IndieLisboa: os professores universitários que fazem filmes
"Antero", de José Alberto Pinto, e "From New York With Love", de André Valentim Almeida, são dois dos documentários em competição. IndieLisboa arranca a 25 de Abril
Começa no dia 26 de Abril a 9.ª edição do festival IndieLisboa, que este ano se vai distribuir pela Culturgest, Cinema Londres e Cinema São Jorge. Do programa fazem parte documentários de dois professores da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), que dão aulas no curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto. As obras competem nas secções Cinema Emergente e Competição Nacional.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Começa no dia 26 de Abril a 9.ª edição do festival IndieLisboa, que este ano se vai distribuir pela Culturgest, Cinema Londres e Cinema São Jorge. Do programa fazem parte documentários de dois professores da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), que dão aulas no curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto. As obras competem nas secções Cinema Emergente e Competição Nacional.
Uma delas, "Antero", é um documentário de 18 minutos, que, de acordo com o site do festival, apresenta "várias camadas do Portugal rural sobre um homem chamado Antero". A ideia surgiu numa ida a Paredes de Coura, onde José Alberto Pinto iria dar uma formação. Foram equacionados vários temas para um filme e uma das hipóteses era, precisamente, Antero. Acabaram por escolher outro tema, mas o docente ficou "curioso" ao ver algumas imagens dos trabalhos de Antero — coleccionava objectos considerados lixo, acabando por transformar a sua casa numa instalação.
O processo de filmagem e montagem do documentário decorreu entre 2007 a 2011. "Guardei umas bobines de Super-8 e fui lá filmar e gravar som. Passei dois dias a conversar com ele e, depois, durante um dia, filmei", explica José Alberto Pinto. "Entretanto, os anos passaram e, em 2011, resolvi montar o filme e fui lá fazer mais dois ou três planos das paisagens, com som directo", continua. O áudio foi gravado em formato digital e parte da imagem foi feita em película Super-8.
Antero, que "era mais ou menos conhecido", estava "debilitado" quando José Alberto Pinto regressou a Paredes de Coura, em 2011. As suas coisas, que apareciam no filme, "estavam todas destruídas".
Documentar a adaptação a uma cidade
"No momento em que fui viver para Nova Iorque, e no período de adaptação à cidade, comprei uma 'câmara de turista' com a qual captei imagens do meu dia-a-dia durante alguns meses", conta André Valentim Almeida, que realizou "From New York With Love". Quando sentiu que esse período tinha terminado, escreveu um guião e incorporou imagens de filmes clássicos que se enquadrassem com a sua disposição.
É a primeira nomeação do docente, autor de "Uma na Bravo outra na Ditadura", que confessa sentir-se "grato por viver neste momento tecnológico em que é possível realizar um filme por um custo marginal". Há uma "enorme liberdade" em poder situar-se "fora do sistema de produção tradicional", realça, principalmente no que toca a filmes como o seu, em que a "liberdade faz parte do DNA".
Também José Alberto Pinto destaca que em Portugal já se fizeram e continuam a ser produzidos filmes com poucos meios, mas que é "importante haver subsídios para apoiar a produção" para que "a máquina não pare". Até porque o cinema não se faz só de "trabalho individual". Por outro lado, refere que o cinema português tem as suas particularidades, mas que, ainda assim, "há exemplos recentes de que é possível ter saída em termos de distribuição, público e reconhecimento".
O Indie
A decorrer até 6 de Maio, o Indie Lisboa apresenta, este ano, como habitual, obras de ficção, filmes de animação, experimentais e documentários, com especial enfoque na produção nacional, como se pode observar, por exemplo, pelo programa das LisbonTalks. "Dark Horse", de Todd Solondz, abre o festival; a fechar, são exibidos "Le Skylab", de Julie Delpy, e "Take Shelter", de Jeff Nichols.
Dentro das longas-metragens, um dos destaques vai também para "Em Segunda Mão", filme de Catarina Ruivo, que conta com a interpretação de Pedro Hestnes, actor que faleceu o ano passado. Das 19 "curtas" em competição, há que sublinhar "Kali, Le Petit Vampire", a nova animação de Regina Pessoa, realizadora de "História Trágica com Final Feliz", "Cerro Negro", de João Salaviza, vencedor do Urso de Ouro para melhor curta com "Rafa" (que também será exibida), e "Palácios de Pena", da dupla Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt.