Pinterest e o pecado da gula
Ainda desconhecida para muitos, o Pinterest é a rede social do momento, e ao mesmo tempor a mais anti-social que existe
A rede social que começou com o objectivo de expor e dar a conhecer trabalhos a partir de imagens tornou-se num autêntico poço de desejos femininos.
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A rede social que começou com o objectivo de expor e dar a conhecer trabalhos a partir de imagens tornou-se num autêntico poço de desejos femininos.
Ainda desconhecida para muitos, o Pinterest é a rede social do momento e, ao mesmo tempo, a mais anti-social que existe. Os amigos não são amigos, mas sim seguidores e as fotografias não são dos utilizadores; são daquilo que encontram e procuram pela rede e que lhes agrada. E às mulheres agrada muita coisa. A página inicial desta rede social tem todo um quadro repleto de imagens de vestidos, sapatos, penteados, bolos, cãezinhos ou divisões de casa. Todo um desejo feminino, uma espécie de gula por tudo.
O utilizador pode escolher categorias e apenas ver os "pins" que nelas se enquadram. A curiosidade fala mais alto e a "home page" acaba por ser a mais visitada, e aí começa o mundo encantado das mulheres. A cortiça que começou como portfolio é agora uma montra de moda, culinária e decoração. O estilo "vintage" é frequente, os bolos recheados e decorados fazem crescer água na boca de todos. Esta rede social é rica em cor e isso faz com que não se torne maçadora. Até um certo ponto, às vezes, cansa ver tantos vestidos. Ou mesmo os bolos cremosos e coloridos acabam por ser enjoativos.
As mulheres parecem ansiosas por dizer que gostam e querem. Parecem impacientes por uma imagem mais bonita que outra. Fazem “repin” de tudo e mais alguma coisa ao ponto das imagens se repetirem vezes sem conta ao longo do dia. E os homens? Limitam-se a comer com os olhos neste universo feminino, fazendo, de quando em vez, um ou outro "pin" de uma famosa bonita, de um novo "gadget" ou mesmo de um vídeo engraçado. Mas até disso as mulheres gostam. Até isso as mulheres partilham. A gula é tanta que as descrições limitam-se a “quero”, “adoro”, “por favor ofereçam-me”, “tão giro”. Comentários construtivos? Zero.
O certo é que a rede social tem tudo para crescer. Noventa e oito jornais já fazem "pins" das suas primeiras páginas e os artigos das marcas e das empresas começam a marcar pontos no quadro… e a fazer crescer ainda mais gula.