Joey Johnson, a lenda paralímpica despede-se em Londres
Força, talento e perseverança. Joey Johnson combina estas três virtudes como poucos. Aos 36 anos, o poste canadiano prepara a sua última participação nos Paralímpicos — cinco consecutivos. O P3 ouviu a sua história
Medalha de ouro em Sydney 2000 e Atenas 2004, campeão do mundo em 2006, na Holanda, vencedor de cinco Champions Cup’s (liga dos campeões de clubes do basquetebol em cadeira de rodas - BCR), oito campeonatos da Alemanha... O currículo de Joey Johnson é longo, provavelmente inigualável, mas a carreira do jogador canadiano não se esgota em méritos pessoais e em números. “Ajudei a recrutar outros jogadores para a equipa (Lahn Dill), assim como o nosso sucesso tem ajudado a que isso aconteça. Sou capitão há seis anos e sinto que todos me olham como o líder”, afirma Joey.
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Medalha de ouro em Sydney 2000 e Atenas 2004, campeão do mundo em 2006, na Holanda, vencedor de cinco Champions Cup’s (liga dos campeões de clubes do basquetebol em cadeira de rodas - BCR), oito campeonatos da Alemanha... O currículo de Joey Johnson é longo, provavelmente inigualável, mas a carreira do jogador canadiano não se esgota em méritos pessoais e em números. “Ajudei a recrutar outros jogadores para a equipa (Lahn Dill), assim como o nosso sucesso tem ajudado a que isso aconteça. Sou capitão há seis anos e sinto que todos me olham como o líder”, afirma Joey.
A aventura enquanto profissional teve um começo inesperado em 2000, na cerimónia de encerramento do torneio paralímpico, quando Joey Johnson celebrava a conquista da sua primeira medalha de ouro. “Fui tratado como uma estrela de rock. As pessoas vinham ter comigo, pediam fotos e pagavam-nos bebidas”. No meio da euforia, “um senhor veio ter comigo e disse ‘olá, o meu nome é Eino Okenon, estou a começar uma equipa na liga australiana, em Wollongong, e tu vais ser a nossa contratação”, conta ao P3.
Descrente, Joey Johnson deu o seu contacto “pensando que não vinha dali nada”. Contudo, “passadas duas semanas tinha um contrato e uma passagem de avião para regressar à Austrália”. A experiência agradou ao atleta natural de Winnipeg que, em 2004, na companhia do amigo Patrick Anderson – para muitos o melhor do mundo —, aceitou o convite do clube alemão RSV Lahn-Dill.
Com Johnson, de força emergente do BCR europeu, o conjunto germânico passou a colosso ao dominar nas competições internas e brilhar a nível europeu. A vitória na Champions Cup desta época, frente ao Galatasaray, elevou a equipa a recordista da competição em igualdade com os holandeses BC Verkerk.
Acarinhado por todos em Wetzlar, casa do RSV Lahn-Dill, Joey Johnson é visto como um dos grandes responsáveis na aproximação dos adeptos à modalidade. “Há 15 anos atrás, dizem que jogavam diante de 15/20 pessoas. Agora temos uma média de 1000 adeptos por jogo e já tivemos até 4000 pessoas”. No país de origem, o poste canadiano enaltece o “apoio do governo”, mas lamenta que o desporto ainda seja visto “como uma terapia.”
“Ao início, detestei o basket”
Joey Johnson iniciou a prática do basquetebol em cadeira de rodas após lhe ter sido diagnosticada a doença degenerativa da anca Legg-Calvé-Perthes aos oito anos. A impossibilidade de continuar a praticar a sua modalidade de eleição, o hóquei, os pais de Joey apressaram-se a encontrar uma alternativa. “Encontraram um clube de desportos em cadeira de rodas chamado Manitoba Wheelchair Sports Association. “Ao início detestei o basket. Não era forte o suficiente para lançar a bola ao cesto e era muito mais pequeno que os outros”, revela.
Mas continuou, muito por culpa do irmão Bill. “O BCR foi uma oportunidade de continuarmos a competir um contra o outro. No Canadá, pessoas sem deficiência podem jogar na liga e o meu irmão joga e treina há cerca de 20 anos” Actualmente, Bill é treinador da selecção feminina canadiana de BCR e Joey um dos nomes mais célebres da modalidade. Em Agosto, ambos partem em busca do ouro. Londres será palco da última presença de Joey numa grande competição internacional.
E depois dos Jogos? “Boa pergunta. Se arranjar emprego no Canadá gostava de voltar para casa com a minha família. Se não conseguir, talvez vá bater à porta de algumas equipas aqui na Europa”.