Road movie chileno e presos portugueses no palmarés do IndieLisboa
De Jueves a Domingo, primeira longa-metragem da chilena Dominga Sotomayor, é o vencedor da competição internacional do IndieLisboa, anunciado na noite deste sábado, em Lisboa. A nona edição do certame escolheu como melhor longa-metragem portuguesa o documentário de Helena Inverno e Verónica Castro Jesus por um Dia, e premiou ainda L'Estate di Giacomo, de Alessandro Comodin, Whores' Glory, de Michael Glawogger, e as curtas Juku, do boliviano Kiro Russo, e Cama de Gato, dos portugueses Filipa Reis e João Miller Guerra.
O júri de longas-metragens, formado pela programadora Agnès Wildenstein e pelos cineastas João Canijo e Lionel Baier, virou-se para uma ideia clássica de cinema de autor, observacional e estilizado, e para o reconhecimento das pequenas cinematografias mundiais, que têm sempre merecido particular atenção do Indie. Curiosamente, os vencedores da edição 2012, tanto em longas como em curtas-metragens vêm da América Latina, presença regular na competição do festival e autêntico "viveiro" de algum do melhor cinema contemporâneo.
De Jueves a Domingo, vencedor do Grande Prémio Cidade de Lisboa, é um primeiro filme prometedor e minimalista, observando a desintegração de um casal pelos olhos da sua filha adolescente ao longo de uma turbulenta road trip pelo Chile profundo. Já premiado no festival de Roterdão, De Jueves a Domingo é também a confirmação do valor de uma nova geração de cineastas chilenos que inclui ainda Pablo Larraín (Tony Manero) ou Cristián Jiménez (Bonsái). É uma escolha relativamente consensual num ano em que a competição internacional do festival foi bastante forte.
Já na competição nacional, transversal às várias secções e este ano no geral decepcionante, o júri optou por dar o galardão de melhor longa nacional ao documentário Jesus por um Dia. A estreia em nome próprio da artista visual Helena Inverno e da antropóloga visual Verónica Castro acompanha, sem entrevistas nem voz-off, a participação de reclusos do estabelecimento prisional de Bragança numa encenação local da Paixão de Cristo.
O prémio de distribuição, escolhido de entre as obras a concurso, coube a L'Estate di Giacomo, filme a meio caminho entre o documentário e a ficção onde o italiano Alessandro Comodin, abertamente influenciado por cineastas portugueses como Miguel Gomes, acompanha o Verão de um adolescente surdo na província veneziana. O galardão destina-se à aquisição dos direitos de distribuição do filme para Portugal. Quanto ao vencedor do Prémio do Público, escolhido através da votação das audiências que estiveram no festival independentemente das secções, foi o documentário Whores' Glory, apresentado fora de concurso e assinado pelo documentarista austríaco Michael Glawogger, que já foi alvo de retrospectivas em edições anteriores do festival.
Na categoria de curtas-metragens, cujos prémios foram anunciados em cerimónia separada na noite de sexta-feira, o júri composto pelos programadores Maria João Madeira e Paolo Moretti e pelo actor Gabriel Spahiu atribuiu o Grande Prémio a Juku. Trata-se da segunda curta de Kiro Russo, pseudónimo do boliviano Mauricio Quiroga, sobre o quotidiano dos mineiros bolivianos.
A melhor curta portuguesa foi Cama de Gato, uma quase-longa de 60 minutos realizada por Filipa Reis e João Miller Guerra no âmbito do seu projecto de inserção com habitantes do Bairro da Bela Vista em Setúbal. O prémio a Cama de Gato é apenas o mais recente alinhado pela dupla de realizadores, cujos anteriores Li Ké Terra e Nada Fazi foram premiados, respectivamente, no DocLisboa e no Fantasporto.
Ainda nas curtas nacionais, João Salaviza recebeu o prémio de realização por Cerro Negro, curta realizada entre a sua Palma de Ouro em Cannes, Arena, e o Urso de Ouro em Berlim, Rafa, e Salomé Lamas o Prémio Novo Talento pela sua curta experimental Encounters with Landscape (3x).Todos os filmes vencedores podem ainda ser vistos neste domingo: De Jueves a Domingo às 18h00 na Culturgest, Jesus por um Dia no São Jorge às 15h30, Whores' Glory no São Jorge às 21h45 e as curtas premiadas às 19h15 e 21h45 na Culturgest. O IndieLisboa encerra neste domingo com a exibição de um hat-trick de documentários: Meu Caro Amigo Chico, de Joana Barra Vaz, sobre Chico Buarque; Vou Rifar Meu Coração, de Ana Rieper, sobre a música romântica brasileira; Le Voyage Extraordinaire, de Serge Bromberg e Éric Lange, sobre o restauro de Le Voyage dans la Lune de Georges Méliès; e A Vossa Casa, de João Mário Grilo, sobre a arquitectura de Raul Lino.
Palmarés
Longas-metragens
Grande Prémio Cidade de Lisboa: De Jueves a Domingo, de Dominga Sotomayor
Melhor Longa Portuguesa: Jesus por um Dia, de Helena Inverno e Verónica Castro
Prémio de Distribuição: L'Estate di Giacomo, de Alessandro Comodin
Prémio do Público: Whores' Glory, de Michael Glawogger
Prémio Pulsar do Mundo: Meet the Fokkens, de Gabrielle Provaas e Rob Schröder
Curtas-metragens
Grande Prémio: Juku, de Kiro Russo
Melhor Curta Portuguesa: Cama de Gato, de Filipa Reis e João Miller Guerra
Melhor Realizador Português: João Salaviza, por Cerro Negro
Prémio Novo Talento: Salomé Lamas, Encounters with Landscape (3x)
Prémio do Público: Retour à Mandima, de Robert-Jan Lacombe
Prémio do Público IndieJunior: O Cão e a Chave, de Hee Jung Kim
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De Jueves a Domingo, primeira longa-metragem da chilena Dominga Sotomayor, é o vencedor da competição internacional do IndieLisboa, anunciado na noite deste sábado, em Lisboa. A nona edição do certame escolheu como melhor longa-metragem portuguesa o documentário de Helena Inverno e Verónica Castro Jesus por um Dia, e premiou ainda L'Estate di Giacomo, de Alessandro Comodin, Whores' Glory, de Michael Glawogger, e as curtas Juku, do boliviano Kiro Russo, e Cama de Gato, dos portugueses Filipa Reis e João Miller Guerra.
O júri de longas-metragens, formado pela programadora Agnès Wildenstein e pelos cineastas João Canijo e Lionel Baier, virou-se para uma ideia clássica de cinema de autor, observacional e estilizado, e para o reconhecimento das pequenas cinematografias mundiais, que têm sempre merecido particular atenção do Indie. Curiosamente, os vencedores da edição 2012, tanto em longas como em curtas-metragens vêm da América Latina, presença regular na competição do festival e autêntico "viveiro" de algum do melhor cinema contemporâneo.
De Jueves a Domingo, vencedor do Grande Prémio Cidade de Lisboa, é um primeiro filme prometedor e minimalista, observando a desintegração de um casal pelos olhos da sua filha adolescente ao longo de uma turbulenta road trip pelo Chile profundo. Já premiado no festival de Roterdão, De Jueves a Domingo é também a confirmação do valor de uma nova geração de cineastas chilenos que inclui ainda Pablo Larraín (Tony Manero) ou Cristián Jiménez (Bonsái). É uma escolha relativamente consensual num ano em que a competição internacional do festival foi bastante forte.
Já na competição nacional, transversal às várias secções e este ano no geral decepcionante, o júri optou por dar o galardão de melhor longa nacional ao documentário Jesus por um Dia. A estreia em nome próprio da artista visual Helena Inverno e da antropóloga visual Verónica Castro acompanha, sem entrevistas nem voz-off, a participação de reclusos do estabelecimento prisional de Bragança numa encenação local da Paixão de Cristo.
O prémio de distribuição, escolhido de entre as obras a concurso, coube a L'Estate di Giacomo, filme a meio caminho entre o documentário e a ficção onde o italiano Alessandro Comodin, abertamente influenciado por cineastas portugueses como Miguel Gomes, acompanha o Verão de um adolescente surdo na província veneziana. O galardão destina-se à aquisição dos direitos de distribuição do filme para Portugal. Quanto ao vencedor do Prémio do Público, escolhido através da votação das audiências que estiveram no festival independentemente das secções, foi o documentário Whores' Glory, apresentado fora de concurso e assinado pelo documentarista austríaco Michael Glawogger, que já foi alvo de retrospectivas em edições anteriores do festival.
Na categoria de curtas-metragens, cujos prémios foram anunciados em cerimónia separada na noite de sexta-feira, o júri composto pelos programadores Maria João Madeira e Paolo Moretti e pelo actor Gabriel Spahiu atribuiu o Grande Prémio a Juku. Trata-se da segunda curta de Kiro Russo, pseudónimo do boliviano Mauricio Quiroga, sobre o quotidiano dos mineiros bolivianos.
A melhor curta portuguesa foi Cama de Gato, uma quase-longa de 60 minutos realizada por Filipa Reis e João Miller Guerra no âmbito do seu projecto de inserção com habitantes do Bairro da Bela Vista em Setúbal. O prémio a Cama de Gato é apenas o mais recente alinhado pela dupla de realizadores, cujos anteriores Li Ké Terra e Nada Fazi foram premiados, respectivamente, no DocLisboa e no Fantasporto.
Ainda nas curtas nacionais, João Salaviza recebeu o prémio de realização por Cerro Negro, curta realizada entre a sua Palma de Ouro em Cannes, Arena, e o Urso de Ouro em Berlim, Rafa, e Salomé Lamas o Prémio Novo Talento pela sua curta experimental Encounters with Landscape (3x).Todos os filmes vencedores podem ainda ser vistos neste domingo: De Jueves a Domingo às 18h00 na Culturgest, Jesus por um Dia no São Jorge às 15h30, Whores' Glory no São Jorge às 21h45 e as curtas premiadas às 19h15 e 21h45 na Culturgest. O IndieLisboa encerra neste domingo com a exibição de um hat-trick de documentários: Meu Caro Amigo Chico, de Joana Barra Vaz, sobre Chico Buarque; Vou Rifar Meu Coração, de Ana Rieper, sobre a música romântica brasileira; Le Voyage Extraordinaire, de Serge Bromberg e Éric Lange, sobre o restauro de Le Voyage dans la Lune de Georges Méliès; e A Vossa Casa, de João Mário Grilo, sobre a arquitectura de Raul Lino.
Palmarés
Longas-metragens
Grande Prémio Cidade de Lisboa: De Jueves a Domingo, de Dominga Sotomayor
Melhor Longa Portuguesa: Jesus por um Dia, de Helena Inverno e Verónica Castro
Prémio de Distribuição: L'Estate di Giacomo, de Alessandro Comodin
Prémio do Público: Whores' Glory, de Michael Glawogger
Prémio Pulsar do Mundo: Meet the Fokkens, de Gabrielle Provaas e Rob Schröder
Curtas-metragens
Grande Prémio: Juku, de Kiro Russo
Melhor Curta Portuguesa: Cama de Gato, de Filipa Reis e João Miller Guerra
Melhor Realizador Português: João Salaviza, por Cerro Negro
Prémio Novo Talento: Salomé Lamas, Encounters with Landscape (3x)
Prémio do Público: Retour à Mandima, de Robert-Jan Lacombe
Prémio do Público IndieJunior: O Cão e a Chave, de Hee Jung Kim