Destroços do Titanic estão agora protegidos pela UNESCO
Em comunicado, a UNESCO anunciou a novidade, explicando que até aqui não podia proteger os restos submersos do famoso navio, uma vez que a Convenção para a Protecção do Património Cultural Subaquático apenas é aplicada a destroços com mais de cem anos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Em comunicado, a UNESCO anunciou a novidade, explicando que até aqui não podia proteger os restos submersos do famoso navio, uma vez que a Convenção para a Protecção do Património Cultural Subaquático apenas é aplicada a destroços com mais de cem anos.
“Os vestígios do Titanic estão a cerca de quatro mil metros de profundidade ao largo de Terra Nova. O navio naufragado encontra-se em águas internacionais, pelo que nenhum Estado pode reivindicar a jurisdição exclusiva do sítio”, informa o comunicado, lembrando a responsabilidade dos países que assinaram a convenção em proteger aquele património.
“A partir de agora, os estados que fazem parte da convenção poderão impedir a destruição, a pilhagem, a venda e a dispersão dos objectos encontrados no sítio. Podem tomar todas as medidas ao seu alcance para proteger o navio e garantir que os restos mortais serão tratados dignamente”, continua a nota da UNESCO.
A Convenção para a Protecção do Património Cultural Subaquático entrou em vigor em Janeiro de 2009 e já foi assinada por cerca de 41 países.
A directora-geral da UNESCO, Irina Bokova, mostrou-se satisfeita com esta resolução mas lembrou que ainda há muito trabalho a fazer em relação ao património cultural, explicando que todos os anos os navios naufragados são pilhados.
“O naufrágio do Titanic está na memória de toda a humanidade, fico muito contente que o sítio passe a beneficiar da protecção da UNESCO”, disse à AFP Bokova, acrescentando que existem “milhares de navios naufragados e sítios arqueológicos cujo valor cientifico também é preciso proteger”. “Também contêm a memória de tragédias humanas e devem ser tratados com respeito.”
Para a responsável da UNESCO é preciso proteger os tesouros submersos da mesma foram que o património terrestre é protegido.
O navio de luxo, apelidado na altura como o maior de sempre, partiu de Inglaterra no dia 10 de Abril de 1912 com destino aos Estados Unidos. No entanto depois de cinco dias no mar embateu num icebergue, acabando por naufragar. Entre tripulação e passageiros, morreram 1517 pessoas.
Ao longo dos anos foram feitas várias expedições aos destroços do navio, tendo sido recuperados milhares de objectos que contam um pouco da história daquela viagem inaugural.
No ano em que se assinalam os cem anos da tragédia, são várias as iniciativas planeadas. Na próxima semana vão ser leiloadas em Nova Iorque 5500 peças, avaliadas em 189 milhões de dólares (cerca de 146 milhões de euros), recuperadas entre 1987 e 2004 em sete expedições ao fundo do oceano. A colecção terá de ser comprada na sua totalidade, uma vez que a leiloeira nova-iorquina Guernsey Auctioneers não catalogou nenhum objecto individualmente.
Para além do leilão, outras iniciativas marcam a efeméride. Entre viagens que pretendem seguir a rota original do Titanic, até ao regresso aos cinemas do filme de James Cameron, protagonizado por Kate Winslet e Leonardo DiCaprio, agora em 3D.
“Titanic”, que já é considerado um clássico de Hollywood, estreou em 1997 e é, até hoje, o segundo filme com a maior receita de bilheteira (cerca de 872 milhões de euros), número que só foi ultrapassado em 2010 pelo filme “Avatar”, também de James Cameron. O filme foi nomeado para 14 Óscares da Academia, tendo vencido 11 galardões, entre eles o de melhor filme e de melhor realizador.