Deixou Portugal aos 15 anos, licenciou-se em Arquitectura na Inglaterra e agora está de volta a Portugal para pôr em prática uma ideia empreendedora: reabilitar casas degradadas a custo zero. É a história deste desafio que José Paixão vai contar, dia 28 de Abril, na sua intervenção na conferência TEDx O'Porto.

Deixou Portugal aos 15 anos, licenciou-se em Arquitectura na Inglaterra e agora está de volta a Portugal para pôr em prática uma ideia empreendedora: reabilitar casas degradadas a custo zero. É a história deste desafio que José Paixão vai contar, dia 28 de Abril, na sua intervenção na conferência TEDx O'Porto.

A ideia usar a arquitectura e o voluntariado para transformar uma cidade não é um sonho: chama-se "Arrebita!Porto", é um projecto premiado e já está a dar os primeiros passos. José Paixão é o organizador da iniciativa, que conta com uma equipa de arquitectos, engenheiros e designers internacionais. O primeiro edifício devoluto a ser "arrebitado" é o número 42 da rua da Reboleira, na Ribeira do Porto.

Para José Paixão, o convite para a apresentação do "Arrebita!Porto" no TEDx O'Porto vai permitir passar a mensagem de qual é a "missão" e a "acção" da equipa. "A nossa mensagem será exactamente essa, uma mensagem que se foca na necessidade de assumirmos uma responsabilidade própria por problemas que nos afectam a todos e por nos comprometermos, individualmente, com a resolução de problemas sociais", assegura.

Empreendorismo social

"Mais do que apresentar o projecto, vou querer transmitir o seu espírito", afirma. O objectivo da apresentação no TEDxO'Porto é, assim, para José Paixão, uma forma de apresentar o "modus operandi"  da iniciativa, em vez de a apenas explicitar. O "Arrebita!Porto" quer trazer ao TEDx O'Porto um pouco daquilo que é o projecto de empreendedorismo social: "um espírito participativo, aberto, que agrega as partes, no qual juntos ganhamos todos e conseguimos atingir os nossos objectivos".

O TEDx O'Porto realiza-se a 28 de Abril, com o lema "Das Tripas Coração". O programa divide-se nos painéis vida, mundo, saber e sonhar e tem lugar no Mosteiro de São Bento da Vitória.

Foi a participação no concurso "Faz - Ideias de Origem Portuguesa", promovido pela Fundação Gulbenkian e pela Fundação Talento, que trouxe o arquitecto "de volta para Portugal", numa altura em que estava a concluir uma pós-graduação em design experimental em Viena de Áustria.

 
Apesar de regressar a Portugal não fazer parte dos seus planos, o projecto apresentado falou mais alto e acabou por vencer a "ideia" do concurso. "A proposta foi o "Arrebita! Porto", um projecto de empreendedorismo social que visa combater um problema que me chocava pelo contraste da realidade dos países em que vivi e que conhecia e que, como arquitecto, me sensibilizava ainda mais profundamente", afirma José Paixão.

Ensino secundário nos EUA

No colégio onde fez o ensino secundário, nos Estados Unidos, José Paixão teve a oportunidade de conhecer outros estudantes e professores de mais de 100 países e aí afirma que se apercebeu da "diversidade do mundo". No seu primeiro ano como estudante nos EUA, sentia-se responsável por representar as suas origens. "Era o embaixador de Portugal e, antes de ser o José, era português", diz o arquitecto. Tirou a licenciatura em Inglaterra e exerceu profissionalmente no Reino Unido e na Holanda.

 
Mas de volta às origens, o arquitecto que nasceu e cresceu na Lapa afirma que "o grande valor do Porto são as pessoas", que define como "especiais". Elogia o espírito de iniciativa dos portuenses, a "identidade do Porto". Mas também aponta a "capacidade de concretização das ideias aos projectos" como algo a melhorar na mentalidade da cidade. Admite que existe ainda um caminho a cumprir num sentido de mobilização. "Há ideias óptimas, mas há menos projectos excelentes", conclui.

Hoje, com 28 anos, o arquitecto explica que o projecto que vem "arrebitar" o Porto se baseia num "sistema em que todas as partes" têm "ganhos ao participar na reabilitação de edifícios", através da colaboração entre jovens arquitectos, empresas fornecedoras de materiais e professores de universidades e centros de formação, "repovoando e dinamizando" a cidade. O nome da iniciativa "diz muito sobre o projecto" pela "cotação informal, que tem cor e é positiva" e que "é basicamente o espírito do projecto, mas também aponta para o objecto que é reabitar, reabilitar", diz José Paixão.

A equipa organizadora do "Arrebita! Porto", que o coordenador define como "consolidada e multidisciplinar", conta já com vinte colaboradores e também com equipas internacionais de cinco elementos que vão mudando de três em três meses e que trabalham no atelier do projecto. Neste momento, a equipa internacional que se encontra na Invicta conta com arquitectos da Noruega, Sérvia, Itália, mas também com um elemento de Portugal.