Era Uma Vez na Anatólia
Uma surpresa tanto maior quanto Nuri Bilge Ceylan não tinha ainda transcendido a etiqueta preguiçosa de discípulo de Antonioni e de representante oficial da Turquia na internacional do cinema de autor, Era uma Vez na Anatólia é um filme de estarrecer. Neste policial existencialista tão desacelerado como surpreendentemente tenso, a busca de um cadáver na Turquia rural torna-se num microcosmos da condição humana, filmado com um virtuosismo quase ofensivo e uma sensibilidade extraordinária. É verdade que Era Uma Vez na Anatólia é programático no seu jogo de dicotomias (campo/cidade, culpa/inocência), e que nunca fugimos à consciência sisuda de Ceylan estar a fazer “obra” séria e significativa. Mas, face à magistral construção narrativa “em câmara lenta”, à subtileza das interpretações, à humanidade que se desprende do formalismo preciso e observacional, isso quase parece vontade de arranjar defeitos a um dos melhores filmes que vimos este ano.
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Uma surpresa tanto maior quanto Nuri Bilge Ceylan não tinha ainda transcendido a etiqueta preguiçosa de discípulo de Antonioni e de representante oficial da Turquia na internacional do cinema de autor, Era uma Vez na Anatólia é um filme de estarrecer. Neste policial existencialista tão desacelerado como surpreendentemente tenso, a busca de um cadáver na Turquia rural torna-se num microcosmos da condição humana, filmado com um virtuosismo quase ofensivo e uma sensibilidade extraordinária. É verdade que Era Uma Vez na Anatólia é programático no seu jogo de dicotomias (campo/cidade, culpa/inocência), e que nunca fugimos à consciência sisuda de Ceylan estar a fazer “obra” séria e significativa. Mas, face à magistral construção narrativa “em câmara lenta”, à subtileza das interpretações, à humanidade que se desprende do formalismo preciso e observacional, isso quase parece vontade de arranjar defeitos a um dos melhores filmes que vimos este ano.