Design: Sara transforma a tua roupa velha em monstrinhos
Projecto Monstruário garante um final feliz às roupas e tecidos que não podes mais usar. Através da reciclagem, memórias e valores sentimentais personificam-se em monstrinhos únicos
“Isso não era um pijama meu?”, perguntou o pai de Sara Cruz quando detectou algo familiar num dos 30 e tal monstrinhos que a arquitecta tem por casa. E tinha toda a razão. Aquele boneco que ali estava foi construído, pela sua filha, através da reciclagem de uma peça de roupa. Assim funciona o projecto Monstruário, que vai ser lançado este sábado na Livraria Index, na rua Miguel Bombarda, no Porto.
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“Isso não era um pijama meu?”, perguntou o pai de Sara Cruz quando detectou algo familiar num dos 30 e tal monstrinhos que a arquitecta tem por casa. E tinha toda a razão. Aquele boneco que ali estava foi construído, pela sua filha, através da reciclagem de uma peça de roupa. Assim funciona o projecto Monstruário, que vai ser lançado este sábado na Livraria Index, na rua Miguel Bombarda, no Porto.
Sara Cruz, de 34 anos, licenciou-se em Arquitectura pela Universidade do Porto. Em 2008, enquanto trabalhava num gabinete de arquitectura, precisou de uma alternativa criativa. Como explicou ao P3, Sara “precisava ter algo que permitisse ter resultados criativos rapidamente”, uma vez que a “arquitectura não é uma profissão que ofereça satisfação imediata de criação”.
Algumas revistas de transformação de meias em bonecos mais tarde surge o primeiro monstrinho, num jogo de aproveitamento de materiais e criatividade a precisar de escoamento rápido. “Foi uma forma de ocupar o tempo e poder ver sair alguma coisa das minhas mãos e mente”, disse ao P3.
Combinar reciclagem e memória
Estas criaturas, feitas com roupas e tecidos usados, são uma maneira de “promover a reciclagem do vestuário, salvaguardando a recordação sentimental das roupas”, que remontam, muitas vezes, até aos tempos das "chuchas" e biberões.
Parece que o artesanato urbano virou moda porque “as pessoas cansaram-se da produção em massa e querem fazer peças” personalizadas, Sara confessa-se uma apaixonada pela tendência e pelas referências que tem da sua mãe, que desde sempre fez croché e que agora se virou para o "origami".
De um pedaço de pano, por exemplo, a um monstrinho com quatro pernas e meia dúzia de dentes vão, em média, duas semanas de trabalho. A costura é feita inteiramente à mão. Ainda sem encomendas — só são aceites a partir deste sábado —, a não ser a dos seus amigos entusiastas, a arquitecta explicou ao P3 que, quando trabalha para as suas peças, olha para elas e faz “um pouco aquilo que elas" mandam. Mas a criação de bonecos para os seus clientes estará ao dispor do que eles próprios desejarem.
São bem-vindas contribuições de tecidos e peças de roupa usada. A entrega de materiais e recolha dos bonecos vai estar a cargo da livraria Index a partir deste sábado, 28 de Abril. Se não resides no Grande Porto, há sempre a possibilidade de chegar a um acordo com a criadora através de contacto pela Internet.