Não é nenhuma Monstra de sete cabeças
No carro, a caminho do trabalho, um amigo meu ouviu na rádio, no meio de algumas interferências: “Festival Monstra” e “Prémio Vasco Granja”, e “qualquer coisa da Alemanha” e “Bambi”... De 19 a 25 de Março, em vários espaços de Lisboa
Então é disto que não páras de falar? Não é “disto”, Rui. É da Monstra, o festival de uma mulher de peso, desnuda e sem pudores, que gosta de comer gelados e de cinema.
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Então é disto que não páras de falar? Não é “disto”, Rui. É da Monstra, o festival de uma mulher de peso, desnuda e sem pudores, que gosta de comer gelados e de cinema.
Não sei se pelas interferências da rádio, se pelos solavancos de uma duvidosa condução, mas palavras ditas no meio de interferências e duvidosas conduções podem soar a uma “qualquer coisa da Alemanha” e o que é a Monstra fica pouco claro. Mas eu explico.
A Monstra é um festival de animação, perdoem-me, o festival de animação de Lisboa, que nos mostra o que se faz na indústria animada de todo o mundo.
A partir desta segunda-feira e até domingo - de 19 a 25 de Março – a Monstra vai a deambular pela cidade, entre o Cinema São Jorge, o City de Alvalade e a Fundação Calouste Gulbenkian, com um programa XXL debaixo do braço, ou não andasse ela nua. Mostras de cinema, exposições, espectáculos, "workshops" e "masterclasses" que vêm para acabar de vez com as desculpas esfarrapadas do “não sei fazer”. Só não sabe quem não quer e se queres vem à Monstra.
Como em todos os anos há um país convidado, este ano é a Alemanha. Pela sua antiga tradição de filmes de animação, porque todos os anos comemoramos o cinema animado de um país, porque já celebrámos o Reino Unido, a Holanda, a Suiça, porque quisemos e chega.
É isto o “qualquer coisa”. Não é nenhum bicho, para não abandonar a metáfora das sete cabeças, é a Retrospectiva Alemã onde a Monstra vai apresentar uma panorâmica sobre cinema alemão, num programa com mais de 100 filmes, músicas, viagens no tempo ou exibições para os mais novos, com ratos a atravessarem um rio num barco de papel ou um sapo a enamorar-se por um chinelo.
Mas, afinal, o festival acontece em Portugal e o que é nacional é bom, já dizia o outro. E é para se ver, digo eu. Pois então, pela primeira vez a Monstra vai atribuir o prémio SPA/Vasco Granja ao melhor filme de animação português, no rechonchudo valor de cinco mil euros.
Ah! E o Bambi acho que não preciso explicar. Só que vai estar na Monstra, em "repeat", para pais e filhos.
Percebeste, Rui?