Vasco Mendes: o jovem realizador, viciado em música, que quer fazer (mais) videoclipes

Já há um burburinho em torno deste nome. Tem 24 anos, gosta de realizar videoclipes, de brincar com a edição e para o teaser do Primavera passeou com parte de uma bateria pelo Porto.

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Vasco Mendes tem 24 anos, é do Porto e filma com uma Canon EOS 60D Joanica Cardoso

Trabalha a três metros da cama e, provavelmente, terá sido a três metros da cama que finalizou alguns dos vídeos que o têm afirmado como jovem realizador português.

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Trabalha a três metros da cama e, provavelmente, terá sido a três metros da cama que finalizou alguns dos vídeos que o têm afirmado como jovem realizador português.

No videoclipe de estreia do projecto de “rockuduro” Throes + The Shine, no minidoc dos Dealema, na curta Gira-Saia, vencedora do concurso Portivity, e até em algumas das imagens do teaser do Optimus Primavera Sound, quem está por detrás da câmara é sempre ele — Vasco Mendes, videasta que aos 24 anos já pode dizer que teve um especial em nome próprio no Canal 180.

A sair estão novos trabalhos com Ana “Capicua” e The Weatherman. Videoclipes, sim, porque a realização de filmes — curtas, longas — vem “com o tempo”, “vai-se aprendendo”. Primeiro há que experimentar.

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Dos vídeos de Natal ao crime perfeito

Começou no vídeo, depois de uns anos “perdido”. Queria tudo, estudou tudo. Ciências, luz e sonoplastia, humanidades, por fim. No “último 12.º ano”, ao ter aulas à noite, ficou com mais tempo livre. Ocupou-o a fazer vídeos, com a câmara que o pai, fotógrafo, tinha comprado para filmagens caseiras. “Filmava o que queria e o que me apetecia. Vídeos de Natal em que punha toda a família a interpretar, por exemplo.”

Mas esta história pode ter um outro princípio. Com 13, 14 anos, fazia parte de uma associação de teatro de rua no Porto. Como Vasco era o “mais tímido”, os amigos incumbiram-no das luzes, do fumo, da música e, claro, do vídeo.

O namoro entre o vídeo e a música começou naturalmente, em 2006, quando quis filmar o concerto de uma banda de tributo aos Led Zeppelin, na Festa do Avante. Na altura não tinha câmara e sabia que o avô guardava uma no armário. Deu-se o crime perfeito: “roubei-a, mas antes tirei fotografias à prateleira para voltar a pôr tudo no sítio.” Foi o primeiro vídeo que pôs no YouTube, o primeiro que justificou um logótipo “manhoso”, aquele que marcou realmente um “início”.

É preciso ter respeito pela fotografia

Quando recebeu a sua primeira câmara, uma handycam discreta, passou a andar sempre com ela. Entrou em Cinema, na Universidade da Beira Interior, e automaticamente passou a documentar tudo. “Hoje devo ter 30 mil, 40 mil ficheiros de arquivo.” Desorganizado, é certo, mas tudo a seu tempo.

Não se pode sair da universidade e só aceitar trabalhos como realizador

“Portas abrem portas”

A música nunca deixa de aparecer. Foi o tema do primeiro filme na licenciatura, é o motor de pequenos vídeos que monta na cabeça quando anda na rua (muitas vezes de bicicleta), é o que lhe tem garantido algum rendimento. Como? “Palavra passa a palavra, portas abrem portas, trabalhos abrem trabalhos”, diz Vasco.

“Ajudou muito fazer os primeiros vídeos só para mim. Deu para experimentar bocadinho, aplicar técnicas de montagem. Depois as pessoas começaram a ver os meus trabalhos no meu blogue e começaram a arriscar pedirem-me.” Entre os vídeos à socapa, como o de Kap Bambino, na Casa da Música, e as brincadeiras, como a sinfonia operática do Milhões de Festa ou o resultado de uma escala de seis horas no aeroporto de Frankfurt, começaram a surgir trabalhos, colaborações. O primeiro videoclipe encomendado, por exemplo, foi para para a música You + Me das Screaming Orphans (que fez, sem nunca as conhecer pessoalmente).

A colaboração com a Videoteca Bodyspace abriu caminho para o videoclipe de Batida que marca a estreia de Throes + The Shine. O minidoc com a produtora Filmesdamente para o Canal180 proporcionou mais colaborações e a participação, juntamente com André Tentugal e João Marques, no teaser do Optimus Primavera Sound — carregou parte de uma bateria (mais propriamente um tom ou surdo) durante um dia pela cidade e filmou umas 60 pessoas a tocar.

Sentes-te um realizador? “Todos o queremos ser lá no curso. É o meu grande plano.” Está nos planos de Vasco fazer um filme, uma curta, até um documentário na aldeia da mãe, mas ainda não é tempo. Importante é não largar a sua Canon EOS 60D, deixar a sua “visão do mundo”, a sua “marca no mundo físico” e não “fechar trabalhos a outras áreas”. E o Primavera, como vai ser? “Gostava muito de ir e de filmar os Flaming Lips... então se eles andarem com aquela bolha em cima das pessoas.” Fica a proposta.