Primavera Sound chegou ao fim com o olho no Porto
Era suposto ser a noite de Björk, mas devido a um problema nas cordas vocais a islandesa não pôde viajar até Barcelona para actuar. Foi substituída pelos Saint Etienne, que não a conseguiram fazer esquecer. Björk fez falta no último dia de festival espanhol, que terminou com os franceses Justice.
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Era suposto ser a noite de Björk, mas devido a um problema nas cordas vocais a islandesa não pôde viajar até Barcelona para actuar. Foi substituída pelos Saint Etienne, que não a conseguiram fazer esquecer. Björk fez falta no último dia de festival espanhol, que terminou com os franceses Justice.
Apesar de Alberto Guijarro, director do Primavera Sound, ter dito na conferência de imprensa de balanço do festival que foram poucas as devoluções de dinheiro dos bilhetes por causa do cancelamento do concerto de Björk, a verdade é que se notou um decréscimo no público. Talvez por cansaço, depois de quilómetros e mais quilómetros percorridos no recinto ao longo dos três dias, ou por falta de energia de alguns concertos, foi notório que o ambiente era de fim de festa.
Ainda assim, foi uma festa que terminou em apoteose com a dupla francesa Justice, que conseguiu que as milhares de pessoas que assistiam ao concerto não conseguissem ficar paradas. À frente do palco a energia era de pura festa, com direito a moche e corpos a voar por entre a multidão. Tiveram a maior enchente da noite.
Beach House, The Weeknd e Chromatics
Muito procurados pelo público, foram também os Beach House, que apresentaram em Barcelona o recém-editado “Bloom”. Com um concerto intimista, a dupla norte-americana não desiludiu e conseguiu hipnotizar as milhares de pessoas ao som do seu dream pop. Se há dois anos, quando passaram pelo Primavera Sound, os Beach House eram uma daquelas pequenas bandas do festival, no sábado tiveram um concerto digno de cabeças de cartaz.
Ficar surpreendido depois dos Beach House não foi tarefa fácil mas os Chromatics, que subiram ao palco Pitchfork logo a seguir, apresentaram-se como o complemento perfeito. A banda, que tem dado que falar este ano com o álbum “Kill for love”, provou que também ao vivo as suas melodias funcionam. Acabaram o concerto com “Hey Hey My My (Into The Black)”, uma cover de Neil Young. Seguiu-se depois The Weeknd, que não conseguiu convencer a audiência, já reduzida, e logo depois os Washed Out. Do outro lado, no palco vice tocavam os espanhóis Mujeres, que apesar de estarem a actuar ao mesmo tempo dos Justice conseguiram conquistar o public com o seu rock cru.
Quem parece não ter convencido muito o público foram os veteranos Yo La Tengo. Sem grandes rasgos de energia, faltou a ligação com a audiência, ao contrário, por exemplo, dos Shellac, que continuam com energia para dar e vender, como se costuma dizer. Os Wild Beasts e os Neon Indian conseguiram encher o palco Ray Ban, enquanto Jamie XX dava música no palco Vice.
Antes de toda a festa, o dia começou de forma branda com a norte-americana Sharon van Etten. E logo de seguida os Kings of Convenience. Depois de no ano passado ter passeado de barco com os festivaleiros de Paredes de Coura, desta vez Erlend Oye também chegou mais cedo e espalhou a sua magia. Durante o concerto disse que não podia ter perdido por nada os The Cure, que tanto o influenciaram, mas houve também quem tivesse dançado com ele durante os The Rapture.
O festival continuou ontem, domingo, na cidade com alguns concertos gratuitos mas o Primavera “a sério”, como muitos lhe chamam fechou portas no sábado. A organização fez um saldo positivo e somou mais de 150 mil pessoas durante os cinco dias de festival, dois deles na cidade e gratuitos. Pela primeira vez não se despediram com um até para o ano mas sim com um até já. “Vemo-nos no Porto.”