Black & White: preto e branco está a tornar-se moda

Único festival do mundo dedicado a trabalhos a preto e branco de vídeo, fotografia e “áudio” começa quarta-feira, no Porto

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O Black & White, o único festival do mundo dedicado a trabalhos a preto e branco de vídeo, fotografia e “áudio” começa na quarta-feira, no Porto, num momento em que essa estética “está na moda”, admitiu o director do festival.

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O Black & White, o único festival do mundo dedicado a trabalhos a preto e branco de vídeo, fotografia e “áudio” começa na quarta-feira, no Porto, num momento em que essa estética “está na moda”, admitiu o director do festival.

“Não faz sentido que se continue a ter preconceitos em relação a esta estética: o preto e branco não é uma estética do passado, bem pelo contrário, acho que caminhamos a passos largos para que se torne uma moda”, afirmou esta segunda-feira Jaime Neves, o director do Black & White, lembrando que foi um registo assim que ganhou o Óscar para melhor filme e que o grande filme português do momento, “Tabu”, de Miguel Gomes, também assim é.

A 9.ª edição do Festival Audiovisual Black & White, que decorre de quarta-feira a sábado e é organizado pela Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, tem este ano 31 filmes a concurso, provenientes de 14 países, como Alemanha, Irão, Suécia, Canadá ou Coreia do Sul. Concorrem ainda nove séries fotográficas e sete trabalhos de áudio.

Queda da contribuição nacional

Para Jaime Neves, que afirma que cada vez há mais filmes a candidatarem-se ao festival, em termos de competição este “é o ano da Alemanha”, já que das 31 curta-metragens a concurso “11 são alemãs, facto absolutamente incrível”. Em contraste, “a produção em Portugal caiu um bocado, já que este ano só há quatro filmes nacionais”.

“Este é também o ano da ficção, pois, dos 31 filmes, 17 são ficção, sinal de que há gente a escrever histórias”, acrescentou à Lusa Jaime Neves.

O festival admite a concurso curtas-metragens a preto e branco até 20 minutos, séries de fotografia e áudio. As sequências fotográficas, com o mínimo de três imagens e o máximo de seis, devem contar uma história e os fotógrafos estarão no festival no sábado onde, perante o júri e o público, irão explicar o seu trabalho.

Já a ideia de “áudio a preto e branco” funciona como mote para peças sonoras de até dez minutos, que são depois difundidas numa sala às escuras.

“É o grande desafio, como fazer áudio a preto e branco. Temos tido alguns trabalhos muito curiosos, como de um com os sons dos códigos de barras no supermercado, o que nos levava logo a associar à imagem a preto e branco do código, ou um outro que fez reportagem com um padeiro que trabalhava debaixo da lua e de um nadador-salvador que vivia debaixo do sol,” explica Jaime Neves.

O programa do Black & White inclui várias conferências, as “Noites B&W”, com músicos como Nuno Prata e Sofia Lourenço e extensões de outros festivais, como o norte-americano LA Skins Fest, o galego Festival de Cans e o alemão Up & Coming.

A cerimónia de abertura do festival, na quarta-feira (18 Abril), pelas 21:45, será marcada pela estreia europeia de uma peça multimédia intitulada “Journey to the Last Frontier”, um trabalho do músico angolano, compositor e designer de instrumentos Victor Gama, que implicou uma expedição à Antártida.

Jaime Neves lembra que, “sendo um festival que acontece numa universidade, este não é um festival académico, é totalmente aberto ao público” e tem muitas sessões esgotadas para um auditório com 600 lugares.