Designer portuguesa cria linha de moda ecológica
Marlene Oliveira recorreu ao microcrédito e criou o seu próprio negócio: uma loja "online" de moda eco-vegan. Estão ali à venda roupas, tecidos e outros produtos ligados à moda sustentável
Marlene Oliveira estagiou num atelier de moda famoso, trabalhou como "freelancer" e acabou por criar o seu próprio emprego. Com uma conta de somar entre o crédito concedido e as suas poupanças pessoais, a designer abriu a sua loja online: Tecidos Ecológicos. Bem-vindos ao mundo da moda eco-vegan.
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Marlene Oliveira estagiou num atelier de moda famoso, trabalhou como "freelancer" e acabou por criar o seu próprio emprego. Com uma conta de somar entre o crédito concedido e as suas poupanças pessoais, a designer abriu a sua loja online: Tecidos Ecológicos. Bem-vindos ao mundo da moda eco-vegan.
Ali vende não só o vestuário que cria — marca Marlene Oliveira — mas também tecidos amigos do ambiente, como o látex natural, algodão biológico e fibras recicladas, e artigos de retrosaria, também ecológica, como fios para tricotar e linhas para costurar. Todos os materiais vêm de fornecedores que garantem uma forma de comércio justo — fair trading — numa abordagem alternativa ao comércio e troca tradicionais.
Um dicionário dir-nos-á que as pessoas que optam por serem vegans, escolhem um estilo de vida que renuncia o consumo de qualquer tipo de produto com origem animal. Esta jovem criadora acrescenta algo a esta definição: “Este amor pela natureza, e consequentemente pela vida, está muito no meu íntimo”.
A designer de 27 anos não seguiu tendências, nem fez uma opção drástica. Explicou ao P3 que desenvolveu sozinha os seus valores. Primeiro tornou-se vegetariana e depois lançou-se na prática de ioga. No decorrer de algo que considera o “aprofundar cada vez mais do que sempre fez parte” de si, conheceu gente que partilhava do estilo de vida que quis adoptar.
Do atelier de Ana Salazar à própria marca
Em 2009, Marlene licenciou-se em Design de Moda e Têxtil, pela Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco. Estagiou no atelier de Ana Salazar e fez ainda alguns trabalhos como "freelancer" para outras marcas. Mas a instabilidade profissional levou-a a recorrer a um apoio financeiro em voga entre os jovens empreendedores: o microcrédito.
Marlene aceita que “a moda está muito ligada ao consumismo e há quem pense que é impossível uni-la a um conceito mais espiritual”, mas para si “a moda é arte” e nela encontra “a sua forma de expressão”. Este seu gosto por criar roupa amiga do ambiente é, portanto, a sua maneira de encontrar um equilíbrio entre o material e o imaterial, garantindo o respeito pela vida.
Questionada sobre o que teria mudado se pudesse voltar atrás, aos tempos em que era acabadinha de sair da faculdade, a estilista respondeu “absolutamente nada, tudo está perfeito!” e o seu negócio está bem e com pernas para (continuar a) andar. Em vista está uma parceria com a Daniela., que também pratica a moda de forma alternativa, reutilizando materiais.
Sem estudos de mercado ou algo parecido, também porque não acredita neles, Marlene seguiu a sua vontade e o seu coração. Além de nos deixar com roupas inspiradas na paisagem — as suas saias têm nomes como “telhado de xisto” ou “tronco de árvore”—, deixa também um conselho: “Deixem a cabecinha de lado e sigam os vossos corações, sempre”.