Morar em Londres: a experiência de Lúcia Nunes, 30 anos

Queremos saber o que pensam jovens emigrantes portugueses das cidades onde agora vivem. Histórias de gente comum como Lúcia, que desenvolve em Londres várias actividades: desde a produção cinematográfica a anfitriã em estádios de futebol

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Há pessoas que nunca estão satisfeitas. Procuram sempre mais. Sentem uma necessidade incontrolável de desenvolverem as suas capacidades. Mas também procuram respeito e reconhecimento pelo seu trabalho. Algo que Lúcia Nunes, 30 anos, não conseguia em Portugal. Como tal decidiu aventurar-se no estrangeiro — partiu para Londres há quatro anos.

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Há pessoas que nunca estão satisfeitas. Procuram sempre mais. Sentem uma necessidade incontrolável de desenvolverem as suas capacidades. Mas também procuram respeito e reconhecimento pelo seu trabalho. Algo que Lúcia Nunes, 30 anos, não conseguia em Portugal. Como tal decidiu aventurar-se no estrangeiro — partiu para Londres há quatro anos.

O objectivo? Encontrar “melhores condições de vida e fazer um mestrado na área do marketing para as indústrias criativas”, confessando ainda que, por cá, apesar de ter experiência nesta área de actividade, “as oportunidades eram poucas ou então mal remuneradas”. Actualmente, Lúcia estuda e trabalha em várias áreas de actividade, desde a produção cinematográfica a anfitriã em estádios de futebol.

Lúcia estudou Ciências do Desporto e Marketing na Universidade da Covilhã e decidiu mudar-se para o Reino Unido, uma decisão da qual não se arrepende. Aliás, “antes pelo contrário". "Foi uma decisão difícil mas das mais acertadas”, acredita Lúcia, uma vez que as oportunidades de trabalho são muitas. “Já fiz todo o tipo de trabalhos, desde a restauração à hotelaria”, revela.

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Jorge Baldaia escreve quinzenalmente a rubrica Notícias do Lado de Lá

Neste momento acumula um emprego de "media analyst" com o de anfitriã em estádios de futebol, como os do Arsenal ou Tottenham, ou ainda de assistente de produção na Dakus Films, que dentro em breve lançará um documentário sobre um dos mitos do Jazz, Titus. Como a própria diz “sou uma pessoa que não consegue estar parada, por isso esta cidade é perfeita para mim”.

Lúcia diz adorar a cidade. "Tem tudo o que é mau e tudo o que é bom. É preciso saber tirar partido e o melhor beneficio do que nos oferece”, diz. E não tem dúvidas sobre o que mais gosta, como a “actividade cultural, a diferença de culturas, a liberdade criativa, os concertos de bandas em pubs pequenos que, um dia, se tornam no maior sucesso discográfico” e, em particular, “as leis de protecção aos recibos verdes e ao trabalho não remunerado e precário”.

Mas nem tudo é bom. Algo que a incomoda é “a mentalidade de alguns ingleses, que, recentemente, e devido à crise, culpabilizam os imigrantes pela falta de emprego". "Mas felizmente nem todos pensam dessa forma e percebem bem o sentido da multiculturalidade, especialmente em Londres”, conclui.

Lúcia considera que há muitas diferenças culturais entre a sociedade britânica e portuguesa. "Esta é uma cultura que está sempre, ou quase sempre, interessada na opinião dos outros. E assumem as coisas com frontalidade. Isto faz toda a diferença. Além disso o mercado de trabalho funciona com base na competência. Se fores um bom profissional tens possibilidades de fazer carreira”, diz Lúcia.

Pensa que nós “somos bons em várias coisas". "Acho apenas que as mentalidades têm de mudar, precisamos de uma revolução de ideias”. Isso e uma urgente renovação nas organizações de responsabilidade, “que são governadas e geridas por pessoas medíocres, em particular os nossos políticos”, salienta.

Olhando para o futuro Lúcia Nunes admite não pensar em “regressar a Portugal tão cedo". E explica o porquê: "Acredito que é fundamental que as mentalidades mudem e, para isso, ainda vai demorar muito tempo. Mas tenho imensas saudades do nosso calor lusitano, da comida, da praia, das serras e da família. O ideal seria viver as condições de Londres com tudo o que é bom de Portugal”.