E se agora fosse Timor a ajudar Portugal? Os presidentes não dizem “não”

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A possibilidade da ajuda a Portugal já tinha sido levantada pelo ex-Presidente Ramos Horta; o novo chefe de Estado também não diz que não. “Nos últimos dez anos, Timor-Leste tem recebido mais apoio de Portugal do que Timor tem dado a Portugal. Mas também nos pode interessar pensar na possibilidade discutir algo que também possa interessar a Portugal”.

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A possibilidade da ajuda a Portugal já tinha sido levantada pelo ex-Presidente Ramos Horta; o novo chefe de Estado também não diz que não. “Nos últimos dez anos, Timor-Leste tem recebido mais apoio de Portugal do que Timor tem dado a Portugal. Mas também nos pode interessar pensar na possibilidade discutir algo que também possa interessar a Portugal”.

Sendo Timor-Leste hoje um país que quase se auto-sustenta com o dinheiro do petróleo, que desde 2005 já fez entrar mais de dez mil milhões nos cofres do Estado, e com Portugal em sérias dificuldades económicas, estas são razões para Taur Matan Ruak dizer que, embora o assunto nunca tenha sido debatido, está aberto “para discutir o assunto”.

Cavaco Silva começou por salientar que o desejo maior é que a relação entre os dois países “seja mutuamente benéfica” e que a cooperação “seja vantajosa para Portugal, mas, em primeiro lugar, para Timor”. “Todos sabem que Timor, com uma grande sabedoria dos seus líderes, construiu um fundo do petróleo pensando nas gerações futuras. Fugindo, portanto, à tentação de gastar tudo no momento em consumo e construir um desenvolvimento com pés muito frágeis”, acrescentou o Presidente português, lembrando logo a seguir que os “fundos soberanos, que existem em muitos países, procuram aplicações rentáveis para os fundos que retêm”.

“Se alguma vez, o fundo de petróleo olhar para Portugal e considerar que alguma aplicação feita lá é tão rentável, ou mais rentável daquelas que fez, por exemplo, em obrigações do tesouro norte-americano, é uma escolha livre dos timorenses”, concluiu.

Cavaco Silva e Taur Matan Ruak voltaram a encontraram-se na tarde deste domingo, para assinarem protocolos de ajuda de Portugal a Timor nas áreas das fronteiras marítimas e da formação de diplomatas, numa reunião em que também participaram os ministros dos negócios estrangeiros dos dois países, Paulo Portas e Zacarias da Costa.

Cavaco Silva iniciou no sábado a sua primeira visita de Estado a Timor-Leste, que hoje festeja os dez anos da restauração da independência, numa deslocação que se prolonga até terça-feira. O Presidente República parte depois para a Indonésia, naquela que será a primeira visita de um Chefe de Estado português àquele país.

As reportagens em Timor-Leste são financiadas no âmbito do projecto Público Mais.