Porque é que o Pai Natal tentou suicidar-se?
Cláudio Sá demorou duas semanas a conceber a curta-metragem "Ainda, o Natal", Melhor Curtíssima Portuguesa no Festival Monstra. Próximo destino: Cannes
Um minuto de impostos a aumentar, de cortes salariais e de tudo aquilo que nos aborrece (e ao nosso bolso) foi o tempo necessário para que o Pai Natal tentasse o suicídio. Mas não foi por mal porque, afinal, “o Pai Natal não pode morrer”, garantiu Cláudio Sá.
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Um minuto de impostos a aumentar, de cortes salariais e de tudo aquilo que nos aborrece (e ao nosso bolso) foi o tempo necessário para que o Pai Natal tentasse o suicídio. Mas não foi por mal porque, afinal, “o Pai Natal não pode morrer”, garantiu Cláudio Sá.
A curta-metragem “Ainda, o Natal”, deste jovem realizador, arrecadou o Prémio Melhor Animação 2012, no 1 Minute Movie Festival, em Dezembro do ano passado, para o qual foi feita literalmente à medida já que limitou a sua duração e o próprio nome. Agora, voltou a ser premiada este mês, na Monstra – Festival de Animação de Lisboa 2012, como a Melhor Curtíssima Portuguesa (Prémio Carl Zeiss).
Em um minuto cabem outros 21600 minutos. Duas semanas foram o tempo necessário para chegar a este minuto. Na primeira, desenvolveu o conceito e estabeleceu o caminho a seguir; na segunda, passou à acção. Ou melhor, à animação. Para Claúdio Sá este trabalho foi algo "mais casual". "Levei o trabalho de uma maneira mais desportiva”.
Desenhar a lápis num papel e “ fazer as perninhas dele a caminhar e a saltar para os presentes”, foi para Cláudio “um processo muito engraçado”, que acabou quando a animação ficou feita, através de computador.
Porque é que o Pai Natal não morreu? Porque não pode morrer. O jovem realizador animou o que considera ser uma crítica à corrente situação de Portugal, e de todos nós, e que “se ajusta a qualquer época” do ano. Um pequeno trabalho, com uma extensa mensagem, quer passar a ideia de que amor e amizade não podem morrer só porque, para já, não podemos viver como fazíamos em épocas menos conturbadas. Não pode ser pela crise que o espírito de união e partilha imaterial deve sumir-se. É esta a contribuição que dedica a todos nós.
Próximo destino: Cannes
Cláudio adiantou mais novidades. Próximo destino: Cannes. O seu filme de seis minutos, “Lágrimas de um Palhaço”, foi seleccionado para ser exibido no Cannes Court Métrages, na 65.ª edição do Festival. E não se deixa ficar por França. Outro trabalho seu, “O Relógio de Tomás”, segue para Itália, onde foi seleccionado para competir no Video Festival Imperia, em Abril.
Os prémios arrecadados e as selecções para competição a que têm sido sujeitos os seus trabalhos fazem com que o Cláudio sinta a necessidade de “fazer mais e melhor”. Surge então um desejo íntimo de “evoluir”. Este reconhecimento que tem vindo a ser construído desde 2008, ano em que ganhou o seu primeiro prémio, é “uma força extra para continuar”. Agora que o Pai Natal se safou, que mais nos trará aquele que, por bom motivo, ia dando cabo dele?