Morreu Maurice Sendak, autor de “Onde Vivem os Monstros”

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A actriz Catherine Keener com Maurice Sendak na estreia do filme "O Sítio Das Coisas Selvagens", em 2009 Reuters

Conhecido por abordar temas até então considerados pouco apropriados para crianças, Maurice Sendak fica para sempre lembrado pelo livro “Onde Vivem os Monstros” (“Where the Wild Things Are”, no título original), sobre Max, um pequeno rapaz que se torna “rei das coisas selvagens”. O livro vendeu mais de 19 milhões de exemplares em todo o mundo.

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Conhecido por abordar temas até então considerados pouco apropriados para crianças, Maurice Sendak fica para sempre lembrado pelo livro “Onde Vivem os Monstros” (“Where the Wild Things Are”, no título original), sobre Max, um pequeno rapaz que se torna “rei das coisas selvagens”. O livro vendeu mais de 19 milhões de exemplares em todo o mundo.

Publicado pela primeira vez em 1963, “Onde Vivem os Monstros” já é considerado um clássico da literatura infantil, estando traduzido em dezenas de línguas. Foi adaptado ao cinema em 2009 pelas mãos de Spike Jonze, com argumento do próprio realizador em parceria com Dave Egger, o escritor convidado por Sendak para escrever um romance ("O Sítio das Coisas Selvagens", Quetzal, 2009) que recriasse a história de Max e dos seus amigos monstros. A banda sonora do filme foi composta e produzida por Karen O, dos nova-iorquinos Yeah Yeah Yeahs.

O livro, cujas ilustrações de Sendak ocupam a totalidade das páginas quando a história atinge o seu clímax e diminuem consoante Max vai voltando à realidade, venceu o prestigiado prémio Caldecott Medal em 1964 e foi distinguido pelo então Presidente norte-americano Bill Clinton com a Medalha Nacional das Artes, em 1996.

Ao longo da sua carreira, Maurice Sendak, que também criou o guarda-roupa para vários espectáculos de ballet e ópera, publicou mais de dez livros infantis, entre os quais se destacam ainda “In the Night Kitchen” e “Outside Over There”, que compõe uma trilogia com “Onde Vivem os Monstros”.

Em 2003, numa entrevista citada pela Associated Press, Maurice Sendak disse sentir-se “como um dinossauro”, por pertencer a uma geração de ilustradores que está a desaparecer. “Há alguns de nós que já nos deixaram. Trabalhámos tanto nos anos 50 e 60, alguns morreram e outros os computadores afastaram-nos”, disse então o escritor, explicando que não se importava com o título de escritor infantil.

“Eu escrevo livros como um homem velho, mas neste país tu tens de ser categorizado, e acho que um rapazinho a nadar nu numa caneca de leite, não pode ser chamado de livro adulto” criticou Sendak, garantindo que escrevia para crianças com muito gosto. “São uma melhor audiência e críticos mais duros. As crianças dizem tudo o que pensam e não o que pensam que devem pensar.”

Em Outubro do ano passado, já com problemas do coração e depois de ver tantos amigos a partir, o escritor disse numa entrevista ao The Guardian não ter medo da morte, desejando ter uma “yummy death” (morte deliciosa). “É possível ter uma morte feliz”, disse o escritor, definindo-se como “um maluco”.

Filho de pais judeus imigrantes, Maurice Sendak nasceu em Brooklyn, nos Estados Unidos, em 1928. Apesar de distante geograficamente da perseguição dos nazis aos judeus, o escritor lembrou várias vezes o sofrimento dos pais quando recebiam a notícia da morte de familiares e amigos.

O seu último livro publicado em vida, “Bumble-Ardy”, chegou às lojas no ano passado e tem como herói um porco órfão. Antes de morrer, o escritor estava a trabalhar numa nova história, “My Brother's Book”, dedicado ao seu irmão que morreu. O livro vai ser publicado em Fevereiro do próximo ano.