Bebés que nascem depois das 42 semanas têm mais riscos

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Recém-nascido deve ficar na lista do médico de família da mãe ou do pai Adriano Miranda

O estudo, que foi realizado em Roterdão, na Holanda, explica que a maioria dos partos são induzidos antes das 42 semanas de gestação, mas adianta que há vários casos em que – com o consentimento da mãe ou do médico – a gravidez vai além do normal. Um bebé é classificado como pré-termo quando nasce antes das 37 semanas, de tempo normal entre as 37 e as 42 semanas, e pós-termo após as 42 semanas, refere o estudo.

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O estudo, que foi realizado em Roterdão, na Holanda, explica que a maioria dos partos são induzidos antes das 42 semanas de gestação, mas adianta que há vários casos em que – com o consentimento da mãe ou do médico – a gravidez vai além do normal. Um bebé é classificado como pré-termo quando nasce antes das 37 semanas, de tempo normal entre as 37 e as 42 semanas, e pós-termo após as 42 semanas, refere o estudo.

Até agora, vários estudos científicos davam conta de uma maior mortalidade durante o primeiro ano de vida associada aos partos realizados tão tarde. Esta nova investigação, que se apoiou em dados de 2001 a 2005, e que acompanhou mais de 5000 crianças, veio revelar algumas das consequências concretas durante a infância destes bebés.

Da amostra faziam parte 382 crianças (7%) que nasceram pós-termo e 226 (4%) que nasceram pré-termo. A análise permitiu perceber que as crianças que nasceram depois das 42 semanas de gestação revelaram mais problemas comportamentais e emocionais durante a infância, com especial destaque para défices de atenção e hiperactividade, que ocorreram o dobro das vezes nestes bebés – em comparação com os que nasceram na altura “normal”.

Casos residuais em Portugal

Em declarações ao PÚBLICO Luís Graça, presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e director desse do serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Santa Maria, alertou que uma gravidez demasiado prolongada pode efectivamente “acarretar muitos riscos para a mãe e o bebé”. Contudo, o médico considera que os problemas comportamentais ainda estão pouco documentados em termos científicos.

Luís Graça garantiu que no seu hospital, e na maioria das instituições portuguesas, os partos são feitos até às 41 semanas de gestação – ou seja, uma semana antes da prática holandesa, “país onde há um culto excessivo do parto natural”. O especialista reconheceu que o ideal é a mulher entrar em trabalho de parto de forma natural, mas alertou que “às 42 semanas o risco não aumenta só um bocadinho, aumenta de forma exponencial”.

Da sua experiência, o médico diz que em Portugal o mais comum é as mulheres quererem provocar o parto mais cedo, pelo que são residuais os casos limite. “A medicina não deve ser hiperinterventiva mas também não pode ser hipointerventiva. A partir das 41 semanas aumenta exponencialmente o risco de o bebé morrer dentro da barriga da mãe, um parto de um bebé grande apresenta mais riscos e o bebé pode ter falta de oxigenação. Se explicarmos isto às mulheres nunca se atingem essas situações”, acrescentou.

Hanan El Marroun, coordenadora do estudo conduzido pelo Departamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Hospital Erasmus MC-Sophia, em Roterdão, escreve que a investigação permitiu perceber que, tanto os bebés prematuros, como os que nascem mais tarde têm uma maior probabilidade de ficarem com sequelas de longo termo. Por isso, a investigadora considera fundamental que os médicos divulguem mais os riscos de ambas as situações junto das mães. “Todas as grávidas sabem que se o bebé nascer cedo não é bom. Por isso, porque é que não questionamos também os efeitos a longo prazo nos bebés que nascem demasiado tarde?”, disse a investigadora, numa entrevista à BBC.

As conclusões basearam-se nas informações recolhidas em dois questionários preenchidos pelos pais dos bebés quando as crianças tinham 18 e 36 meses e os autores excluíram outros possíveis factores explicativos como o peso, origem étnica, consumo de álcool ou tabaco durante a gravidez, nível educacional dos pais e rendimentos da família. Ainda assim ressalvam que, nas idades analisadas, a única fonte de informação foram os pais, não existindo ainda um feedback das escolas ou médicos, que será importante em futuras investigações.