Filmes que deveriam ser mostrados nas escolas

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"Os Verdes Anos", um filme de 1963 realizado por Paulo Rocha, o documentário Belarmino, que Fernando Lopes fez no ano seguinte, tendo-se tornado ambos bandeiras do Cinema Novo, e também "Recordações da Casa Amarela" (1989), de João César Monteiro, estão no topo da lista do cinema português que deve ser mostrado nas escolas, segundo a opinião de dez personalidades da cultura convidadas pelo PÚBLICO a escolher os dez filmes nacionais, e outros tantos do cinema mundial, que devem vir a integrar o Plano Nacional do Cinema (PNC).

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"Os Verdes Anos", um filme de 1963 realizado por Paulo Rocha, o documentário Belarmino, que Fernando Lopes fez no ano seguinte, tendo-se tornado ambos bandeiras do Cinema Novo, e também "Recordações da Casa Amarela" (1989), de João César Monteiro, estão no topo da lista do cinema português que deve ser mostrado nas escolas, segundo a opinião de dez personalidades da cultura convidadas pelo PÚBLICO a escolher os dez filmes nacionais, e outros tantos do cinema mundial, que devem vir a integrar o Plano Nacional do Cinema (PNC).

No ranking do cinema estrangeiro, os dois filmes que colheram mais nomeações foram o clássico do neo-realismo italiano "Ladrões de Bicicletas" (1948), de Vittorio De Sica, e a comédia que o francês Jacques Tati realizou uma década depois, "O Meu Tio" (1958), na qual satiriza a vida moderna e urbana.

A criação de um PNC foi anunciada no início de Março pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, apontando para a sua entrada em vigor no ano lectivo 2013/14. O objectivo de fazer entrar a arte e a história do cinema nos currículos escolares é também referido, de passagem, no projecto da nova Lei do Cinema, que a SEC tem actualmente em consulta pública.

Quando Viegas prometeu o novo PNC, numa visita a uma escola de Trás-os-Montes, associou-o ao modelo do já existente Plano Nacional de Leitura. E acrescentou que ele terá por base um catálogo de cem filmes, que, além da componente educativa - "os estudantes devem perceber que o cinema não começou há cinco anos, começou há cem", disse Viegas, segundo o relato da Lusa -, servirá igualmente para formar novos espectadores.

O gabinete de comunicação da SEC explicitou depois ao PÚBLICO que o PNC irá resultar de um trabalho conjunto dos responsáveis da Cultura com o Ministério de Educação, a que se associará a Cinemateca Portuguesa, pois será do seu arquivo que sairão os filmes a disponibilizar às escolas. "O objectivo é criar uma filmoteca digital, com uma maioria de filmes portugueses, que seja acessível às escolas", disse João Villalobos, assessor de Viegas, explicando que os filmes a seleccionar deverão ter conteúdos que "correspondam aos programas lectivos e pedagógicos do ensino básico e secundário, entre o 7.º e o 12.º ano".

Foi com base nesta carta de intenções que o PÚBLICO desafiou uma dezena de figuras a propor o catálogo de filmes que consideram dever entrar nas salas de aula - algo que os professores já fazem hoje em dia, mas por iniciativa individual e de forma mais ou menos casuística. Das personalidades contactadas, aceitaram responder o ensaísta Eduardo Lourenço, o poeta e comissário do Plano Nacional de Leitura Fernando Pinto do Amaral, a actriz, realizadora e deputada independente pelo PS Inês de Medeiros, o director do Museu de Serralves, João Fernandes, os realizadores João Salaviza e Jorge Silva Melo, o escritor Manuel António Pina, o arquitecto Nuno Portas, o crítico e ex-director da Cinemateca Pedro Mexia e a professora de Literatura Rosa Maria Martelo.

Houve várias pessoas que não quiseram responder, por razões diversas. Entre elas, a escritora e ex-ministra da Educação Isabel Alçada, que, contudo, deixou alguns alertas relativamente ao projecto. "Um plano não pode ser só uma lista, para além de que esta é sempre reducionista", disse a ex-governante da equipa de José Sócrates. E reclamou "condições para que os professores possam escolher" os filmes a mostrar, além de referir que o catálogo deve ser organizado por "especialistas que conheçam os programas pedagógicos e educativos".

A dificuldade de condensar mais de um século da história do cinema numa lista de apenas 20 títulos foi a objecção mais vezes referida pelos que aceitaram, apesar de tudo, fazer o seu catálogo. Eduardo Lourenço chegou mesmo a dizer que, com este limite, se via obrigado a "fazer uma guerra" contra filmes de que tanto gosta e que lhe parecem fundamentais para a escola. "Cheguei a ponderar escolher dez filmes do Chaplin", gracejou o autor de Heterodoxia. Outros quiseram acompanhar as suas listas de pequenas notas justificativas (ver na edição online), que assumem o carácter subjectivo da escolha e a prioridade do gosto pessoal, que nalguns casos se terá sobreposto à preocupação pedagógica.

Mas voltemos aos filmes, e aos dois rankings apurados.

No cinema português, depois de "Os Verdes Anos" (com oito nomeações) e de "Belarmino e Recordações da Casa Amarela" (ambos com seis), surgem, também ex aequo (com quatro), duas longas-metragens de estreia: "Aniki-Bóbó" (1942), de Manoel de Oliveira, e "O Sangue" (1989), de Pedro Costa. Seguem-se (com três) a primeira-obra de Oliveira, o documentário Douro, "Faina Fluvial" (1931), "Uma Abelha na Chuva" (1972), com que Fernando Lopes adapta o romance homónimo de Carlos de Oliveira, "Brandos Costumes" (1975), de Alberto Seixas Santos, um retrato de Portugal nos anos do Estado Novo através das intrigas de uma família, "Conversa Acabada" (1981), de João Botelho, sobre a relação literária de Fernando Pessoa com Mário de Sá-Carneiro, e "Os Mutantes" (1998), de Teresa Villaverde, retrato de uma juventude inadaptada e à deriva.

Há depois mais 49 filmes, com duas e uma citações, que percorrem praticamente toda a história do cinema português, desde "A Canção de Lisboa" (1933), de Cottinelli Telmo, até ao recente "Sangue do Meu Sangue" (2011), de João Canijo. E, entre uma esmagadora maioria de longas-metragens de ficção, surgem também documentários, curtas e até um filme de animação, "Os Salteadores" (1993), de Abi Feijó.

Sem surpresa, o cineasta com mais filmes nomeados é Oliveira (16 citações para nove filmes). Seguem-se Fernando Lopes (10/3), Paulo Rocha (9/2) e João César Monteiro (9/4), João Botelho (7/4) e Pedro Costa (7/3), Teresa Villaverde (4/2) e, a completar os dez primeiros, Alberto Seixas Santos (3/1), José Fonseca e Costa (3/2) e João Canijo (3/3).

Dado curioso, mesmo que não inesperado, é a selecção de filmes portugueses privilegiar as produções dos anos 60, a década do Cinema Novo, e dos anos 80, sendo esta a década do boom e da afirmação internacional da cinematografia nacional, liderada pela dupla Oliveira e Paulo Branco (como produtor).

Mais filmes europeus

No cinema mundial, são os autores clássicos que dominam, e aqui, ao contrário do que se poderia esperar, com uma maioria de produções europeias: 47, contra 44 americanas e sete do resto do mundo. À cabeça, como vimos, está o filme-ícone do neo-realismo italiano, "Ladrões de Bicicletas", ex aequo com a que será a obra mais conhecida de Tati, "O Meu Tio", vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1959 (têm quatro nomeações cada). Seguem-se cinco filmes com três citações: "Tempos Modernos" (1936), de Charles Chaplin, "O Mundo a Seus Pés" (1941), de Orson Welles, "Sentimento" (1953), de Luchino Visconti, "A Sombra do Caçador" (1955), de Charles Laughton, e "A Palavra" (1955), de Carl Th. Dreyer. Ou seja, tudo obras realizadas nas décadas de 30 a 50 (sendo esta última a mais representada, ao inverso do que acontece com o cinema português, que não tem nenhum filme dos anos 50). Na lista dos filmes com duas citações há dez títulos, desde "Aurora" (1927), de F.W. Murnau, ainda no tempo do mudo, até ao incontornável "Apocalypse Now" (1979), de Francis Ford Coppola, sendo o mais recente dos referidos apenas uma vez "Rapsódia em Agosto" (1991), do japonês Akira Kurosawa.

Na lista dos realizadores, Charles Chaplin colhe o maior número de escolhas (seis, para três filmes), seguido, ex aequo, de Dreyer e Visconti (5/3). Quatro outros autores dos anos de ouro do cinema arrecadaram quatro citações: Hitchcock, Welles, De Sica e Tati. E com três há nove realizadores, que vêm do tempo do cinema mudo alemão e chegam até ao realizador iraniano contemporâneo Abbas Kiarostami.

Ainda no ranking do cinema mundial - e aqui, ao contrário do português -, não há nenhum filme realizado nas duas últimas décadas, enquanto as anteriores vão subindo em representação conforme se recua no tempo até aos anos 50. A confirmar que alguma distância temporal pode ser determinante na consagração da arte do cinema. com Luís Miguel Queirós

As escolhas:

Eduardo Lourenço (Filósofo e ensaísta):Portugueses:

Aniki Bóbó (1942), Manoel de Oliveira

O Cerco (1970), António da Cunha Telles

Uma Abelha na Chuva (1972), Fernando Lopes

Benilde ou a Virgem-Mãe (1975), Manoel de Oliveira

Brandos Costumes (1975), Alberto Seixas Santos

Manhã Submersa (1980), Lauro António

Conversa Acabada (1981), João Botelho

Sem Sombra de Pecado (1983), José Fonseca e Costa

Recordações da Casa Amarela (1989), João César Monteiro

O Sangue (1989), Pedro Costa

Estrangeiros:

O Couraçado Potemkine (Bronenosets Potyomkin, URSS, 1925), Sergei M. Eisenstein

Aurora (Sunrise, EUA, 1927), W. F. Murnau

Luzes da Cidade (City Lights, EUA, 1931), Charles Chaplin

A Regra do Jogo (La Règle du Jeu, França, 1939), Jean Renoir

O Mundo a Seus Pés (Citizen Kane, EUA, 1941), Orson Welles

Dia de Cólera (Vredens Dag, Dinamarca, 1953), Carl Th. Dreyer

Morangos Silvestres (Smultronstället, Suécia, 1957), Ingmar Bergman

Deus Sabe Quanto Amei (Some Came Running, EUA, 1958), Vincente Minnelli

Fellini 8 & ½ (8 & ½, Itália, 1963), Federico Fellini

Morte em Veneza (Morte a Venezia, Itália, 1971), Luchino Visconti

“Este é um exercício muito difícil de gerir. Aquilo que me pede é uma autêntica guerra, quase um ‘holocausto’ – obriga-me a sacrificar filmes como o Laura [Otto Preminger, 1944], de que gosto tanto. E também gostaria de incluir o Metropolis [1927], do Fritz Lang, O Desprezo [1963], do Godard, ou o Annie Hall [1977], de Woody Allen... Estive quase a optar pela solução mais fácil, que era meter dez filmes do Chaplin.” Eduardo Lourenço

Fernando Pinto do Amaral (Poeta, ensaísta e comissário do Plano Nacional de Leitura):Portugueses:

O Leão da Estrela (1947), Arthur Duarte

Manhã Submersa (1980), Lauro António

Francisca (1981), Manoel de Oliveira

Silvestre (1982), João César Monteiro

Sem Sombra de Pecado (1983), José Fonseca e Costa

Aqui d’ El-Rei! (1992), António-Pedro Vasconcelos

Três Irmãos (1994), Teresa Villaverde

O Delfim (2002), Fernando Lopes

Os Mistérios de Lisboa (2009), Raul Ruiz

Filme do Desassossego (2010), João Botelho

Estrangeiros:

O Anjo Azul (Der Blaue Engel, Alemanha, 1930), Josef von Sternberg

A Regra do Jogo (La Règle du Jeu, França, 1939), Jean Renoir

O Mundo a Seus Pés (Citizen Kane, EUA, 1941), Orson Welles

A Casa Encantada (Spellbound, EUA, 1945), Alfred Hitchcock

Sentimento (Senso, Itália, 1953), Luchino Visconti

Johnny Guitar (Johnny Guitar, EUA, 1954), Nicholas Ray

A Palavra (Ordet, 1955), Carl Th. Dreyer

Manhattan (Manhattan, EUA, 1979), Woody Allen

E.T. (E. T. – O Extra-Terrestre, EUA, 1982), Steven Spielberg

As Asas do Desejo (Der Himmel über Berlin, Alemanha, 1987), Wim Wenders

“Esta é uma escolha naturalmente subjectiva, sem quaisquer preocupações canónicas, alinhando 10 filmes estrangeiros e 10 portugueses que por diversos motivos (às vezes muito pessoais) gosto de recordar. Muitos outros poderiam integrar a lista.” Fernando Pinto do Amaral

Inês de Medeiros (realizadora, actriz e deputada independente pelo PS):Portugueses:

Douro Faina Fluvial (documentário, 1930), Manoel de Oliveira

Dom Roberto (1962), José Ernesto de Sousa

Os Verdes Anos (1963), Paulo Rocha

A Caça (1964), Manoel de Oliveira

Belarmino (1964), Fernando Lopes

Recordações da Casa Amarela (1989), João César Monteiro

O Sangue (1989), Pedro Costa

Os Salteadores (animação, 1993), Abi Feijó

Os Mutantes (1998), Teresa Villaverde

Lisboetas (documentário, 2004), Sergio Tréfaut

Estrangeiros:

O Último dos Homens (Der Letzte Mann, Alemanha, 1924), F.W. Murnau

A Terra Treme (La Terra Trema, Itália, 1948), Luchino Visconti

A Palavra (Ordet, Dinamarca, 1955), Carl Th. Dreyer

A Sombra do Caçador (The Night of the Hunter, EUA, 1955), Charles Laughton

A Sede do Mal (Touch of Evil, EUA, 1958), Orson Wells

A Doce Vida (La Dolce Vita, Itália, 1960), Federico Fellini

Viver a sua Vida (Vivre sa Vie, França, 1962), Jean-Luc Godard

O Anjo Exterminador (El Ángel Exterminador, México, 1962), Luis Buñuel

O Padrinho (The Godfather, EUA, 1972), de Francis Ford Coppola

Noite de Estreia (Opening Night, EUA, 1977), John Cassavetes

“Escolher é excluir. Quando me pediram para apresentar uma lista de dez filmes estrangeiros e dez nacionais como proposta para um Plano Nacional do Cinema, para cada filme que escolhia logo surgiam três ou quatro do mesmo autor ou da mesma altura que me pareciam incontornáveis. Tentei resolver o dilema definindo critérios. Por épocas, por autores, por actores, pelo impacto ou sucesso que tiveram, pela importância em termos de evolução tecnológica... Em vão. O resultado era sempre uma listagem informe. Acabei por optar pelo critério mais subjectivo: é uma lista dos filmes (de alguns dos filmes) que me fizeram gostar de cinema, querer ver outros filmes e que me ensinaram a ler e a ver o mundo. Não sei avaliar da sua eficácia em termos pedagógicos, sei que será sempre incompleta e por vezes incompreensível em relação a outros filmes do mesmo realizador que são mais conhecidos. Falta o Pasolini, o Rossellini e o Antonioni, para já não falar no John Huston, no Chaplin, no Minnelli, do Tati ou o meu querido Cukor. Como explicar a ausência de 1900, de O Caçador, ou d’O Couraçado Potemkin? E se é para ensinar cinema, como excluir o Méliès? Esta lista incompleta corresponde à minha interpretação da ideia defendida por Truffaut: um bom filme é aquele que nos ensina qualquer coisa que ‘nunca mais esqueceremos’. Com Baisers Volés [Beijos Proibidos, 1968], aprendi a barrar tostas sem as partir. O tê-lo revelado agora talvez me desculpe de não o ter posto nesta lista, mas na longa lista dos excluídos de que tanto gosto.” Inês de Medeiros

João Fernandes (Director artístico do Museu de Serralves):Portugueses:

Douro Faina Fluvial (documentário, 1930), Manoel de Oliveira

Os Verdes Anos (1963), Paulo Rocha

Belarmino (1964), Fernando Lopes

A Caça (1964), Manoel de Oliveira

Ana (1982), António Reis e Margarida Cordeiro

Tempos Difíceis (1988), João Botelho

Recordações da Casa Amarela (1989), João César Monteiro

Os Mutantes (1998), Teresa Villaverde

No Quarto da Vanda (2000), Pedro Costa

Aquele Querido Mês de Agosto (2008), Miguel Gomes

Estrangeiros:

Zero em Comportamento (Zéro de Conduite, França, 1933), Jean Vigo

Tempos Modernos (Modern Times, EUA, 1936), Charles Chaplin

O Rio Sagrado (The River, EUA, 1951), Jean Renoir

A Palavra (Ordet, Dinamarca, 1955), Carl Th. Dreyer

A Sombra do Caçador (The Night of the Hunter, EUA, 1955), Charles Laughton

O Meu Tio (Mon Oncle, França, 1958), Jacques Tati

Os Quatrocentos Golpes (Les Quatre Cents Coups, França, 1959), François Truffaut

Bom Dia (Ohayô, Japão, 1959), Yasujiro Ozu

Peregrinação Exemplar (Au Hasard Balthazar, França, 1966), Robert Bresson

Onde É a Casa do Meu Amigo? (Khane-ye doust kodjast?, Irão, 1987), Abbas Kiarostami

João Salaviza (realizador):Portugueses:

Aniki Bóbó (1942), Manoel de Oliveira

Os Verdes Anos (1963), Paulo Rocha

Belarmino (1964), Fernando Lopes

Mudar de Vida (1966), Paulo Rocha

Domingo à Tarde (1966), António de Macedo

Uma Abelha na Chuva (1972), Fernando Lopes

Torre Bela (documentário, 1975), Thomas Harlan

O Guardador de Rebanhos (documentário, 1999), José Edgar Feldman

No Quarto da Vanda (2000), Pedro Costa

Fantasia Lusitana (documentário, 2010), João Canijo

Estrangeiros:

Nanook, o Esquimó (Nanook of The North, documentário, EUA, 1922), Robert Flaherty

A Paixão de Joana d’Arc (La Passion de Jeanne d’Arc, França, 1928), Carl Th. Dreyer

Luzes da Cidade (City Lights, EUA, 1931), Charles Chaplin

Ladrões de Bicicletas (Ladri di Biciclette, Itália, 1948), Vittorio De Sica

Viagem a Tóquio (Tôkyô Monogatari, Japão, 1953), Yasujiro Ozu

O Balão Vermelho (Le Ballon Rouge, c-m, França, 1956), Albert Lamorisse

Quando o Rio se Enfurece (Wild River, EUA, 1960), Elia Kazan

Apocalypse Now (Apocalypse Now, EUA, 1979), Francis Ford Coppola

Shoah (Shoah, França, 1985), Claude Lanzmann

Close-Up (Nema-ye Nazdik, Irão, 1990), Abbas Kiarostami

Jorge Silva Melo (Realizador e encenador):Portugueses:

Os Verdes Anos (1963), Paulo Rocha

Belarmino (1964), Fernando Lopes

Brandos Costumes (1975), Alberto Seixas Santos

Dina e Django (1982), Solveig Nordlund

O Sangue (1989), Pedro Costa

Xavier (1992), Manuel Mozos

Cinco Dias, Cinco Noites (1996), José Fonseca e Costa

Os Mutantes (1998), Teresa Villaverde

Vai-e-Vem (2003), João César Monteiro

Singularidades de uma Rapariga Loira (2009), Manoel de Oliveira

Estrangeiros:

Roma, Cidade Aberta (Roma Città Aperta, Itália, 1945), Roberto Rossellini

Los Olvidados (Los Olvidados, México, 1950), Luis Buñuel

Serenata à Chuva (Singin’ in the Rain, EUA, 1952), Stanley Donen e Gene Kelly

Sentimento (Senso, Itália, 1953), Luchino Visconti

O Meu Tio (Mon Oncle, França, 1958), Jacques Tati

Rio Bravo (Rio Bravo, EUA, 1959), Howard Hawks

Os Pássaros (The Birds, EUA, 1963), Alfred Hichcock

O Emprego (Il Posto, Itália, 1961), Ermanno Olmi

Infância Nua (L’Enfance Nue, França, 1968), Maurice Pialat

O Viajante (Mossafer, Irão, 1974), Abbas Kiarostami

Manuel António Pina (Escritor e jornalista):Portugueses:

O Pai Tirano (1941), António Lopes Ribeiro

Aniki Bóbó (1942), Manoel de Oliveira

Os Verdes Anos (1963), Paulo Rocha

Conversa Acabada (1981), João Botelho

O Bobo (1987), José Álvaro Morais

Recordações da Casa Amarela (1989), João César Monteiro

Vale Abraão (1993), Manoel de Oliveira

Zona J (1998), Leonel Vieira

O Milagre Segundo Salomé (2004), Mário Barroso

Sangue do Meu Sangue (2011), João Canijo

Estrangeiros:

Pamplinas Maquinista (The General, EUA, 1926), Clyde Bruckman e Buster Keaton

Zero em Comportamento (Zéro de Conduite, França,1933), Jean Vigo

Cavalgada Heróica (Stagecoach, EUA, 1939), John Ford

O Feiticeiro de Oz (The Wizard of Oz, EUA, 1939), Victor Fleming

O Grande Ditador (The Great Dictator, EUA, 1940), Charles Chaplin

Ladrões de Bicicletas (Ladri di Biciclette, Itália, 1948), Vittorio De Sica

Às Portas do Inferno (Rashômon, Japão, 1950), Akira Kurosawa

A Sombra do Caçador (The Night of the Hunter, EUA, 1955), Charles Laughton

O Meu Tio (Mon Oncle, França, 1958), Jacques Tati

A Terra Vista da Lua (La Terra Vista dalla Luna, segm. Le Streghe, Itália, 1967), Pier Paolo Pasolini)

“É em circunstâncias práticas como esta que a minha firmíssima convicção de que tudo é para todos vacila. As afinidades da escolha proposta com o Plano Nacional de Leitura fazem-me crer que o público em vista seja o mesmo, isto é, abranja níveis etários dos 4 ou 5 anos aos 17. Gostaria de poder incluir filmes como, por exemplo, A Palavra, de Dreyer, numa tal selecção, mas contive-me; como, se me fosse proposto seleccionar uns livros para o Plano Nacional de Leitura, talvez gostasse de poder incluir o Ulisses, de James Joyce, e talvez igualmente me contivesse.” Manuel António Pina

Nuno Portas (Arquitecto e urbanista):Portugueses:

A Canção de Lisboa (1933), José Cottinelli Telmo

Aniki Bóbó (1942), Manoel de Oliveira

Os Verdes Anos (1963), Paulo Rocha

Belarmino (1964), Fernando Lopes

Brandos Costumes (1975), Alberto Seixas Santos

Recordações da Casa Amarela (1989), João César Monteiro

O Processo do Rei (1990), João Mário Grilo

Capitães de Abril (2000), Maria de Medeiros

Noite Escura (2004), João Canijo

A Corte do Norte (2008), João Botelho

Estrangeiros:

Tempos Modernos (Modern Times, EUA, 1936), Charles Chaplin

Alexandre Nevsky (Aleksandr Nevskiy, URSS, 1938), Sergei M. Eisenstein

O Mundo a Seus Pés (Citizen Kane, EUA, 1941), Orson Welles

Roma, Cidade Aberta (Roma Città Aperta, Itália, 1945), Roberto Rossellini

Ladrões de Bicicletas (Ladri di Biciclette, Itália, 1948), Vittorio De Sica

Sentimento (Senso, Itália, 1954), Luchino Visconti

Johny Guitar (Johny Guitar, EUA, 1954), Nicholas Ray

A Desaparecida (The Searchers, EUA, 1956), John Ford

O Meu Tio (Mon Oncle, França, 1958), Jacques Tati

Apocalypse Now (Apocalypse Now, EUA, 1979), Francis Ford Coppola

Pedro Mexia (Poeta, crítico e ex-director da Cinemateca):

Portugueses:

Douro, Faina Fluvial (documentário, 1931), Manoel de Oliveira

O Pai Tirano (1941), António Lopes Ribeiro

O Acto da Primavera (1962), Manoel de Oliveira

Os Verdes Anos (1963), Paulo Rocha

Belarmino (1964), Fernando Lopes

Trás-os-Montes (1976), António Reis e Margarida Cordeiro

Conversa Acabada (1981), João Botelho

O Sangue (1989), Pedro Costa

O Processo do Rei (1990), João Mário Grilo

A Comédia de Deus (1995), João César Monteiro

Estrangeiros:

Aurora (Sunrise, EUA, 1927), W. F. Murnau

Matou (M, Alemanha, 1931), Fritz Lang

A Janela Indiscreta (Rear Window, EUA, 1954), Alfred Hitchcock

Fúria de Viver (Rebel Without a Cause, EUA, 1955), Nicholas Ray

A Desaparecida (The Searchers, EUA, 1956), John Ford

Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot, EUA, 1959), Billy Wilder

O Acossado (À Bout de Souffle, França, 1960), Jean-Luc Godard

O Charme Discreto da Burguesia (Le Charme Discret de la Bourgeoisie, França, 1972), Luis Buñuel

Amarcord (Amarcord, Itália, 1973), Federico Fellini

O Touro Enraivecido (Raging Bull, EUA, 1980), Martin Scorsese

“A lista estrangeira é propositadamente ‘clássica’, mas podiam perfeitamente ser outros dez ; para ter um critério, evitei (com duas excepções) filmes demasiado ‘antigos’, bem como demasiado ‘modernos’, por motivos diferentes; e não incluí coisas um bocado inclementes para miúdos, os Bressons, os Tarkovskis, enfim, os cineastas de quem eu gosto. A lista portuguesa é mais defensável, em geral bastante óbvia, mas também não escolhi nada dos últimos quase vinte anos.” Pedro Mexia

Rosa Maria Martelo (Professora de Literatura e ensaísta):Portugueses:

Os Verdes Anos (1963), Paulo Rocha

Momentos na Vida de Um Poeta (documentário, 1964), Carlos Calvet

Uma Abelha na Chuva (1972), Fernando Lopes

Amor de Perdição (1979), Manoel de Oliveira

Cerromaior (1981), Luís Filipe Rocha

Recordações da Casa Amarela (1989), João César Monteiro

Vale Abraão (1993), Manoel de Oliveira

Ossos (1997), Pedro Costa

Autografia (documentário, 2004), Miguel Gonçalves Mendes

Filme do Desassossego (2010), João Botelho

Estrangeiros:

Tempos Modernos (Modern Times, EUA, 1936), Charles Chaplin

Ladrões de Bicicletas (Ladri di Biciclette, Itália, 1948), Vittorio De Sica

O Rapaz de Cabelo Verde (The Boy With Green Hair, EUA, 1948), Joseph Losey

A Janela Indiscreta (Rear Window, EUA, 1954), Alfred Hitchcock

Noite e Nevoeiro (Nuit et Brouillard, França, 1955), Alain Resnais

Os Quatrocentos Golpes (Les Quatre Cents Coups, França, 1959), François Truffaut

A Rosa Púrpura do Cairo (The Purple Rose of Cairo, EUA, 1985), Woody Allen

Um Anjo à Minha Mesa (An Angel at My Table, Nova Zelândia, 1990), Jane Campion

Eduardo Mãos de Tesoura (Edward Scissorhands, EUA, 1990), Tim Burton

Rapsódia em Agosto (Hachi-gatsu no kiôshikyoku, Japão, 1991), Akira Kurosawa

“Tendo em conta o contexto pedagógico e a faixa etária a que se destina esta selecção, tentei dar relevo ao valor da memória, por muito que essa memória nos confronte com a barbárie. Não a esquecermos (à barbárie) é a melhor forma de impedirmos que ela regresse. Obviamente, o filme de Kurosawa pode ser visto pelos mais novos, enquanto Noite e Nevoeiro foi escolhido a pensar nos mais velhos. Escolhi também vários filmes que acentuam não só respeito pela diferença, mas também a criatividade que tantas vezes lhe está associada. No caso do cinema português, pareceu-me importante explorar a relação entre o cinema e a literatura, embora esse não seja o único critério. Finalmente, também pensei na necessidade de promover a reflexão sobre o cinema enquanto arte: a janela de Hitchcock ou a porosidade da tela no filme de Woody Allen poderiam ser bons pretextos para isso. Mas há outras possibilidades.” Rosa Maria Martelo