Morreu Dietrich Fischer-Dieskau, um dos maiores cantores líricos

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Dietrich Fischer-Dieskau em 2011 Britta Pedersen/AFP

Apesar de ter terminado a carreira em 1992, a voz de Dietrich Fischer-Dieskau, tida como única, ainda hoje é lembrada. Para a história ficam as suas interpretações da obra “Viagem de Inverno” (Winterreise), de Franz Schubert (1797-1828), especialmente entre 1950 e 1980.

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Apesar de ter terminado a carreira em 1992, a voz de Dietrich Fischer-Dieskau, tida como única, ainda hoje é lembrada. Para a história ficam as suas interpretações da obra “Viagem de Inverno” (Winterreise), de Franz Schubert (1797-1828), especialmente entre 1950 e 1980.

Nascido em Maio de 1925, Dietrich Fischer-Dieskau chegou à música depois da II Guerra Mundial e rapidamente se tornou num dos maiores cantores da sua geração.

Antes da guerra, Fischer-Dieskau tentou mas não se conseguiu dedicar-se em pleno, uma vez que foi um soldado recruta no conflito. Em 1945 foi mesmo capturado pelos americanos em Itália, tendo estado quase dois anos preso. Numa entrevista ao The Guardian, o barítono disse uma vez que para se aguentar nesta altura pensou apenas que tinha de sobreviver. “Tens de te manter focado ou então acabas por morrer. Este foi sempre o meu pensamento”, disse Fischer-Dieskau.

Em 1962 foi convidado pelo compositor britânico Benjamin Britten (1913-1976) a interpretar a primeira apresentação de “War Requiem”, escrito para a abertura da nova Catedral de Coventry, cidade devastada na II Guerra e considerado o mais comovente manifesto pacifista do século XX.

Dietrich Fischer-Dieskau ficou famoso ainda com as suas interpretações de lieder, músicas alemãs compostas para voz e piano. O The Guardian escrever que o alemão foi “um verdadeiro gigante da ópera”, lembrando a descrição que a soprano Elisabeth Schwarzkopf uma vez fez: “Um deus nascido que tem tudo”.

Ao longo da sua carreira, Fischer-Dieskau foi uma presença regular na Casa da Ópera de Berlim, de Viena, no Covent Garden, em Londres, e Carnegie Hall, em Nova Iorque.

Para o presidente da Academia Alemã das Artes, Klaus Staeck, a contribuição do barítono “foi fenomenal”. “As suas interpretações de alguns dos maiores papéis da história da ópera moldaram a cultura do canto”, disse o presidente em comunicado, citado pela BBC.

Em 2005, os seus 80 anos foram celebrados não apenas na Alemanha como em todo o mundo com diversas cerimónias e prémios. Chegou às lojas a sua biografia assinada por Hans Neunzig, a sua ampla discografia foi reeditada em colecções especiais e o próprio barítono deu uma série de entrevistas, a partir de sua casa em Berlim, e que foram transmitidas em directo na Internet.

Notícia actualizada às 16h10