Bushfire, o festival de artes da Suazilândia
Trata-se do maior festival de música e artes do país e um dos mais aclamados pelos vizinhos Moçambique e África do Sul. Diz-se que quem lá vai, volta. Ou pelo menos tenta
No último fim de semana de Maio, a Suazilândia ardeu com a energia do Bushfire. Trata-se do maior festival de música e artes do país e um dos mais aclamados pelos vizinhos Moçambique e África do Sul. Diz-se que quem lá vai, volta. Ou pelo menos tenta.
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No último fim de semana de Maio, a Suazilândia ardeu com a energia do Bushfire. Trata-se do maior festival de música e artes do país e um dos mais aclamados pelos vizinhos Moçambique e África do Sul. Diz-se que quem lá vai, volta. Ou pelo menos tenta.
Na sua sétima edição, o Bushfire, Festival Internacional das Artes da Suazilândia, conta já com um público fiel que marca com meses de antecedência alojamento para garantir a sua presença no Vale Ezulwini. A House on Fire, casa da organização, alia o que se pode chamar de arquitectura afro-gaudiana com as montanhas e ar puro da Suiça africana. Montes, bichos, um palco, um celeiro, uma feira de artesanato e outra de comida, gentes diferentes e montes de relva verdinha, mesmo pronta a servir de acampamento base, para o dia e para a noite. Tudo para justificar a presença de mais de 15 mil pessoas em apenas três dias.
Os heróis da festa
São, contudo, aspectos mascarados por outro tão nobre quando o nome: os Young Heroes. Trata-se da vertente de responsabilidade social do festival que, aliás, é transversal a todas as atividades. Significa que todos os lucros do evento vão para a Young Heroes, uma associação sem fins lucrativos que apoia e dá uma nova vida aos órfãos zuasis do HIV SIDA. Estima-se que um terço da população do reino seja vítima desta doença, elevando um dos países mais pequenos para um dos mais contaminados do mundo.
Outro lado imperdível do Bushfire, são as experiências que se provam. É a feira de artesanato, a gastronomia, as pessoas, a vibração. Malas de rafia e plástico, directamente do Zimbabué, que dão boas clutches para casamentos na Europa, jóias em forma de conchas e búzios de uma viajante do mundo ou colares de papel pintado de ouro e prata, são algumas das atrações imperdíveis para estes novos festivaleiros. Como tempero, vinho quente com canela — para esquecer o frio alpino do Inverno que começa —, crepes dos Hare Krishna, boereworst (salsinha sul-africana) grelhado, pizzas gordurosas, muesli biológico, chás e chai e até sushi do verdadeiro, com salmão fumado, wasabi e pauzinhos.
Evidente que festival que é festival não está completo sem a (boa) música. O aplauso vai para Jeremy Loops, o homem banda com banda, de Cape Town, que fez todos dançar no palco principal, sábado à noite. Tão bom que repetiu a dose no dia seguinte, na House on Fire. Também a nigeriana Ayo, o reggae dos moçambicanos Napalma, os sul-africanos Tonik “uma sala cheia de gente ouvindo boa música em silêncio” e o progressivo Saul Williams que veio de Nova Iorque de propósito para o Bushfire. Para o ano há mais.