Primavera: a noite em que os portugueses mostraram que também sabem fazer rock
Chegaram quase sem serem anunciados e puseram os espanhóis, entre muitos outros festivaleiros, a dizer o seu nome. Como é que se diz? Quem são estes? Ouvia-se pela audiência dançante que ao som das poderosas baterias de Quim Albergaria e Hélio Morais não conseguia ficar parada. “Nós somos os PAUS, é P,A,U,S”, gritou Hélio Morais no fim de um concerto que durou cerca de uma hora.
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Chegaram quase sem serem anunciados e puseram os espanhóis, entre muitos outros festivaleiros, a dizer o seu nome. Como é que se diz? Quem são estes? Ouvia-se pela audiência dançante que ao som das poderosas baterias de Quim Albergaria e Hélio Morais não conseguia ficar parada. “Nós somos os PAUS, é P,A,U,S”, gritou Hélio Morais no fim de um concerto que durou cerca de uma hora.
Foram uma confirmação de última hora, para substituir o norte-americano El-P que cancelou o concerto de Barcelona e do Porto por motivos familiares, mas nem isso, nem o facto de se estarem a estrear no Primavera Sound, foi algum impedimento para os portugueses, que logo aos primeiros toques de bateria puseram a audiência em sentido, mostrando que cá estiveram para deixar a sua marca.
Tocaram à luz do dia no Palco ATP, minutos depois de os Linda Martini terem terminado um concerto também ele muito animado e concorrido. Hélio Morais, baterista de ambas as bandas, pouco tempo teve para descansar e, se cansaço havia, é seguro dizer que ninguém o viu. No fim do concerto, atirou-se até para o público, que o recebeu de braços no ar. “Obrigado Espanha, obrigado Primavera. Nós somos os PAUS”, gritou a banda no fim para os milhares de festivaleiros que a aplaudiram durante largos minutos.
“Que surpresa, formidável. Conhecias isto?”, perguntou-me um espanhol, quando percebeu que a banda não me era estranha, pedindo para que lhe escrevesse o nome num papel. “É que eles não estão no programa e quero pesquisar”, continuou. A avaliar pelo interesse geral do público e pelos gritos, e pelos saltos, e pelas mãos no ar, e por tudo a que o concerto teve direito, El-P não terá sido lembrado por muitos.
Muitos quilómetros, muitas escolhas
Logo depois, a agitação habitual. Afinal existem mais sete palcos e estão todos em acção. Há muito para ver mas também muito para andar. Ao final do dia são alguns os quilómetros percorridos e, pior do que isso, é que são também alguns os concertos perdidos. É preciso traçar um mapa e escolher. Escolher muito.
Foi sem estranheza que o palco Mini se encheu para os Death Cab for Cutie e também não foi estranho o movimento e a correria no final do concerto para o Palco San Miguel, onde às 23h00 subiram ao palco os Wilco, que provaram que o rock não tem idade. Ao mesmo tempo dos Wilco actuaram os Beirut. Não tiveram uma enchente mas ainda se ouviram muitos coros. A meio caminho, no palco ATP, actuavam os elétricos The Oh Sees.
Voltando novamente ao Mini, que compete em concertos e em enchentes com o palco principal, seguiram-se a Beirut, os muitos esperados The xx. “Estávamos com medo da noite de hoje mas não podia estar a correr melhor, obrigado Barcelona”, disse Oliver Sim, lembrando a última passagem da banda pelo festival em 2010. Durante mais de uma hora ouviram-se êxitos como “Crystalised”, “VCR” ou “Basic Space” mas também músicas novas do álbum “Coexist”, que vai chegar às lojas em Setembro. O palco encerrou com os Spiritualized, que tocaram aos mesmo tempo que os Franz Ferdinand.
Sem grandes novidade, entre um ou outro momento mais parado e aborrecido, os Franz Ferdinand fizeram a festa com o habitual “Take me out” e o “This Fire”. A noite acabou já quase de manhã e com muitas guitarras. Wolves in The Throne Room, Japandroids, Erol Alkan e Spoek Mathambo encerraram a primeira noite de rock.
Hoje, 1 de Junho, a festa continua e no palco San Miguel já se ouve Rufus Wainright. No Mini estão os Girls. Lá teremos de escolher.