Facebook: decepção marca entrada em bolsa, apesar da valorização de 104 mil milhões
Acções do Facebook começaram esta sexta-feira, dia 18, a ser transaccionadas. A enorme procura atrasou o arranque do processo, que começou de forma decepcionante
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O Facebook colocou no mercado 421 milhões de acções, a 38 dólares cada. A rede social, que se estreou esta sexta-feira em bolsa, arrecada praticamente 16 mil milhões de dólares (12,6 mil milhões de euros). A operação é uma das maiores do género na história e a maior numa empresa de tecnologia. Dá ao Facebook uma valorização bolsista de 104 mil milhões de dólares.
A enorme procura das acções da rede social originaram uma falha que levou a um atraso no arranque do processo, afirmou um corrector citado pela Bloomberg. Nos primeiros minutos, as acções começaram a ser ser transaccionadas no Nasdaq acima dos 42 dólares. Pouco depois, chegaram a cair para muito perto dos 38 dólares, o preço inicialmente fixado para a oferta pública de venda, sendo depois vendidas por valores a rondar os 40 dólares.
As últimas semanas já tinham mostrado entusiasmo por parte dos investidores. No início do mês, o Facebook começou por anunciar um intervalo de preços entre os 28 e os 35 dólares por acção. Depois de uma tournée de charme de Mark Zuckerberg e de outros executivos de topo com vista a seduzir investidores, resolveu na quarta-feira subir a fasquia para os 34 a 38 dólares – acabando por fixar o preço no topo deste intervalo de valores.
Por comparação, em 2004 (estava ainda fresca a memória da bolha dot com), o Google acabou por ver-se forçado a cortar para um terço o preço que tinha inicialmente anunciado e a reduzir em 20% o número de acções a lançar em bolsa. No caso do Facebook, o número de acções disponíveis subiu 25%.
Nos últimos dias, porém, houve também investidores e analistas que manifestaram dúvidas sobre a capacidade da rede social para gerar lucros que justifiquem esta valorização bolsista.
Nos documentos que entregou ao regulador americano, a empresa admitiu que o aumento dos acessos a partir de smartphones e tablets reduziram o rácio de anúncios exibidos a cada utilizador e que estas plataformas são um desafio de rentabilização.
A franzir o sobrolho de alguns analistas está também a estrutura accionista, que dá a Mark Zuckerberg, de 28 anos, cerca de 28% de acções, mas um poder de voto a rondar os 56%. A empresa está, essencialmente, nas mãos do CEO, que também tem outros poderes especiais, como, em algumas circunstâncias, nomear um sucessor no cargo.