Marley
É verdade que o reggae é uma música descontraída, mas isso não serve de desculpa ao escocês Kevin Macdonald para o seu olhar sobre o homem que popularizou o género, Bob Marley, ser um objecto tão soporífero. Macdonald, que começou como documentarista antes de passar à ficção com bons resultados em O Último Rei da Escócia (2006) e Ligações Perigosas (2009), não é Martin Scorsese, originalmente escalado para assinar este olhar autorizado sobre a vida do músico jamaicano (supervisionado por Neville Garrick, cúmplice criativo de Marley em vida, e co-financiado pelo filho Ziggy e pelo seu editor Chris Blackwell). Daí que, apesar de um exaustivíssimo trabalho de pesquisa de imagem e de entrevistas com praticamente toda a gente que significou alguma coisa na vida e na carreira de Marley, esta transversal biográfico-artística se resuma na prática a um convencionalíssimo documentário de “cabeças falantes” e imagens de arquivo que faria bem mais sentido no pequeno écrã caseiro. Ganha-se no modo como revela a espaços mais da pessoa por trás da fachada, e não foge forçosamente das questões difíceis (a saída de Bunny Livingston, a poligamia de Marley), mas prefere sempre deixar na sombra as zonas mais equívocas (o período em que Marley e os Wailers acompanharam Johnny Nash é sumariamente ignorado). Na prática, é apenas um digest da “história oficial” alinhado de modo certinho mas sem sinais particulares.
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É verdade que o reggae é uma música descontraída, mas isso não serve de desculpa ao escocês Kevin Macdonald para o seu olhar sobre o homem que popularizou o género, Bob Marley, ser um objecto tão soporífero. Macdonald, que começou como documentarista antes de passar à ficção com bons resultados em O Último Rei da Escócia (2006) e Ligações Perigosas (2009), não é Martin Scorsese, originalmente escalado para assinar este olhar autorizado sobre a vida do músico jamaicano (supervisionado por Neville Garrick, cúmplice criativo de Marley em vida, e co-financiado pelo filho Ziggy e pelo seu editor Chris Blackwell). Daí que, apesar de um exaustivíssimo trabalho de pesquisa de imagem e de entrevistas com praticamente toda a gente que significou alguma coisa na vida e na carreira de Marley, esta transversal biográfico-artística se resuma na prática a um convencionalíssimo documentário de “cabeças falantes” e imagens de arquivo que faria bem mais sentido no pequeno écrã caseiro. Ganha-se no modo como revela a espaços mais da pessoa por trás da fachada, e não foge forçosamente das questões difíceis (a saída de Bunny Livingston, a poligamia de Marley), mas prefere sempre deixar na sombra as zonas mais equívocas (o período em que Marley e os Wailers acompanharam Johnny Nash é sumariamente ignorado). Na prática, é apenas um digest da “história oficial” alinhado de modo certinho mas sem sinais particulares.