi atribuído a Ostrom e Williamson, o economista João César das Neves, que escreveu um livro sobre os prémios e os premiados na história do Nobel da Economia, comentou que a escolha dos dois académicos era um prémio ao “controlo interno da empresa, a sua organização e o seu funcionamento, numa tentativa de reacção à crise”.