Sérvia: entrar para a União Europeia e manter o Kosovo?

A pressão internacional sobre Belgrado acabará por tornar impossível esta equação que já é muito difícil para os sérvios

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Reuters

Esteve recentemente em Portugal uma delegação parlamentar do Kosovo. Passaram manhãs e tardes na Assembleia da República em reuniões com os grupos parlamentares portugueses, a quem deram conta da situação no território e nos Balcãs e testemunharam o generalizado desconhecimento português sobre uma decisiva região da Europa.

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Esteve recentemente em Portugal uma delegação parlamentar do Kosovo. Passaram manhãs e tardes na Assembleia da República em reuniões com os grupos parlamentares portugueses, a quem deram conta da situação no território e nos Balcãs e testemunharam o generalizado desconhecimento português sobre uma decisiva região da Europa.

Foram ao Cristo-Rei mas quem os guiou não lhes soube ou não quis dizer que aquela ponte é 25 de Abril porque é dia da Revolução depois de ter sido Salazar que foi um ditador como também eles já tiveram.

Entre os parlamentares kosovares em Lisboa, esteve o secretário-geral do Partido Liberal Independente, Petar Miletic, que tive oportunidade de conhecer há uns anos nos EUA enquanto "fellows" do German Marshall Fund.

O partido de Petar participa nas instituições do país cuja independência a Sérvia de Petar não reconhece. E de Belgrado sofre pressões para não sustentar a maioria do governo do partido do kosovar albanês Hashim Thaçi em Pristina, como de Mitrovica norte sofreu as pressões - e os tiros, com uma bala ainda alojada numa perna - dos sérvios que não aceitam a independência do Kosovo nem a participação dos seus na vida do país.

A Miletic e aos seus assiste a força da razão. Não é perpetuando guetos e ficando à espera dos subsídios de Belgrado em troca de uma desestabilização tão subliminar quanto ultrapassada, que os sérvios do Kosovo podem levar a vida para a frente. Ter um partido sérvio na coligação de governo do Kosovo  significa para a minoria no território ter escolas, jardins-de-infância, estradas e mais empregos. Significa não ter de emigrar, como tantos milhares de jovens qualificados sérvios tiveram de fazer na última década, ainda que não tivessem nenhum governante a sugeri-lo. Significa futuro.

Uns já entenderam isso. Outros, a maioria dos quais em Belgrado, talvez não. E não se adivinha que a coisa mude com a vitoria de Tomislav Nikolic, no surpreendente desfecho das presidenciais sérvias do passado dia 20. Bem pelo contrário. A pressão internacional sobre Belgrado acabará por tornar impossível uma equação já muito difícil para os sérvios: entrar para a UE mantendo o Kosovo.