François Hollande: a esperança tranquila?
Ao lado da hiperexcitação permanente do Presidente que se despede, o Presidente que chega tem o dom de tranquilizar. Tudo está em aberto quanto ao que vai conseguir fazer. Se François Mitterand, o último socialista a conquistar o Eliseu na V República, tinha por lema “A força tranquila”, Hollande terá que mostrar que consegue ser o Presidente da esperança tranquila.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Ao lado da hiperexcitação permanente do Presidente que se despede, o Presidente que chega tem o dom de tranquilizar. Tudo está em aberto quanto ao que vai conseguir fazer. Se François Mitterand, o último socialista a conquistar o Eliseu na V República, tinha por lema “A força tranquila”, Hollande terá que mostrar que consegue ser o Presidente da esperança tranquila.
O novo Presidente tem dois desafios a vencer no imediato, um externo e outro interno. E os dois estão ligados. A nível europeu, terá que manter a promessa de que vai renegociar o Tratado Europeu. Na verdade, o mais que conseguirá é acrescentar os temas da competitividade e do crescimento ao documento que 25 países da União, incluindo a França, assinaram em Março.
Os alemães estão dispostos a ceder qualquer coisa; mas a questão de fundo é saber se esta vitória é o princípio de uma mudança real ou se será mais uma mudança de retórica.
A forma como os franceses percepcionarem esta negociação é vital para o segundo desafio que Hollande enfrenta, as eleições legislativas de Junho. “Ou há uma maioria nas legislativas para Hollande ou não haverá qualquer mudança”, dizia ontem Bernard Cazeneuve, o porta-voz do novo Presidente. Para o conseguir, o campo socialista terá antes de mais que convencer a esquerda que se congregou sob o estandarte de Jean-Luc Mélenchon.
Mas é à direita que as atenções se vão centrar. Entre os gaullistas, há um pós-Sarkozy a gerir. Perante a ameaça da Frente Nacional, trata-se de um desafio para conseguir sobreviver. A ameaça da extrema-direita não abrandou e as intervenções dos líderes da UMP e da Frente Nacional, nesta noite eleitoral, mostraram que a batalha vai ser pesada.
Mas o ponto fundamental na batalha das legislativas será a forma como Hollande gerirá os seus primeiros dias como Presidente e a sua capacidade em criar um momentum para aquela que será a terceira volta das presidenciais.